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(Publicado no diário Metro)
Quando se soube quais eram os candidatos à liderança do PS, Francisco Assis e António José Seguro, o Dr. Almeida Santos, um homem de raro sentido de oportunidade, teve esta elucidativa afirmação: «temos que nos governar com aquilo que temos».
Estou em crer que este foi também o pensamento de José Sócrates quando percebeu que a probabilidade de levar uma coça eleitoral era grande.
Sabe-se agora que há uns meses, quando Dilma & Lula estiveram em Portugal estando já as eleições marcadas, convidaram José Sócrates para, quando saísse do Governo, ser um caixeiro viajante dos interesses das grandes empresas brasileiras junto da Comunidade Europeia. Numa dessas empresas já está um ilustre amigo de Sócrates, Armando Vara. O convite de Dilma & Lula, que Sócrates já conhecia quando disse adeus, pode ser uma das razões que o levou a dizer que, a partir desse momento, queria ser feliz.
Por este andar já nem me admirava que recebesse idêntico convite de outro dos seus grandes amigos, o venezuelano Hugo Chavez que também havia de agradecer os bons ofícios de Sócrates. Infelizmente já não deverá receber convite de um outro seu bom amigo, agora um bocadinho em maus lençóis, o líbio Khadafi.
Brincadeiras à parte a saída de Sócrates foi sentida com algum alívio no PS – não se ouviram grandes choros nem lamentações e rapidamente surgiram os candidatos. Têm uma missão difícil – em 2013 há eleições autárquicas, e esse vai ser um teste simultaneamente à nova maioria e ao PS, que terá de tentar recuperar a credibilidade que os devaneios de Sócrates destruíram.
Os próximos tempos vão ser duros e mais uma vez, como é nossa triste sina, o autor da dívida pirou-se quando chegou a altura de pagar a factura. Sócrates partiu dizendo «adoro-vos», mas a herança que ele deixou contraria as suas palavras. Não se faz isto a quem se adora. Razão tinha o cobrador do fraque que andou na campanha atrás de Sócrates – já adivinhava que alguém havia de pagar por ele.
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