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Uma nova greve geral – a segunda no espaço de quatro meses – está anunciada para a próxima quinta-feira. Não ponho obviamente em causa o direito à greve – mas acho que vale a pena refletir sobre o significado de duas greves gerais tão próximas uma da outra. Desde 25 de Abril de 1974 até 24 de Novembro do ano passado só tinham sido realizadas em Portugal seis greves gerais. E, de repente, surgem duas assim de enfiada.
Se em Novembro passado a UGT e a CGTP conseguiram atuar em conjunto, já se sabe que na próxima quinta-feira a UGT não quis associar-se à convocação de uma greve geral que aliás não tem objetivos definidos e que surge como mais um protesto contra as medidas de austeridade que fazem parte do acordo com a troika. A greve geral tem sempre um duplo efeito – diminuir a retribuição dos que nela participarem e agravar as contas do país, que já estão numa situação que dispensaria iniciativas destas.
Banalizar a greve geral é um caminho que leva à descredibilização das formas de reivindicação – veja-se o que tem acontecido na Grécia onde as greves se sucederam , banalizando-se e não conseguindo qualquer espécie de efeito prático.
Mas o pior de tudo é a ausência de objetivos específicos e concretos – assim a greve é uma ação essencialmente de propaganda – neste caso de afirmação da linha da nova direção da CGTP - cujo efeito prático na resolução dos problemas será impossível de medir. Os sindicatos que aderirem à greve brandirão números, esquecendo-se que uma greve destas interferirá diretamente no exercício da opção de ir trabalhar daqueles que precisam dos transportes públicos. É bem possível que estejamos perante o condicionamento de uma maioria por uma minoria.
(Publicado no Metro de 20 de Março)
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