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As próximas autárquicas podem ser um momento de viragem no regime de monopólio que os partidos têm exercido sobre a atividade política. Abundam os sinais de que os eleitores estão cada vez mais descontentes com um regime que vive de promessas, as quais depois não são cumpridas, sem qualquer consequência para quem as deixou cair uma vez obtidos os votos.
Para ultrapassar a boa intenção da Lei que estabelecia limites ao prolongamento de mandatos de autarcas, os partidos transformaram-se em placas giratórias de conveniência, que transportam os candidatos daqui para ali, apenas para os manterem no poder e satisfazerem os aparelhos partidários.
A possibilidade de, no Porto, surgir um candidato independente, que se sobrepõe às lógicas partidárias e se pode dispor a enfrentar os aparelhos partidários, apoiado por figuras de referência, é um sinal do mal-estar que começa a grassar entre muita gente.
Digo sem problemas que, neste momento, em Lisboa, não tenho em quem votar. Se surgisse algum candidato independente com um discurso de ruptura com os interesses instalados e que pensasse no desenvolvimento da cidade e do seu bem estar, não hesitaria em lhe dar o meu apoio. Um candidato que não fosse politicamente correcto mas tivesse a coragem de melhorar a cidade teria o meu voto.
Não me apetece votar numa eleição que está condenada a ser uma peça da disputa nacional e interna dos partidos, com dois candidatos que encaram a cidade como um meio e não um fim - António Costa no PS e Fernando Seara no PSD e PP. Os lisboetas merecem melhor que isto.
(Publicado no diário METRO de dia 5 de Janeiro)
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