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Esquina 397 - Jornal de negócios

por falcao, em 25.02.11

ERC – Vai por aí um grande desassossego à volta da designação dos novos membros da ERC, Entidade Reguladora da Comunicação. Eu, por mim, acho muito bem que se faça um balanço, sério, do que se passou neste primeiro mandato desse organismo. Muita coisa correu mal, a ERC agiu muitas vezes de forma desastrada, actuou quando não era necessário e esteve silenciosa quando se justificava fazer-se ouvir. É  legítimo considerar que, em diversas ocasiões, serviu de cobertura política ao Governo e esteve longe de fazer um mandato independente – e este ponto é certamente o mais grave de todos. A falta de independência e a tendência servilista em relação ao poder político derivam da forma da sua designação – por negociata parlamentar. Na altura em que a ERC foi lançada houve quem chamasse a atenção para o monstro que estava ser criado. Pode dizer-se hoje que o monstro foi amamentado a biberon parlamentar, e que está um perfeito monstrinho. Reconheço que há um trabalho de recolha de informação e sistematização de dados que é importante, e que não era feito com a mesma sistematização na anterior Alta Autoridade para a Comunicação Social - mas tenho as maiores dúvidas sobre a forma de regulamentação permitida a esta entidade e sobre a maneira como ela agiu.



Existem outros pontos quentes neste dossier – para além da forma de escolha dos seus membros – e que vão desde as suas competências e esfera de acção até ao próprio sistema de financiamento do organismo, que levantou justificados protestos dos meios. Estas questões, básicas, deviam ser analisadas e corrigidas para o futuro – mas não ouço ninguém a falar delas.


 


E, depois, existe outra questão, mais grave, que tem a ver com a forma como a ERC interferiu no normal desenvolvimento dos meios. O caso da televisão digital terrestre é o mais gritante de todos. É certo que aqui a culpa não é só da ERC, a Anacom também tem um vasto rol de culpas na forma como todo este processo se arrastou até ao ponto, que é o actual, em que a realidade tecnológica ultrapassou as regulamentações e a previsão dos legisladores – sem que até agora tenham aceite fazer as correcções necessárias.


 


Resumindo: os operadores que distribuem televisão por subscrição são hoje capazes de fornecer serviços (alta definição, 3D,  vídeo on demand, etc), para além da própria emissão digital de televisão, que superam em muito o que sobre esta matéria estava previsto no Concurso da TDT. E isto, mesmo sem que já exista fibra óptica em todo o país. Quando existir, com os programas intensivos de cablagem agora em curso, o anacronismo da solução aprovada para a TDT ainda vai ser maior.


 


Portanto temos um paradoxo: as normas da Televisão Digital Terrestre são mais arcaicas que o serviço que os operadores de cabo conseguem já hoje fornecer. Ou alguém pega nisto de forma racional ou então a factura do disparate será enorme. E a ERC que até agora existiu tem uma quota parte razoável deste disparate.


 


ARCO DA VELHA- O estado a que isto chegou: acabaram com os comboios para Beja, mas abriram lá um aeroporto onde quase só as moscas aterram. O progresso do Portugal contemporâneo é assim: quer ir a Beja? – vá de avião, que já pode aterrar.


 


SEMANADA – Francisco Louçã confessou, numa entrevista, que tem «uma paciência evangélica para Sócrates»; Francisco Louçã disse, numa entrevista, que «se o FMI entrar deve haver eleições».; Francisco Louçã considerou, numa entrevista, que «o Governo de Sócrates é o Governo do PSD»; Francisco Louçã afirmou, numa entrevista, que o Bloco de Esquerda «sairá muito reforçado» da moção de censura ao Governo; Francisco Louçã revelou, em entrevista, acreditar que nas recentes eleições presidenciais «grande parte do PS votou em Cavaco»; Francisco Louçã anunciou, em entrevista, «que o BE é hoje diferente do que era».


 


PERGUNTA – Porque é que ninguém no Governo explica como é que a despesa pública subiu 0,9% em Janeiro?


