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(publicado no diário Metro de 5 de Abril)
Neste fim de semana descobri uma coisa extraordinária: o país chegou ao buraco em que está e a culpa não é de ninguém. Sócrates diz que a culpa é toda da oposição; Guterres quando se pronunciou há dias sobre a situação portuguesa omitiu qualquer responsabilidade no gasto generalizado, que ganhou razoável incremento no seu tempo; Cavaco Silva não quer nem ouvir falar nisso, esquecendo-se quem iniciou o ciclo de aumentos de custos no funcionamento da função pública; Durão Barroso, apesar de ter estado pouco tempo, também faz como se não tivesse sido primeiro-ministro. Este país só tem autores de boas ideias, todos eles aliás tão bons que são sistematicamente exportados para altos cargos internacionais em reconhecimento dos altos feitos praticados.
Nos últimos 15 anos assistimos alegremente a uma espiral de aumento da despesa pública que nos conduziu onde estamos agora. A obsessão pelo contínuo alargamento do Estado Social e pelas grandes obras, e a ilusão do dinheiro fácil e sempre disponível, criou um monstro que imagina auto-estradas paralelas, muitas delas vazias, apenas para alimentar as obras públicas que são a principal fonte de financiamento dos partidos no poder. Vivemos governados por um monstro que criou tantos apoios que acabou por comprometer aqueles que deviam ser básicos: a saúde, a educação, a protecção no desemprego. E vivemos com Governos que, para obterem financiamentos de Bruxelas, aceitaram deixar acabar a agricultura e as pescas e preferiram ver a indústria reduzir-se à expressão mais simples.
E, no entanto, a receita para um bom Governo é simples e Marco Túlio Cícero, um dos grandes filósofos e políticos da Roma antiga, que se distinguiu pelo sua defesa da rectidão nas contas públicas, sintetizou desta forma o que pensava: «As finanças públicas devem ser saudáveis. O orçamento deve ser equilibrado. A dívida pública deve ser reduzida. A arrogância da administração deve ser combatida e controlada. A população deve trabalhar em lugar de viver da ajuda pública».
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