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MEMÓRIA - Há sete anos, e noutro contexto, escrevi este texto: «Das duas uma: ou isto das escutas se resolve e esclarece ou vai acabar por destruir o próprio processo onde nasceram. Das duas uma: ou o segredo de justiça começa a ser levado a sério, ou da maneira como as coisas estão hoje em dia vai deixar de haver justiça de vez.
Das duas uma: Ou este processo provoca resultados, ou o povo em geral deixa mesmo de acreditar nisto tudo.» - Como me recordaram esta semana tudo isto se mantém terrivelmente actual.
POLÍTICA - A absolvição no chamado processo Parque Mayer de Carmona Rodrigues e de dois dos seus vereadores, Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão, volta a colocar uma questão que merece resposta: pode o sistema judicial ser manobrado para atingir objectivos políticos? Tudo indica que sim e que a queixa então feita por Sá Fernandes ao Ministério Público teve apenas intuitos políticos. A sentença de absolvição afirma ser «impossível de retirar, do comportamento dos arguidos, qualquer responsabilidade criminal». É bom recordar que a suspeição, a acusação pública e depois o processo do Ministério Público foram a causa directa da queda prematura do então Presidente da Câmara e da eleição de António Costa em sua substituição. E já agora é bom recordar que José Sá Fernandes vai somando derrotas nos Tribunais e prejuízos à Cidade – patrimoniais no caso do Túnel do Marquês e políticos neste lamentável incidente de manipulação do sistema judicial.
REALIDADE - A sentença agora proferida tem, ainda, outro aspecto: os juízes chamaram - e bem - a atenção para o facto de ter sido a Assembleia Municipal de Lisboa a aprovar o negócio que levantou suspeição, considerando, preto no branco, que os deputados municipais tinham tido um comportamento pouco responsável. O funcionamento das Assembleias Municipais e a sua constituição são dos aspectos que precisam de ser revistos urgentemente. Tal como estão – e falo do caso de Lisboa, que conheço- as Assembleias Municipais são mini-parlamentos que servem apenas para fazer desfilar mini-vaidades. Os períodos de antes da ordem do dia são ridículos e penosos, o afastamento em relação ao dia a dia da autarquia e da cidade é total e os líderes partidários limitam-se a transformar a Assembleia num palco para a afirmação das posições das respectivas agremiações sem ligação alguma com a realidade. Um estudo sobre a utilidade do tempo dispendido nas assembleias Municipais havia de dar resultados interessantes – nomeadamente na de Lisboa.
SEMANADA –Como bem titulou o diário «Metro», o TGV segue pela via da esquerda, graças ao apoio conjunto do PCP, do BE e do PS a esta obra; O caso do patrocínio do Taguspark a Figo, que coincidiu com o apoio de Figo a Sócrates, e que há um mês todos os envolvidos juravam ser uma coisa trivial, já provocou a queda da maioria dos membros executivos do respectivo Conselho de Administração; No mesmo dia em que se soube que Portugal é considerado dos países mais eficazes a cobrar impostos, foi também noticiado que os conflitos fiscais em tribunal subiram 14% em 2009; A primeira reacção à candidatura de Manuel Alegre veio de Fernando Nobre, que sublinhou o facto de ela ser uma candidatura partidária, com o apoio do Bloco de Esquerda – acusando ainda Alegre de andar a piscar o olho ao PS;
A CITAÇÃO - «Trata-se de ex-Ministros que tiveram o seu tempo» - António Mendonça, Ministro das Obras Públicas, sobre os nove ex-Ministros que vão ao Presidente da República manifestar posição contra os grandes investimentos previstos pelo Governo.
LER – A edição de Maio da «Monocle» é um exemplo do peso crescente do Brasil. Otema de capa é a política externa de Brasília e lá dentro está uma curiosa reportagem sobre o funcionamento do Itamarati e também uma página sobre a influência de Lula . O subtítulo diz tudo – « como o amarelo e verde estão a substituir o vermelho, branco e azul na diplomacia internacional». Outro tema imperdível nesta edição: o que faz o sucesso de um museu? – um belo dossier com uma cuidada análise de algumas das melhores coisas que se fazem por esse mundo fora nesta área e a lista dos museus incontornáveis – onde não consta nenhum português. A directora do Museu de Design da paróquia faria bem em ler todo o dossier e em especial a parte sobre o Museu de Design de Israel. Conhecer o que se passa à nossa volta, nem que seja no Mundo, ajuda-nos a ter perspectiva – a frase também se aplica ao regedor da paróquia lisboeta, António Costa – sobretudo porque lhe fazia bem seguir a série, iniciada nesta edição, sobre os desafios que se colocam às cidades e o futuro do ambiente urbano.
OUVIR – Aqui há semanas um disco intitulado «Muxima», feito a partir de canções do Duo Ouro Negro, despertou-me a curiosidade e fui comprá-lo. Fiquei bastante frustrado quando o ouvi – aquelas canções que eu recordava tinham perdido alma, ritmo e entusiasmo. No entanto reganhei o sorriso quando apareceu uma colectânea, «Perfil», que agrupa as versões originais, pelo Duo Ouro Negro, de 22 dos seus êxitos, como «Eliza», «Maria Rita», «Vou Levar-te Comigo», «Mucxima» ou «Kurikutela». É nas versões originais do Duo Ouro Negro que se percebe o seu talento e a genialidade dos músicos que tocavam com eles quando estas gravações foram feitas, a meio da década de 60.
VER – Eu não gosto particularmente da maneira como foi instalado e vive o Museu de Design – no meio de escombros, com dificuldades de circulação, de acolhimento e de iluminação. Mas a exposição que lá foi inaugurada há dias, sobre a obra do designer português António Garcia, merece ser descoberta. Desde capas para livros a mobiliário, passando por projectos de stands em feiras e logótipos de marcas, António Garcia teve uma actividade riquíssimna e polifacetada que bem merece ser descoberta. Até 4 de Julho, na Rua Augusta 24
VISITAR – É uma pequena exposição – meia dúzia de desenhos cuidados e misteriosos, intrigantes, atraentes. São obras de Teresa Gonçalves Lobo, expostas sob o título «Silêncios» na livraria Babel, Rua da Misericórdia 68 – até 31 de Maio.
ESPLANADA – Nestes dias de sol sabe bem a esplanada «Mensagem», no Altis Belém, perto da Doca do Bom Sucesso Experimentem as várias saladas, aventurem-se no Bife Belém e deixem-se tentar pelo rosé Touriga Franca Vale das Areias. Na sobremesa não se arrependerão se escolherem o milfolhas de framboesa. Reservas pelo telefone 210400208.
BACK TO BASICS – «Cada um é tratado segundo as suas obras» , da Bíblia.
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