 


LER – Todos os anos a revista norte-americana «Vanity Fair» faz, no mês de Março, uma edição especial alusiva aos Oscares de Hollywood. É, digamos, uma edição clássica, de colecção, para guardar. Na deste ano, que já está à venda em Portugal, há sobejas razões para ir devorando este número. A primeira é a produção fotográfica da capa, fantástica, um tríptico desdobrável com 15 dos novos actores nomeados este ano. Depois, lá dentro uma recolha de alguns dos mais célebres romances entre actores e actrizes, acompanhado por fotografias históricas (como a de Spencer Tracy com Katherine Hepburn). Ainda em matéria fotográfica destaque para um portfolio de mulheres fatais de Hollywood, de Ava Gardner a Marilyn, passando por Kim Basinger e Elisabeth Taylor. E, para completar o ramalhete, uma fabulosa entrevista com Lauren Bacall, em que ela recorda a sua vida com Humprhey Bogart, o seu namoro com Sinatra e a sua vida no cinema. Imperdível.


 


OUVIR – Return To Forever foi um projecto marcante no jazz desenvolvido por Chick Corea e que, entre 1972 e 1977, agrupou e revelou uma série de músicos e foi uma das referências da época do jazz de fusão. Em 2008 Corea decidiu voltar a pôr de pé o conceito, desta vez sob a designação «Forever». Fez uma longa digressão mundial (agora está a começar outra) e em 2009 foi para estúdio gravar versões acústicas baseadas no trabalho desenvolvido na digressão, que incluía clássicos do jazz, um original e temas da fase Return to Forever. Ao seu lado, em estúdio, estavam o baixista Stanley Clarke e o baterista Lenny White. O resultado é surpreendente – temas conhecidos ganham aqui uma nova vida e o equilíbrio, energia e criatividade destes arranjos acústicos é uma boa surpresa. O resultado é o duplo CD «Corea, Clarke & White – FOREVER». O segundo disco é uma surpresa ainda maior e  regista a gravação de um ensaio da digressão, onde também participaram o violinista Jean Luc Ponty, a cantora Chaka Kahn e o guitarrista Bill Connors. Este disco 2 termina com o registo ao vivo do clássico «500 Miles High», no festival de Jazz de Monterey, em 2009. Uma perfeita delícia.


 


VER  – Na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, e até 12 de Junho, está patente a exposição  «My Choice», uma escolha feita pela própria Paula Rego que inclui 120 obras da colecção do British Council, nomeadamente pinturas, gravuras, fotografia e desenho. Esta colecção inclui 8500 obras dos séculos XX e XXI e esta escolha permite ver alguns significativos artistas britânicos pouco conhecidos em Portugal –  além, claro, de proporcionar a oportunidade de ver o célebre «Naked Girl With Egg» de Lucian Freund e a série de dez gravuras de David Hockney para os Contos dos Irmãos Grimm. Esta exposição é acompanhada por uma outra que mostra quadros de Paula Rego feitos à época da sua obra «Proles Wall», de 1984, considerada como um dos pontos de viragem na carreira da artista.


 


PROVAR – Às vezes há quem pense que uma pequena vivenda ao fundo da Avenida de Berna, quase a chegar à Praça de Espanha, não passa de uma casa particular. Na porta está escrito «La Gondola». Na realidade trata-se de uma referência entre os restaurantes de Lisboa, uma casa que mistura algumas incursões pela cozinha italiana com boa cozinha portuguesa. As influências italianas vêm da origem do restaurante, nos anos 30 do século passado, fundado por uma família italiana que pretendia servir a cozinha do seu país aos compatriotas radicados em Lisboa. Hoje a história é diferente e embora existam alguns pratos italianos o essencial passa-se na tradição portuguesa. Quando lá vou o meu petisco favorito é o bacalhau à Braz, que continuo a achar um dos melhores de Lisboa, levíssimo. As alheiras são reputadas e os grelos que, a pedido, podem acompanhar, são elogiados pelo seu sabor. Para os gulosos, a rematar, aconselho uma trouxa de maçã. Resta dizer, nesta semana solarenga, que o La Gondola dispõe de uma esplanada que é dos locais mais parazíveis de Lisboa. Telefone 217 970 426.


 


BACK TO BASICS – O ódio é a vingança do cobarde – Bernard Shaw

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publicado às 10:57



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