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Parece que uma colher de pau e um tacho são a nova guitarra elétrica. Quando se quer fama, é mais fácil obtê-la ao pé de um fogão do que numa banda rock ou num filme. As novas estrelas da televisão são cozinheiros. Fazem programas sobre eles próprios, sobre os sítios onde vão, concursos que vitimizam desgraçados que também querem ser estrelas. Em geral têm lindas caras, são elegantes, sem aquela barriguinha nascida à volta da bancada da cozinha. Por este andar qualquer dia os paizinhos vão mandar os filhos para cursos de cozinha em vez de os atolarem em lições de piano.
Os cozinheiros que se transformaram em estrelas são o pilar de uma área do entretenimento televisivo que se está a tornar das mais apetecidas no mundo inteiro – de «Master Chef» a «Hell’s Kitchen», passando por canais como «The Food Network». Cozinhar tornou-se numa moda – um maná para concursos e programas de receitas.
Há uma outra categoria – a dos que fazem viagens e vão provando petiscos. Na semana passada a estreia, nos Estados Unidos, do programa de Anthony Bourdain dedicado a Lisboa teve o curioso efeito de colocar os discos dos portugueses Dead Combo no top dos downloads do iTunes. A razão é simples – o «No Reservations» sobre Lisboa tinha banda sonora do grupo e até incluía uma curta conversa com os músicos. Foi o suficiente para os americanos comprarem downloads dos discos – uma prova de que a TV ainda influencia muitos comportamentos e é um grande veículo comercial. O programa, que só será estreado na Europa daqui a algum tempo, já tem sido sobejamente visto no YouTube – o que coloca por sua vez a questão de evidenciar que os programas de televisão são vistos com cada vez maior frequência fora dos ecrãs de TV e nos ecrãs de tablets ou de computadores.
(Publicado na edição de hoje do diário Metro)
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