ALMANAQUE – O PS perdeu a maioria absoluta e precisa de fazer coligações; logo no dia a seguir às eleições alguns escritórios de advogados foram objecto de aparatosas buscas televisionadas, relativa à compra de submarinos decidida quando o CDS tinha a pasta da defesa; o CDS é o único partido que em conjunto com o PS asseguraria uma maioria estável; o Presidente da República fez uma esfíngica declaração pública sobre o caso das escutas, que deixou o PS furioso.
MUNDO MEDIÁTICO - também no dia a seguir às eleições a Ongoing adquiriu uma participação importante na Media Capital (TVI) e provavelmente terá que vender a participação que detém na Impresa (SIC). Especula-se que a PT, que não comprou uma participação na Media Capital por ordem governamental, pode agora virar-se para a SIC e fazer parte de toda esta solução de nova paisagem audiovisual. O mundo às vezes é perfeito, nós é que complicamos.
DESAPARECIDOS – O fenómeno eleitoral mais estranho é o desaparecimento virtual da CDU e do Bloco de Esquerda na campanha eleitoral autárquica de Lisboa. O desaparecimento é tão flagrante que até parece que estão a fazer de propósito para não disputarem muitos votos ao PS. Estou bem curioso para ver como isto evolui.
PERGUNTA CURIOSA – Será verdade que António Costa recusou um frente –a- frente na TVI com Pedro Santana Lopes na próxima semana?
BOLSO – Como a crise é o que todos sabemos, a sempre inesperada revista «Egoísta» assumiu a sua quota parte deste momento difícil e fez uma edição especial, de pequeno formato, a que chamou «Crise de Bolso». Aqui está mais um número desta revista que vai ser peça de colecção - até porque, sendo pequena em tamanho, tem artigos com assinaturas de peso: Cavaco Silva, António Barreto, Eduardo Lourenço, Muhammad Yunus. Destaque para as mini-reproduções de pinturas de João Vaz de Carvalho e para as fotografias de Pedro Cláudio. Esta «Crise de Bolso» da «Egoísta» é mesmo deliciosa.
OUVIR – J.J. Cale não lançava um álbum de inéditos desde 2004, de modo que o lançamento, este ano, de «Roll On» é um acontecimento maior para os seguidores deste «bluesman». O novo álbum foi, na realidade, feito a partir de gravações efectuadas em 2003 e a faixa que dá o título ao álbum, «Roll On» é feita em parceria com Eric Clapton, que fez as mais célebres versões de duas canções originais de Cale, «Cocaine» e «After Midnight». Considerado um dos maiores compositores e músicos de blues norte-americanos, J.J. Cale volta a dar neste trabalho uma boa amostra de todas as suas capacidades. Destaque para as faixas «Who Knew», «Former Me», «Down to Memphis», «Old Friend» e, claro, «Roll On» .
VER – O edifício Transboavista (Rua da Boavista 66) continua a ser um dos mais animados e surpreendentes espaços da arte contemporânea em Lisboa. Na nova série de exposições o destaque vai para Rita Soromenho que, na Creamarte, expõe, a partir de um suporte fotográfico, novas formas de encarar naturezas mortas em «Nem Tanto Ao Mar, Nem Tanto À Terra». Na Plataforma Revólver está uma colectiva que junta trabalhos de jovens artistas de várias nacionalidades sob o título «Heimweh- Saudade», uma opção que está ligada ao início da criação de residências com artistas estrangeiros convidados a permanecer e a criar no edifício Boavista durante pequenas temporadas. Finalmente João Gonçalves apresenta na Rock Gallery «Do Subterrâneo Opaco». Todas as exposições estão patentes até 7 de Novembro. Mais detalhes em transboavista-vpf.net.
LER – Quer saber como pode criar e aperfeiçoar uma marca em torno de si próprio? Então leia com muita atenção «The Big Sell», o artigo que Peter York escreveu para a mais recente edição da revista «intelligent life», uma publicação trimestral da «The Economist». York dá alguns conselhos para aumentar a auto-confiança e para aplicar o marketing em proveito da própria imagem das pessoas - «personal branding». Esta é uma daquelas revistas com muito para ler e que vale bem a pena.
PETISCAR – Em Lisboa há vários restaurantes alentejanos, mas o D’Avis é dos mais antigos e mais reputados. Da lista fazem parte migas gatas de bacalhau, cação frito com pimentão, migas no pingo do entrecosto e pezinhos de porco de coentrada, entre várias outras sugestões. A tradição é bem seguida na confecção destas especialidades, a matéria prima é boa, o serviço é esforçado. O preço final é aceitável, a garrafeira é extensa e a casa tem uma daquelas decorações, digamos, very typical. Mas o resultado final num jantar de amigos é muitíssimo superior à média. Rua do Grilo nº96 (ao lado da Igreja do Beato), tel. 218681354
BACK TO BASICS – Uma ideia que não é perigosa não merece ser considerada uma ideia (Oscar Wilde)