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Nunca hei-de perceber bem a história do aeroporto de Beja – inaugurado há cerca de um ano e meio, e que basicamente tem estado vazio – cerca de centena e meia de voos registados nesse tempo e cerca de 2000 passageiros no total. O aeroporto custou mais de 35 milhões de euros, dispõe de todas as infra-estruturas necessárias, acontece é que não tem procura. Entre Julho a Setembro deste ano nem um só passageiro lá desembarcou.
É para mim um mistério porque é que alguém se lembrou de construir tal coisa no meio de Beja, zona que, para além de ter certamente muitos encantos, não é propriamente um destino turístico procurados por palettes ou resmas de estrangeiros, de qualquer nacionalidade. As estimativas que basearam a decisão da construção apontavam para um milhão de passageiros nos primeiros 4 anos de funcionamento.Quer-me parecer que alguém se enganou de forma muito grosseira para legitimar a decisão da construção, tomada no primeiro governo de Sócrates.
Claro que nestas coisas alguém ganha – quem fez o estudo ganhou alguma coisa, os construtores deverão também ter ganho alguma coisa, quem vendeu equipamentos também terá tido o seu lucro (e nem quero pensar que quem tomou a decisão possa ter tido também uns incentivos…) – mas na realidade todos nós contribuintes só temos prejuízo a registar.
Para todos os efeitos Beja é um aeroporto com muito poucos aviões – ou pelo menos tem sido. Digo isto porque um dos planos para rentabilizar o aeroporto passa por o transformar numa estrutura destinada a desmantelamento e reciclagem de aeronaves em fim de vida. Dito por outras palavras, um aeroporto moderno, construído e equipado para receber turistas, vai ser utilizado como central de sucata – sucata sofisticada, mas sucata à mesma. Não me parece nada normal.
(Publicado no Metro de 20 de Novembro)
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