(Publicado no diário Meia Hora de 26 de Maio)
Começou oficialmente esta semana o período de campanha eleitoral para o Parlamento Europeu. É o início de um ciclo de três eleições que se arrastam durante cinco meses e que prometem marcar o dia-a-dia do país. Em cada um dos três actos eleitorais os partidos serão aferidos pelo que têm andado a fazer – o que muito provavelmente penalizará o PS. Há quatro anos atrás Sócrates estava confiante de que conseguiria diminuir o desemprego e resolver alguns problemas estruturais do país. Em vez disso o desemprego cresceu violentamente, a situação económica deteriorou-se muito e as reformas que quis fazer foram perdendo velocidade. A repetição da maioria absoluta parece um objectivo muito difícil de alcançar – até porque o eleitorado parece ter-se cansado do estilo absolutista de Governo que o núcleo duro de Sócrates imprimiu.
Nestas eleições para o Parlamento Europeu uma coisa que me espanta é que ninguém põe em causa a Europa, tal como Bruxelas a desenha actualmente, as vozes contra o Tratado de Lisboa são fracas. O unanimismo na questão europeia, em Portugal, sempre me pareceu interesseiro: ninguém se quer pôr contra a Europa porque os fundos comunitários dão muito jeito – mesmo que a sua execução seja miserável e mesmo que aquilo a que eles obrigam, em termos nacionais, seja um preço muito alto. Eu gostava de ter uma posição anti-europeia ou pelo menos uma forte voz crítica – essa teria o meu voto.
A justiça portuguesa é extraordinária e, infelizmente, caricata: o Tribunal de Faro considerou provadas as agressões a Leonor Cipriano dentro de um edifício da PJ mas nenhum dos agentes envolvidos no caso foi condenado pela prática de tortura, apesar de o Juiz considerar que ela existiu. O polémico ex-inspector Gonçalo Amaral foi condenado por falso depoimento, outro inspector, António Cardoso, foi condenado por falsificação de documento e os outros três membros da PJ presentes no interrogatório , Leonel Marques. Paulo Pereira Cristóvão (o que quer ser dirigente do Sporting…) e Paulo Marques Bom foram – pasme-se - todos absolvidos. Na altura a Judiciária dizia que as marcas no corpo de Leonor Cipriano se deviam a uma queda – agora o Tribunal confirmou tortura, mas afinal todos os envolvidos no caso estão inocentes. Há qualquer coisa nisto tudo que anda muito mal.
O acidente no carrossel em Matosinhos vem chamar a atenção para a necessidade de vistorias e certificações competentes. Quando há um acidente destes ninguém assume culpas de haver fiscalizações mal feitas e licenças emitidas de ânimo leve.