CONCURSO – Decorre actualmente uma competição para escolha do mais horrível cartaz de propaganda política nesta fase do ano eleitoral em curso. A primeira ronda deste concurso encerra no dia das Europeias. PS e PSD estão por enquanto empatados em falta de ideias, originalidade e mau gosto gráfico.
ESCOLHA – A escolha de Paulo Rangel para cabeça de lista ao Parlamento Europeu só pode querer dizer que o PSD resolveu subalternizar a Assembleia da República – na verdade Rangel foi o melhor líder parlamentar do PSD desde há algum tempo e seria natural que ele constituísse um trunfo precioso nas próximas legislativas – até porque, recordemos o assunto, a líder social-democrata não é actualmente deputada e as poucas despesas de oposição feitas pelo PSD têm surgido pela mão de Paulo Rangel, que já é candidato à alcunha de «O Desterrado».
CRISE - De um Banco Central espera-se seriedade . Não se espera que seja nem atacante cego nem defensor cerrado do Governo. Espera-se realismo nas projecções, não se espera que mude de direcção como um catavento. Em apenas seis meses a avaliação do Banco de Portugal à situação da economia portuguesa passou de excelente para perigosa. Em que altura exagerou? Constâncio perde a credibilidade à medida que a crise se instala. Era útil e certamente esclarecedor repescar as suas afirmações desde há um ano atrás.
LER – A mais recente edição da revista «Egoísta» assume a forma de um gigantesco desdobrável – as páginas não se folheiam apenas, estão produzidas por forma a serem um enorme fole desdobrável, quase a pedir para ser esticado numa parede para aí o podermos ver sempre. Feito sob o tema do «Sonho», este número da «Egoísta» é mais um bom desafio a todas as convenções gráficas. Destaque para o portfolio de Anne Leibowitz, para as fotos de Ana Calhau e para os textos de Pedro Mexia e José Fialho Gouveia, que se destacam entre a rotina pouco imaginativa das demais colaborações. Magnífica na forma, a «Egoísta» precisa de encontrar um ponto de equilíbrio no conteúdo, que, infelizmente, muitas vezes não acompanha o delírio e o sonho do seu grafismo.
VER – Abre hoje no Sintra Museu de Arte Moderna uma oportuna exposição dedicada à cerâmica de Rafel Bordalo Pinheiro – cuja fábrica esteve para fechar, e foi comprada pela Visabeira, que pretende recuperá-la – curiosamente uma operação que o Governo apresentou como sendo da sua autoria. Nestes tempos em que tudo serve para fazer propaganda, fica aqui o desejo que esta exposição sirva para publicitar o talento de Bordalo e que contribua para que a obra da fábrica com o seu nome seja mais conhecida e desejada. A exposição tem o título «Da Caricatura À Cerâmica» e pode ser vista até 14 de Junho.
HINO - Chegar ao fim de 30 anos de carreira numa banda de rock é obra séria. Chegar ao fim desses 30 anos e fazer uma canção como «Sem Eira Nem Beira» é ainda mais sério. A canção – agora já muita gente a ouviu – é um manifesto de revolta contra a hipocrisia dos políticos. É inevitável que na actual situação se venha a tornar num hino. Mesmo sem intenção deliberada por parte dos Xutos & Pontapés, esta canção do novo álbum da banda é a maior acção de oposição que Sócrates tem pela frente. A canção é boa, a letra é boa, vai ser um êxito, fala dos tempos que correm – tal e qual o que um tema rock é suposto fazer: mexe com as pessoas - «Senhor Engenheiro/Dê-me um pouco de atenção/…/Não tenho eira nem beira/ Mas ainda consigo ver/Quem anda na roubalheira/…». Para conhecer basta fazer busca pelo nome da canção no YouTube.
OUVIR – A mais recente compilação da série «Red Hot» chama-se «Dark Was The Night», um título baseado num «blues» tradicional de Blind Willie Johnson, aqui interpretado de forma inesperada pelos Kronos Quartet. A compilação tem dois CD’s, o primeiro baseado em versões de tradicionais norte-americanos – outra surpresa é a versão de Antony para «I Was Young When I Left Home», de Bob Dylan.. O segundo disco agrupa exemplos de alguns dos melhores músicos que farão a história do começo deste século XXI – Arcade Fire, Spoon, Sharon Jones ou Beirut. Outros participantes em mais esta colectânea são Feist, The National e My Brightest Diamond, entre outros. As receitas destinam-se à prevenção da SIDA, como em todas as iniciativas «Red Hot». Edição 4AD, graficamente arrebatadora, como sempre – disponível na Amazon.
EQUÍVOCO – O prémio Bes Photo é uma boa ideia em si. A colecção de fotografia do Banco Espírito Santo é uma certeira aposta num meio de expressão que durante muitos anos foi subalternizado. Dito isto, vem a dúvida: a forma como decorre o processo de selecção e, depois, de atribuição de prémio Bes Photo é que já suscita interrogações e, por vezes, perplexidades. O predomínio de uma utilização oportunista da fotografia enquanto muleta para outras expressões plásticas, em detrimento do que lhe é próprio e específico, é o risco que repetidamente se tem corrido - e os resultados deste ano apenas contribuem para agudizar o equívoco. Nunca é boa política que num júri esteja um dos premiados anteriores, nem parece acertado que os nomes que mais seguem a fotografia em Portugal estejam tão ausentes de todo o processo, que privilegia os críticos de artes plásticas generalistas em detrimento de uma abordagem mais especializada. Assim, parece um regresso ao tempo dos jogos florais.
PETISCAR – A Mad Pizza iniciou Actividades no Amoreiras Plaza e ganhou reputação graças às suas pizzas de finíssima e estaladiça massa integral – sim, integral e saborosa. A boa novidade é que já podem ser encomendas numa área de proximidade das Amoreiras (de 2ªa a sábado entre as 12 e as 22h, sábados e domingos apenas entre as 12 e as 15h30) pelo telefone 210503561. Os preços estão entre os 5.50 euros e os 11.50 euros), dependendo dos tamanos e do que se coloca na massa). O ideal é mesmo ir uma vez experimentar ao Amoreiras Plaza e ver todas as alternativas existentes.
BACK TO BASICS – O objectivo do Rock é fazer as pessoas agirem e reagirem – Marilyn Manson