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Quando não chove, as ruas de Lisboa cheiram mal; em paradoxo, às primeiras chuvas, começam as inundações. Há muito tempo que a cidade não era tão maltratada no dia-a-dia como desde que António Costa se tornou Presidente da Câmara. Neste Outono quente, antes de chegarem as chuvas, havia ruas pestilentas, passeios sujos, detritos por todo o lado. Percebeu-se agora que as sarjetas, mais uma vez, não foram mantidas limpas.
Graças à forma como está organizada a recolha selectiva de lixo, há contentores cheios, dias seguidos, a exalar maus cheiros e muitas vezes a derramar lixo. A Câmara Municipal trata Lisboa seguindo aquele velho truque dos meninos rabinos que não gostam de lavar as mãos: para quê lavar as ruas se elas se sujam a seguir? Tudo isto penaliza quem vive em Lisboa. Penaliza quem cá fica depois das sete da noite, quem persiste em viver numa cidade que se desabita ao fim de cada dia de trabalho.
Numa das noites quentes da semana passada, quem passeasse no Chiado via as esplanadas cheias – de estrangeiros. Mal se ouvia português. É claro que isto é simpático – embora as ruas estivessem sujas e alguns dos turistas comentassem isso. O que me custa é ver tão poucos lisboetas na rua a aproveitar o que a cidade lhes podia oferecer. À medida que a cidade se foi desertificando o comércio de rua foi fechando portas cada vez mais cedo – sem clientes, para quê estar aberto? O investimento e o trabalho de base para garantir conforto, limpeza e segurança foi sendo substituído por ciclovias, hortas e outras obras do regime. O essencial foi-se desleixando.
Cuidar de uma Câmara Municipal exige que se goste da cidade, exige que se goste dos seus habitantes. O Presidente de qualquer Câmara Municipal não pode olhar para os cidadãos apenas como eleitores – tem que os olhar como clientes, que efectivamente pagam, nos impostos e nas taxas, um serviço que, infelizmente, muitas vezes não lhes é dado. Suspeito que António Costa não gosta de servir clientes, prefere manipular eleitores. (Publicado no diário Metro)
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