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VER – «Desordem Comum» é o bom título da nova exposição de Pedro Calapez, na Galeria Miguel Nabinho, em Campo de Ourique, na Rua Tenente Ferreira Durão 18-B. Até 16 de Novembro podem ser vistos trabalhos recentes e inéditos do autor. Cores luminosas, combinações de formas, por vezes a sugerir meio caminho entre a pintura e a escultura, perspectivas invulgares, sugestões de movimento que nos prendem o olhar. Quadros animados, quase poderia dizer.
OUVIR – Aos 71 anos Mavis Staples conseguiu fazer um dos mais interessantes discos da sua já longa carreira, iniciada nas célebres Staples Sisters que ganharam fama nos anos 50 e 60 com um repertório baseado em gospels. Há três anos Mavis Staples revisitou alguns dos espirituais do tempo das Staple Singers, da época das lutas pelos direitos civis nos Estados Unidos. Agora, neste novo disco, «You Are Not Alone», é acompanhada pelo líder dos Wilco, Jeff Tweedy, que produziu, fez arranjos e ainda compôs dois originais que Mavis aqui canta. Neste CD estão também dois originais do seu pai, Pops Staples , responsável por boa parte dos grandes êxitos das Staple Sisters – nomeadamente o arrebatador «Don’t Knock», que abre o disco. Vários tradicionais e temas de outros autores como Randy Newman ou John Fogerty (ouça-se a interpretação emocionante de «Wrote A Song For Everyone») completam este disco que tem na voz e interpretação de Mavis Staples um excelente contraponto para o tratamento que Jeff Tweedy deu aos arranjos – inventivos, e obviamente com um ar de country contemporâneo. Curioso este cruzamento de talentos entre uma lenda dos espirituais, que chegou a trabalhar com nomes grandes do jazz, da soul e com Prince, com um dos expoentes das bandas rock independentes dos últimos anos, os Wilco. Para se perceber como a voz de Mavis Staples continua em excelente forma basta ouvir «Wonderful Savior», um tema tradicional cantado «a capella» de forma superior.
(CD Anti, via Amazon).
LER – Não sou propriamente um devorador dos chamados romances históricos, mas confesso que me entusiasmei com «The Thousand Autums Of Jacob de Zoet», a mais recente novela de David Mitchell, que conta a história de um jovem funcionário holandês, em busca de fortuna num entreposto comercial estabelecido pelo seu país no Japão, perto de Nagasaki, em 1799. A escrita de Mitchell é, tradicionalmente, um manual de como definir personagens, de como cruzar narrativas. Às vezes Mitchell, um britânico que viveu muitos anos no Japão, é de uma minúcia descritiva – de locais, pessoas, ambientes, tradições ou conversas - que pode parecer exasperante. Mas esta é a técnica que utiliza para – literalmente - nos fazer viver dentro das histórias que inventa. Esta é fantástica e cruza a ganância dos homens com as tradições milenares do Oriente, uma paixão não consumada, a moral da época e formas pouco ortodoxas de compensar a vida monástica. Edição Sceptre, via Amazon.
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