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(Publicado no jornal "Metro" de 9 de Fevereiro)
O novo tablet da Apple, o iPad, é mais do que uma novidade tecnológica para maluquinhos da internet – é um novo tipo de aparelho que abre uma nova área de desenvolvimento na indústria de conteúdos. Na realidade o iPad não é um computador - é um centro de entretenimento móvel. Se quiserem uma comparação, o iPad está para o mundo actual como os rádios portáteis a transístores estiveram para o mundo do início dos anos 60. Com o iPad pode transportar-se tudo para todo o lado, desde música e jogos a filmes, passando por livros, jornais e revistas, ou pelo acesso ao email e a visualização de programas de televisão – para já não falar das estações de rádio que habitam a internet. O iPad – e outras máquinas semelhantes que inevitavelmente se lhe seguirão – vai de facto mudar a nossa forma de viver, de nos relacionarmos e de consumir conteúdos. Quando o iPad estiver na sua idade madura, digamos daqui a uns dois anos, meados de 2012, a primeira geração que já cresceu num ambiente digital estará a sair das faculdades e a começar a trabalhar. Pare eles, máquinas como o iPad serão tão familiares como as consolas portáteis de jogos e serão um acessório incontornável no dia-a-dia. Isto coloca um enorme desafio ao nosso país: Portugal é subdesenvolvido em matéria de produção audiovisual e de conteúdos digitais. Isto quer dizer que, a menos que exista uma esforço sério de criar conteúdos audiovisuais de nova geração – jogos, aplicações, micro séries, revistas virtuais – os utilizadores portugueses destas máquinas terão pouca escolha de conteúdos nacionais. Ou seja, o português corre o risco de se extinguir no novo mundo digital. Numa altura em que se discute muito a sobrevivência da nossa língua e a reforma ortográfica vale a pena dizer que tudo isso não servirá para nada se a língua não existir nas plataformas de conteúdos audiovisuais e digitais. Um país que não exista neste domínio será um país esquecido, uma cultura inexistente e uma língua morta.
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