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AUDIOVISUAL – Eu, sobre a proposta de Lei do Cinema e Audiovisual, tenho duas certezas: beneficia a produção de filmes em detrimento da produção de audiovisual (o que não é simpático em termos de emprego nem de investimento reprodutivo); e os custos suplementares que existem serão mais uma vez pagos pelos cidadãos, em cima de quem se reflectirão os aumentos de taxas e contribuições decretados a operadores e distribuidores de televisão e a anunciantes. Nada disto é novo no sistema legislativo do regime: pagam os mesmos, a despesa não diminui – aqui até talvez aumente. Eu não alinho no embandeirar em arco do sector do cinema – que é cronicamente deficitário e vive de subsídios, com um numero reduzido de espectadores, a fazer filmes para jogos florais chamados festivais onde muita coisa é combinada antes. Quero chamar a atenção para o facto de não ter lido em nenhum lado da proposta a indexação de subsídios a receitas de bilheteira (e outras) obtidas anteriormente pelo produtor ou realizador, e também de não ter encontrado referência a reembolso parcial do subsídio em função das receitas diversas obtidas. Ou seja, é um sistema de subsídio a fundo perdido que não beneficia quem tem bons resultados de bilheteira nem penaliza quem não consegue estabelecer comunicação com os públicos do cinema. Tudo isto me parece muito estranho tanto quanto se sabe que o filme português mais visto este ano “Florbela”, fez 40.000 espectadores e o décimo fez 1.150. Tudo isto é pois bastante ridículo quando pensamos que estamos a falar de subsidiar a fundo perdido e sem regras que beneficiem a capacidade de comunicação. Não entendo isto, não entendo porque é que 80% das receitas vão para financiar nestes moldes desregulados o cinema e apenas 20% vão para o audiovisual, que cria mais emprego, proporciona mais o desenvolvimento técnico e criativo e comunica melhor. Na realidade esta nova proposta de Lei do Cinema é um retrocesso de quase três décadas.
PORTAGENS – Na semana passada fiz cerca de 100 kms da A1 e paguei um pouco mais de seis euros. Entrei na A23, onde fiz cerca de 70 kms e paguei mais de sete euros. Alguma coisa não está bem na cabeça de quem fez estas contas, de quem estabeleceu estes preços. Passo pelas portagens electrónicas e tenho a sensação que estou num jogo disparatado de preços arbitrários. O km percorrido nestas estradas de duas faixas é mais caro que o das auto-estradas de três. Não percebo porquê. Um amigo meu, alemão, que vive nos Estados Unidos há décadas, não acredita no que vê – ter que ir aos CTT pagar e na complicação que para um estrangeiro é conseguir circular de automóvel em Portugal. Não é preciso viver nos Estados Unidos. Os espanhóis aqui ao lado também não compreendem e no Algarve os portugueses não percebem porque para ir de Vila Real a Lagos têm que pagar cerca de 11 euros. Eu sou a favor do princípio do utilizador pagador, mas recuso-me a aceitar que isso seja equiparado a roubo oficial, que é o que está a acontecer. Os resultados, na diminuição de trânsito e de receitas, estão à vista. O Ministério das Finanças está a cobrar menos em todas as áreas, a abusar mais dos seus poderes, a intimidar mais os contribuintes e a provocar maiores quebras na actividade de quem produz. Eu começo a achar que o problema não está no Ministro da Economia, está sim no Ministro das Finanças – ele é que está de facto a destruir o país – e não a salvá-lo como se quer fazer crer.
SEMANADA – O número de empresas que fechou portas no distrito de Viana do Castelo aumentou 65% no espaço de um ano; antigas SCUT perderam quase metade do tráfego desde que têm portagens; China já é o décimo maior importador de produtos portugueses; Sacoor abriu a 11ª loja na Ásia; mais de 25% das leis orgânicas do Governo estão ainda por publicar; em Abril os bancos cortaram em 25% a concessão de crédito a empresas e famílias face ao mês anterior; em Abril o crédito malparado agravou-se em 747 milhões em relação ao mês anterior; a dívida total dos cinco partidos com assento parlamentar atingiu em 2011 mais de 24,4 milhões de euros, o partido que maior prejuízo registou no ano passado foi o P e o que mais lucro obteve foi o PSD; ouvido no Parlamento, Vítor Constâncio recusou qualquer responsabilidade do Banco de Portugal, a que presidia na altura, nas falhas de supervisão que permitiram ao BPN chegar onde chegou.
