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No sábado passado resolvi aproveitar a manhã para ir fazer algumas compras em lojas de rua, no comércio tradicional. Quando ía a chegar, um carro que estava estacionado, saíu. Aproveitei e estacionei. Um pouco à frente estava um carro em dupla fila e um pouco atrás estava outro, em cima do passeio. A zona onde parei, Avenida António Augusto de Aguiar, tinha parquímetros e eu não tinha moedas. Ao lado havia um café e eu, pobre ingénuo, pensei assim: tomo um café, compro o jornal, fico com trocos e já cá venho. Ainda olhei à volta a ver se via algum EMEL, para o avisar, mas nada. Estacionei em cima das 11h00. Demorei no máximo dez minutos a tomar o café. Quando cheguei tinha um aviso no carro, com indicação de que era das 11h05. Não havia rasto de nenhum agente da EMEL. Presumo que estivesse emboscado antes, à espreita, e que depois tivesse zarpado, muito contente com o seu feito. O carro em dupla fila continuava no mesmo sítio e em cima do passeio estava o outro. Nenhum deles tinha multa nem aviso da EMEL.
Dei comigo a pensar que é assim que se dá cabo de uma cidade. António Costa prometeu há uns anos acabar com os carros em segunda fila. Como todos sabemos a segunda fila tem crescido ao mesmo ritmo do aumento de poderes da EMEL e da sua intransigente perseguição aos lisboetas.
Depois do incidente de sábado dei comigo a pensar nisto: o racional da EMEL é evitar que entrem tantos veículos para estacionar em Lisboa. Ora, ao sábado de manhã, a entrada de carros na cidade é muito diminuta quando comparada com os outros dias. E é legítimo pensar que a maioria dos carros que circulam ao sábado de manhã na cidade são de residentes. Por isso acho que seria uma medida positiva para o comércio de rua da cidade que ao sábado não se pagasse estacionamento – até porque é mais barato estacionar no parque de um centro comercial que na rua. Ao perseguir e punir munícipes ao sábado de manhã a EMEL acaba por ser inimiga do comércio tradicional e beneficiar os centros comerciais e as grandes superfícies. É Esta a cidade que queremos?
(Publicado no diário Metro de 29 de Novembro)
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