Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Poucas alturas do ano têm tantas mensagens como esta. O Natal, o novo ano e até o Dia de Reis (pelas Janeiras), são pretexto para declarações diversas. Nas últimas semanas assistimos a um verdadeiro ping-pong de palavras entre o Presidente da República, o Primeiro Ministro, o líder da oposição e até alguns ministros e secretários de Estado. O tema andou sempre entre o Orçamento de Estado, o futuro próximo, o prazo de permanência da troika e todo o pano de fundo que conhecemos – privatizações, as novas nacionalizações, a falta de rumo e a incógnita cada vez maior que nos cerca.
Não quero parecer pessimista, mas por estes dias, cada vez que ouvia um dos nossos distintos políticos a falar, só me lembrava de uma canção dos Talking Heads, chamada “Road To Nowhere” e que rezava assim:
“They can tell you what to do
But they’ll make a fool of you
And it’s all right baby, baby it’s allright
We’re on a road to nowhere.”
O problema é este mesmo: é raro o dia em que não sentimos que o caminho que está a ser trilhado não tem direcção nem destino e é muitas vezes contraditório.
Por exemplo, percebo o que leva o Governo a prestar apoio a Bancos – mas são de qualquer forma um apoio a empresas privadas. E choca-me que ao mesmo tempo que apoia umas empresas privadas, dificulte tanto a vida a tantas outras – em tantos sectores. Às vezes, para apoiar tantos sectores produtivos, e geradores de emprego e de actividade, nem era preciso financiá-los, como à Banca – bastava que o seu dia a dia fiscal fosse mais leve, que existissem incentivos em vez de constrangimentos, que o Estado fosse menos tirânico.
Este país está a viver a dois pesos e a duas medidas. E é esse o caminho seguro para um beco sem saída.
(Publicado no diário Metro de 8 de Janeiro)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.