Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
(publicado no diário Metro de 12 de Julho)
Aqui há umas semanas um artigo que escrevi sobre a forma como a utilização de bicicletas em Lisboa é desproporcionalmente protegida gerou alguns protestos, uma boa parte deles em tom de fanatismo fundamentalista. Sendo os fundamentalistas o que são – a começar pelo vereador José que não faz falta – esclareço já que este texto não lhes é dirigido. É dirigido áqueles que na Câmara Municipal de Lisboa ainda tenham algum bom senso.
Nada me move contra a utilização de bicicletas – cada um é livre de pedalar como quiser. O que não me parece muito curial é que pelo facto de pedalar tenham mais direitos que outros.
Peguemos no caso dos peões – aposto que o investimento feito em ciclovias é menor do que aquele feito para melhorar a conservação e segurança dos passeios pedonais. Todos sabemos que a nossa linda calçada lisboeta é tão bonita de ver como incómoda, e por vezes perigosa. Podia falar dos passeios que abatem e fazem covas que são autênticas armadilhas, dos passeios que desnivelam e se tornam escorregas de difícil equilíbrio, podia falar das pessoas que vejo cair porque a calçada é escorregadia e muitas vezes é complicado manter o equilíbrio, sobretudo em ruas inclinadas.
Sobre estes temas não vejo ninguém levantar-se a pedir mais direitos para os peões. Em vez disso constato que há uma nova ciclovia, na Marquês da Fronteira, que vai da zona do El Corte Ingles até ao Palácio da Justiça, que notoriamente tirou espaço ao passeio pedonal e remeteu os peões para um zigue zague entre candeeiros. Essa pista, onde passo quase todos os dias, e bastantes vezes a pé, é na realidade mais usada por pessoas que fazem corrida do que por bicicletas.
Mas quando um ciclista se cruza com um peão numa ciclovia o mais frequente é ouvir, do ciclista, um raspanete, nem sempre muito polido. E já nem falo da forma como circulam, sem cuidado com os peões, como atravessam sinais vermelhos pedalando por cima das passadeiras e ignorando o mundo à sua volta.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.