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TIROTEIO - Ouvi dizer que o PSD está no Governo, mas há dias em que, quando abro os jornais, acho que estará na oposição- todas as semanas há um novo episódio daquela fantástica história “Eu gosto de dar tiros nos pés”. A coisa é de tal forma que já existem guionistas e produtores a prepararem uma série de ficção para o serviço público com o título “Sapatos furados deixam entrar água”. Por causa disso mesmo um dos pontos fortes da reindustrialização, ultimamente muito acarinhada, é a construção de uma fábrica de sapatos à prova de bala. Os primeiros protótipos estão já em ensaio na Presidência do Conselho de Ministros e no Ministério das Finanças. Estes sapatos blindados serão distribuídos a membros do governo, seus assessores de comunicação, líderes da oposição, deputados e membros seleccionados dos gabinetes governamentais e de algumas autarquias - António Costa já manifestou também intenção em oferecer um par ao vereador Nunes da Silva e consta que antes de ir para o Largo do Rato enviará uns ao seu amigo José Lello (que aliás já tinha pedido uns para António José Seguro). Os sapatos saídos desta nova indústria serão também resistentes ao efeito de ricochete ocorrido esta semana na conferência do silêncio, perdão, “Pensar o Futuro”. Existirão vários modelos destes sapatos à prova de bala, para homem e senhora. Está em estudo também um modelo de sapatos de corrida, blindados, que será oferecido a José Sócrates no seu próximo período de férias escolares em Portugal, e o modelo de havainas com blindagem transparente, para os políticos que gostam do verão brasileiro, também deverá ser disponibilizado em breve.
SEMANADA - O Banco de Portugal previu o desaparecimento de 88.500 postos de trabalho este ano; há 34 mil pedidos de reforma pendentes na Função Pública, dos quais 25 mil são de reformas antecipadas; um inquérito recente mostra que 49% dos portugueses não conseguem poupar para a reforma; no quarto trimestre de 2012 a economia alemã registou uma contracção de 0,5% devido ao abrandamento considerável na actividade económica dos parceiros europeus; as salas de cinema portuguesas perderam 8% de receitas em 2012 e registaram menos 12,3% de espectadores que no ano anterior; os novos escalões do IRS provocam diminuição dos rendimentos a perto de 300.000 lares; o Primeiro Ministro prometeu um “alívio fiscal permanente” na mesma semana em que foram publicadas as tabelas de retenção do IRS, com os maiores valores de sempre; 10,5% dos portugueses têm falta de interesse sexual, sendo o grupo etário mais afectado o dos 30 aos 39 anos (mais de 24%), e o cansaço e o stress são as principais causas apontadas.
ARCO DA VELHA - Em Lisboa há cada vez mais lugares vagos no estacionamento mas o Presidente da Câmara conseguiu observar que existem mais viaturas em circulação - que devem andar em movimento contínuo e nunca estacionam, provavelmente com medo das tarifas da EMEL.
VER - Enquanto não começa o novo ciclo de exposições, dedico-me a ver fotografia num dos melhores sítios que conheço para o efeito. Chama-se ASX e pode ser localizado em www.americansuburbx.com. Aí pode encontrar uma diversidade de notícias, portfolios e ensaios sobre fotógrafos e a fotografia. Há uma e-newsletter diária, que recebo há uns meses, cuja visualização é sempre um dos pontos altos do meu dia. A diversidade de material disponível é impressionante, e vai desde obras recentes de Eggleston até revisitaçlões de trabalhos de Nan Goldin ou de Ralph Eugene Meatyard. Cá pelo burgo tenho curiosidade em ver as “Casas Vazias”, de Filipe Condado, que inaugura no fim do mês na Sala do Veado (rua da Escola Politécnica) e cujas amostras já publicadas no Facebook são muito curiosas. E, já agora, a curiosidade também existe em relação à exposição “O Rio É Uma Festa”, do fotógrafo brasileiro José Medeiros, que abre por estes dias no espaço BES Arte & Finança, no maltratado Marquês do Pombal.
