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(Publicado no diário Metro de 1 de Março)
De repente o PS, com ajuda de parte do PSD, começou a falar da necessidade de reorganizar o território. Fala-se em diminuir o número de freguesias, talvez o número de municípios, em iniciar o processo de regionalização e em promover o reordenamento administrativo do território. À primeira vista tudo parece perfeito.
Acontece que, quando ouço falar disto, apetece-me, como dizia o outro, sacar da pistola – a probabilidade de tudo isto só servir para ir ao bolso dos contribuintes ainda mais é elevadíssima, a probabilidade de isto só servir para mais uns jobs for the boys é enorme. Regra geral quando, no contexto do nossos sistema político, se fala de reordenamento administrativo, isso quer dizer fazer uma partilha equilibrada de lugares entre partidos.
Como de boas intenções está o inferno cheio vale a pena ver o que se passou em Lisboa, a nível do projecto de redução das freguesias, cozinhado à socapa pelos líderes das distritais do PS e PSD, dois aparelhistas com anos de experiência de negociatas destas. Guiados pelo desejo de dar um exemplo ao país, fizeram um acordo que tem por base a maximização dos resultados eleitorais de ambos os partidos (desprezando os outros), ignorando qualquer diálogo com os eleitos – nas freguesias ena vereação. Ou seja, o único objectivo foi concertar posições que salvaguarde os dirigentes partidários, passando por cima daqueles que foram escolhidos pelos eleitores.
PS e PSD dizem que o acordo de Lisboa é exemplar – na realidade é um alerta para o que, se puderem, responsáveis partidários do calibre dos que fabricaram o negócio irão fazer pelo resto do país.
É bem verdade que uma reorganização administrativa do território é uma peça importante de modernização – mas era bom que ela fosse feita com base em estudos e decisões de técnicos e de especialistas, e não com base nos objectivos partidários do bloco central – que passam por esvaziar a paisagem à sua volta e partilhar lugares.
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