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Eu gosto de bicicletas, nada me move contra elas e são uma bela forma de passear, descontrair e fazer exercício físico. Mas as principais cidades portuguesas têm no entanto um incontornável obstáculo à utilização de bicicletas no dia-a-dia: nestas cidades, nomeadamente em Lisboa e no Porto, elas são apenas uma boa opção de transporte quotidiano, nos dias de trabalho, para especialistas em mountain-bike. Querer adoptar, para cidades cheias de subidas e descidas, onde grandes áreas planas são raras, a utilização regular e numericamente significativa de bicicletas é manifestação de falta de realismo.
Vem isto a propósito das célebres ciclovias promovidas em Lisboa pelo vereador Zé que não faz falta. Eu gostava de saber quanto já se gastou nestas ciclovias e gostava de ter um estudo isento sobre a sua utilização. Como se sabe a esmagadora maioria delas está construída em função de actividades de lazer. De um ponto de vista prático, de utilização dia a dia, as ciclovias não levam a lugar algum – e não têm que levar. Junto ao rio e em algumas áreas residenciais podem fazer sentido, mas fora disso compreendem-se mal. Por exemplo, a menos que a ideia seja divulgar as mountain-bikes em Portugal, não se entende a construção de uma ciclovia na íngreme subida pela Marquês da Fronteira acima.
Eu gostava de saber o impacte ambiental da construção destas ciclovias – nos materiais usados para as asfaltar, na maquinaria utilizada, e no caso concreto acima referido, no aumento da emissão de gases de escape nos intermináveis engarrafamentos que durante meses a sua construção implicou.
Em Londres, cidade plana, onde a autarquia implementou um interessante esquema de aluguer de bicicletas ao dia, e que funciona muito bem, não existem ciclovias destas, antes uma faixa de circulação, assinalada por uma linha contínua, junto ao passeio e ao lado do corredor de Bus. Ou seja – soluções práticas e inteligentes, em vez de megalomania, desperdício e falta de realidade.
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