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(Publicado no diário Metro de 7 de Junho)
As eleições de Domingo foram o reflexo de um país cansado de mentiras e promessas vãs – e isso reflectiu-se de duas formas: por um lado pela elevada abstenção; e por outro pela rejeição fortíssima do PS, e de José Sócrates em particular.
Com a derrota do PS fecha-se um ciclo político e nestas alturas é bom fazer um exercício de memória, para que no futuro não esqueçamos o que aconteceu, para além do aumento da dívida, do aumento do desemprego e da crise em que o país foi mergulhado. Alguns lembrar-se-ão que Luis Campos e Cunha, o seu primeiro Ministro das Finanças, avisou bem cedo do rumo que as coisas iriam tomar. Mas o que veio a seguir ultrapassou tudo o que se esperava: utilização da CGD para patrocinar a tomada de poder no BCP e financiar guerras internas de accionistas, tentativas de compra de uma estação de televisão incómoda para o Governo, casos de corrupção uns atrás dos outros. Na noite das eleições uma jornalista corajosa perguntou a Sócrates se ele achava que os processos judiciais, que foram travados enquanto ele foi Primeiro Ministro, iriam agora avançar. Foi uma pergunta oportuna.
Mas há outro episódio que deve ficar para a memória – a queda de Sócrates é também a queda de um processo fabricado por Jorge Sampaio quando era Presidente da República. Na altura em que Durão Barroso partiu para Bruxelas, Sampaio recusou-se a convocar eleições antecipadas, contra a opinião de muita gente, porque sabia que Sócrates e o PS, nessa altura, ainda não estavam preparados para ir a votos. Seis meses depois, com a máquina do PS já a rodar, encontrou um pretexto para derrubar o Governo que ele nomeara e convocou eleições antecipadas. Sócrates chegou a Primeiro Ministro pela mão de Jorge Sampaio, num episódio político nebuloso que objectivamente favoreceu o PS. Por isso também Jorge Sampaio é co-responsável de tudo o que aconteceu e também ele foi um dos grandes derrotados de 5 de Junho.
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