PROVAR - Hoje vou falar de um restaurante de que gostava muito, o Gemelli, por cima do Mercado de S. bento, frente à Assembleia da República. Pois o Gemelli fechou portas e o seu proprietário, o chef Augusto Gemelli, explicou Domingo passado no Facebook as razões que o levaram a fechar aquele que para mim era o melhor restaurante italiano da cidade, a milhas de todos os outros. Ficam aqui as suas palavras, que eu tomo a liberdade de dedicar aos deputados, que no palacete frente ao local do restaurante, consentem este estado de coisas. “Sem querer alegar desculpas, quero só dizer que a pressão exercida desde o ano 2008 sobre a indústria da restauração e o mundo do turismo no geral chegou a um ponto limite insuportável e o reflexo disto é a autêntica razia que está a levar ao encerramento de tantos restaurantes de bom nível, em todo o país. Nós também temos as nossas culpas e sem dúvida fizemos alguns erros de gestão, mas em situações complicadas, às vezes é difícil tomar a decisão certa. Quando o negócio começou a entrar em crise, nunca fiquei à espera passivamente e sempre tentei modificar a minha proposta como restaurante com o objetivo de continuar a dar-vos a melhor qualidade possível, mas agora que já não consigo fazer isto mais, tomei a decisão de fechar as portas.”
OUVIR - Maria Rita anda há uma década a construir uma carreira graças ao seu talento - mesmo que a semelhança das vozes evoque sempre a sua mãe, Elis Regina. Ao fim destes dez anos, Maria Rita resolveu dar o passo que faltava - perder o medo de cantar as canções que tornaram célebre Elis. Para isso montou um espectáculo, “Redescobrir”, que fez digressão no Brasil, foi gravado e depois editado em duplo CD, com 28 temas clássicos (existe também um DVD). O jornal brasileiro “Globo” fez a descrição exacta deste “Redescobrir” : “Elis está sempre com ela, no seu timbre, nos arranjos e interpretações que, a despeito de serem efectivamente novos, remetem às gravações clássicas da mãe. Há um desejo consciente de humildade e de adequação ao projeto-tributo, mas que tira um tanto das possibilidades artísticas do show.”.
FOLHEAR - Como é costume a “Monocle” fez uma edição especial em meados de Dezembro, em formato de jornal, dedicada ao inverno. Este ano tive a bela surpresa de receber uma assinatura da revista como prenda de Natal, e isso é a garantia de que aqui continuarei a falar de uma publicação que me fascina desde o início, faz em Fevereiro sete anos. A revista de Tyler Brulé dedica uma atenção especial à evolução das tendências de vida e tem um fascínio pelas cidades, mas também pela manutenção das tradições. Nesta edição especial “Monocle-Alpine” há um artigo que eu verdadeiramente gostava que fosse lido por alguns dos obreiros das nossas desgraças económicas. O artigo fala da recuperação da Islândia, depois do colapso de 2008, uma recuperação baseada em pequenos negócios focados nas comunidades onde estão inseridos, recuperando postos de trabalho e dinamizando a economia. A revista tem feito reportagens regulares sobre a evolução da Islândia depois do colapso dos seus três maiores bancos, e tem seguido algumas pessoas que têm tentado dar a volta à vida. Uma delas, de que esta reportagem fala, era concessionário de boas marcas automóveis até 2008, ano em que o seu negócio se tornou redundante; depois dedicou-se a uma pequena empresa de serviços na área do turismo, que acabou por se especializar no apoio à produção audiovisual internacional, que, graças aos incentivos fiscais, está a ir para a ilha. De concessionário falido até interlocutor de Ridley Scott, como foi o caso recente, vai um belo passo. A reportagem tem outros bons exemplos de pessoas que mudaram de vida e criaram coisas novas - como um arquitecto que agora se dedica a vender bicicletas que ele próprio transforma e personaliza. Sem financiamentos do Estado mas com uma fiscalidade que ajuda quem começa um negócio.
PERGUNTINHA - Costa vai ficar a inventar mais rotundas ou segue direito para o Largo do Rato?
GOSTO - De ser rectificado o trânsito na faixa central da Avenida, voltando ao que era antes do caos Costista;
NÃO GOSTO - Da persistente teimosia do caos Costista nas rotundas do Marquês;
BACK TO BASICS - “Aqueles que não se conseguem disciplinar a si próprios,
depressa encontrarão alguém que o faça por eles.” - Friedrich Nietzsche
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