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O Governo anda há 18 meses a desbaratar tempo. Em vez de ter logo começado, em Junho de 2011, a trabalhar na reforma do Estado, foi deixando sempre isso para segundo plano; preferiu ir aumentando os impostos, com os resultados que se conhecem, e que não são bons – nem mesmo a nível da receita fiscal, que não é a esperada.
Pelo caminho dificultou a vida às pequenas empresas – muitas tiveram que fechar, outras vêem-se aflitas para conseguirem cumprir tudo o que lhes é obrigado. Pelo meio encerram estabelecimentos, cria-se mais desemprego, numa cascata que agrava a situação económica em que vivemos.
O Governo, em vez de ir analisando onde e como cortar no Estado, deixou o assunto para o fim. Não negociou cortes de boa fé com os parceiros sociais, habituou-se a anunciar medidas pela comunicação social, em vez de as debater e consensualizar primeiro. Para os devidos efeitos práticos é como se agisse segundo o princípio do “Quero, posso e mando”, sem atender às consequências dos seus atos.
O triste espetáculo da semana passada, em que os ministros se contradisseram sobre o relatório do FMI, e a forma como finalmente foi apresentado, são fatais. Se quisessem boicotar qualquer mudança séria do Estado, não fariam melhor.
A reforma do Estado tem que se fazer. Tem que perder peso, regimes de exceção e ganhar racionalidade. Não vale a pena querer negá-lo, como faz o PS; nem vale a pena querer faze-lo de qualquer maneira, como o Governo tem evidenciado. Cada vez mais se percebe que lidar com a realidade é um problema para o Governo, mas também para o PS - por razões distintas, mas o resultado é o mesmo.
(Publicado no diário Metro de 15 de Janeiro)
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