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A manobra das fontes cavaquistas apareceu como? Quem ficou a ganhar com as notícias? - essa é a melhor forma de procurar a sua autoria. Deixou de se falar da insensibilidade social de Cavaco, não foi?- Aqui fica o meu artigo no Metro de hoje.
Os meus estimados leitores terão talvez reparado que em dois dias seguidos, no Sábado e depois no Domingo, dois jornais faziam manchete de notícias que anunciavam divergências entre Cavaco Silva e o Governo, a propósito de políticas sociais. No Sábado o “Expresso” titulava «Cavaco Contra Estado Mínimo de Passos Coelho». E no Domingo o “Público” escrevia «Cavaquistas querem que Vitor Gaspar saia».
O “Expresso” dizia que existe uma divisão profunda entre São Bento e Belém, em temas como cortes na despesa sobretudo em áreas como a Função Pública e a Saúde. O “Público” anunciava que cavaquistas consideram o Ministro das Finanças, Vitor Gaspar, como um ultraliberal que estaria a destruir o modelo económico e social construído desde 1974.
Se lerem com atenção as notícias publicadas pelos dois jornais repararão que elas reproduzem rumores e não têm uma única citação nova, identificada, que corrobore os respectivos títulos.
Durante a semana passada Cavaco Silva foi criticado pela forma como falou dos seus rendimentos e despesas pessoais, transmitindo a imagem de um homem insensível às dificuldades de muitas pessoas no actual clima de austeridade. O seu comportamento levantou um coro de protestos.
Os seus conselheiros acharam que era preciso “tirar as castanhas do lume”.
Ora, que fazer quando alguém se colocou na berlinda? A resposta é velha como o mundo – atira-se outro para o mesmo lugar, para se deixar de falar de nós e criar um ruído maior do que aquele que nos atinge.
Esta manobra de diversão, com rumores e sem fontes, reverteu o argumento da insensibilidade social para cima do Governo, colocando Cavaco como o paladino das boas causas. Mas só acredita nisto quem quer, é claro.
(Publicado no diário Metro de 31 de Janeiro)
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