ARCO DA VELHA – Seis subconcessões de estradas foram renegociadas no Governo de Sócrates e provocaram desvios confirmados de 705 milhões de euros nas parcerias público-privadas rodoviárias mas os seus responsáveis estão sujeitos a uma multa máxima de 15 mil euros.
VER – Quem puder ir a Madrid por estes dias tem sobejos motivos de contentamento. No Museu Thyssen Bornemisza, até 16 de Setembro, está uma exposição que reúne um conjunto de obras de Edward Hopper verdadeiramente impressionante e que coloca em contraste os primeiros anos da sua carreira, até meados da década 20 do século passado, com a sua obra mais conhecida. Ali perto, no Museu do Prado, inaugurou uma exposição que, também até 16 de Setembro, mostra os trabalhos realizados pelo grande pintor Rafael na última fase da sua vida, a maioria já em Roma, onde morreu com apenas 37 anos em 1520. Mas como se isto não chegasse, e até 14 de Julho, Madrid acolhe a PhotoEspaña, que reúne80 exposições que mostram o trabalho de 315 autores – de Avedon a Capa, passando por Warhol e, curiosamente, o street photographer que assina como The Sartorialist.
OUVIR – Neil Young decidiu voltar a reunir os músicos dos Crazy Horse, a sua banda de eleição, e pegou em clássicos do cancioneiro popular dos Estados Unidos para fazer o seu 34º álbum de estúdio. Desde 2003 que os Crazy Horse não se juntavam a Neil Young, que já vai com 66 anos. As criticas que tenho lido por aí são bastante diversas mas quando ouço o disco só me apetece dizer que Neil Young tem um talento e uma criatividade que às vezes compensam pequenas falhas. As suas interpretações de temas como “This Land Is Your Land”” Get A Job”, “Clementine” ou “Oh Susannah” mostram que existe uma grande diferença entre interpretar , recriar ou imitar – e isso é uma coisa que nos tempos que correm se vai esquecendo , quando os imitadores são muitas vezes mais elogiados que os criadores.
FOLHEAR – Quem tem iPad pode fazer gratuitamente o download da edição número 1 da revista Wired, datada de Janeiro de 1993, quase há 20 anos. Eu comecei a apanhar e devorar a revista aí por volta de 1995/96 e desde então ela faz parte das minhas leituras favoritas. Louis Rossetto, o fundador da revista, escrevia nesse número inaugural : “Porquê a Wired? – Porque a revolução digital está a tomar conta das nossas vidas como um tufão, porque numa época em que há uma avalanche de informação o luxo mais importante é descobrir o significado e o contexto das coisas, ou de outra forma, se o que procura é a alma da nossa nova sociedade numa matamorfose selvagem, o nosso conselho é simples: siga-nos na Wired.” Percorrer os artigos desta edição é uma delícia, e faz-nos exercitar a memória para nos lembrarmos como, do ponto de vista tecnológico, em 1993, as coisas eram tão diferentes que hoje parecem atrasadas. Não certamente por acaso o título da “Wired” deste m~es é “How To Be A Geek Dad” – pois, os geeks já têm filhos e isso é que mostra como o mundo vai mudar ainda mais depressa.
GOSTO – Da maneira como Varela entrou, virou o jogo, rematou e no fim foi modesto.
NÃO GOSTO – Da maneira como Ronaldo se arma em campeão e depois tem falhanços sucessivos e ainda por cima atira com desculpas de mau pagador.
BACK TO BASICS – Exactamente porque as coisas são o que são, elas não permanecerão como estão – Bertolt Brecht
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