Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Se é utilizador de transportes públicos, provavelmente as greves recentes afectaram o seu conforto e prejudicaram o seu trabalho. Também se sente afectado pelas medidas de austeridade, e agora está na dúvida entre as medidas e os protestos contra essas medidas. Provavelmente já percebeu que a vida de todos nós está a mudar e que muito pouca coisa continuará como dantes.
Usando uma expressão popular, acabaram os anos das vacas gordas - só que essas vacas engordaram à custa de uma ilusão, de empréstimos atrás de empréstimos, para pagar despesas que nunca deviam ter sido criadas, encargos absurdos.
Os transportes públicos – comboios, metro, autocarros, estão todos numa situação próxima da falência. Se nada for feito o risco é que eles deixem de poder funcionar ou que funcionem em moldes muito mais reduzidos.
Os sindicatos também têm uma quota de responsabilidade na situação criada – aqui, como noutros sectores da esfera pública, reivindicaram remunerações, prémios, bonificações e subsídios que tornaram os custos de pessoal num pesadelo – nalgumas empresas de transportes, e nalgumas categorias profissionais operacionais, existe um prémio por comparecer ao trabalho, para além da remuneração normal. Além de poder ter havido má gestão, houve também uma total falta de noção da realidade. A recusa da realidade tem custos e são eles que aí estão agora, a pôr em causa um sistema e a comodidade dos passageiros.
Durante anos o Estado recusou-se a encarar o facto de os preços dos bilhetes e dos passes estar desactualizado face ao aumento dos custos de pessoal, de combustível e de exploração das redes existentes. Os prejuízos acumulados criaram esta situação insustentável. Uma parte dos impostos de todos é consumida a subsidiar estas empresas de transportes, que mesmo assim foram acumulando elevados prejuízos. Não é preciso ser vidente para perceber que as coisas não podem continuar assim. Os tempos mudaram e todos temos que nos adaptar a eles.
(Publicado no jornal Metro de hoje)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.