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O mundo agora anda muito depressa. Tudo muda mais rápido que há uns anos. Vou dar um exemplo: no passado dia 5 de Outubro o Presidente da República tinha duas preocupações: fazer as celebrações da implantação da República à porta fechada; e evitar falar da situação do país. Escolheu falar da educação, louvando as suas qualidades. Fugiu assim de temas mais abrangentes e prementes, como a austeridade e os impostos.
No entanto, apenas poucos dias depois, de repente, no fim-de-semana passado, resolveu colocar no seu Facebook, o local onde passou a fazer as declarações verdadeiramente importantes, uma crítica à forma como a austeridade e a política fiscal do Governo têm sido conduzidas.
Sabendo-se que Jorge Sampaio ía falar do assunto numa entrevista à SIC Notícias, onde iria abordar o tema da austeridade e dos impostos, restam duas possibilidades: ou combinaram ambos ter um discurso sincronizado, ou Cavaco – que já tinha ouvido palavras críticas em relação à situação, vindas de Ramalho Eanes e Mário Soares – resolveu alinhar no discurso para não estragar a festa – e para não parecer ser o único que não entendia a gravidade da situação.
Este modernismo facebookiano de Cavaco Silva é coisa recente – por exemplo no tempo que que tolerou que Sócrates fizesse as malfeitorias que se conhecem, nunca o Presidente da República deu pública nota de estar atento e vigilante. É certo que nessa época estava mais preocupado em não fazer nada que pudesse prejudicar a sua reeleição.
Aqueles que se habituaram à velocidade de resposta e evolução na internet e nas redes sociais olham com desconfiança para políticos que não reagem e – como Edson Athayde fazia bem notar esta semana – não entendem ciclos de tempo tão longos como legislaturas de quatro anos. Dá que pensar.
(Publicado no Metro de 16 de Outubro)
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