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Este Natal não posso deixar de pensar em quem nos trouxe até aqui – nos políticos, que, por boas ou más intenções, embarcaram na desgraça do Euro e da Comunidade Europeia, que desmantelaram a nossa indústria, a nossa agricultura e as nossas pescas, comprometeram o futuro a troco de subsídios de Bruxelas e do seu quinhão na partilha do poder. Olho para os últimos 20 anos e tenho a sensação de olhar para uma farsa, para uma espiral de demência, em que os políticos se entretiveram a brincar.
Olho para trás e vejo como a justiça não melhorou, como a nossa sociedade se continua a basear em atropelos, atrasos, julgamentos na praça pública, fugas de informação e toda a espécie de desmandos – onde se pretende fazer justiça pouco mais existe que um arremedo. Olho para o aparelho judicial e não acredito nele – do Ministério Público aos juízes. Em Portugal a justiça é uma estado de espírito mas nunca chega a ser uma realidade – e este é bem capaz de ser o maior dos problemas que temos para conseguir mudar o funcionamento do país. Ninguém é responsabilizado, só os fracos são punidos.
Olho para estes partidos que existem e vejo como estão fechados em si mesmos, mais interessados no seus próprios aparelhos do que em delinear medidas, reformas, soluções. A política deixou de ser um fim nobre e passou apenas para um jogo, tipo monopólio, onde se repartem fatias do país.
Eleição após eleição assisto a programas e promessas que são imediatamente deitadas para o lixo e contrariadas mal se conhecem os resultados e os novos inquilinos chegam ao poder. Em cada eleição deteriora-se a forma como os cidadãos são tratados, aumenta o engano e aumenta o peso do Estado. Tudo o resto diminui. O país tornou-se numa calculadora que só tem uma função ativa: a subtração.
(Publicado no diário Metro de 18 de Dezembro)
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