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(Publicado no diário Metro de dia 23 de Março)
Enquanto se lançam primeiras pedras de mais obras, como o novo Museu dos Coches, o Pavilhão de Portugal, na Expo, lá continua vazio – é pena que um edifício feito para albergar exposições permaneça quase votado ao abandono, tornado um espaço de aluguer para eventos. O Museu Colecção Berardo, que podia ter ido para lá, acabou por ficar no CCB, onde aliás está a fazer bom trabalho. A colecção de Moda e design também podia ter ido para lá, mas acabou por ficar na Baixa, nas antigas instalações de um Banco. Quase todos os anos surgem em Lisboa notícias de ampliações ou obras de novos museus – desde o de Arte Contemporânea até um eventual museu da cidade no Terreiro do Paço. Estas obras de recuperação são caríssimas na generalidade dos casos e no entretanto ninguém se lembra de dar uma utilização condigna ao Pavilhão de Portugal. Com uma área de 2000 m2, com infra- estruturas raras em edifícios deste género, com uma pala enorme e impressionante que se tornou entretanto um emblema de Lisboa, o Pavilhão de Portugal projectado por Siza Vieira, é um enorme elefante branco em que ninguém quer tocar.
A razão desta situação de abandono é meramente contabilística – quem ficar com o Pavilhão vai ter que arcar com o valor a que ele está considerado nas contas da Expo, e que não é pequeno – mas a verdade é que há mais de dez anos vários governos e várias presidências da Câmara ainda não foram capazes de encontrar uma solução racional que permita a utilização deste belíssimo edifício para a finalidade – mostrar exposições – para o qual foi pensado e construído. A mim faz-me muita impressão que se projectem tantas obras e que ninguém se lembre de resolver esta questão – em Dezembro a Ministra da Cultura disse que o Pavilhão tinha um destino mas não disse qual e deixou entender que – estranhamente – não seria na área do seu Ministério. E entretanto lá continua desesperantemente vazio, a ser alugado ao dia como um salão de hotel. Este país não se percebe.
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