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Quando olho para a actividade do principal partido do Governo e para a do principal partido da oposição tenho a estranha sensação que os respectivos líderes se esqueceram de que o seu trabalho devia ser desenvolver políticas e discutir política. Em vez disso vou assistindo a umas discussões, muitas vezes bizantinas, um a dizer que tem de se fazer, o outro a dizer que não se pode fazer. Estes dois líderes são hábeis na resposta, prolixos na guerrinha de soundbytes, mas muito fraquinhos na construção de políticas – o que, necessariamente passa pela construção de acordos e de pontes. Fico com a sensação que os dois, Passos e Seguro, preferem a intriga palaciana para a manutenção do poder ao exercício de facto da acção política, no sentido da resolução dos problemas e da construção de soluções.
É desesperante ver como estes políticos dos dois maiores partidos preferem escudar-se atrás de receitas, do que pensarem um pouco na realidade e construírem propostas objectivas a partir de dados objectivos. O desfasamento que ambos mostram frente à realidade das pessoas e do país é confrangedor – um porque acha que a solução está em evitar a mudança, o outro porque segue instruções para uma mudança tão rápida e tão grande que qualquer dia acaba com as pessoas. A actividade política é suposta evitar situações destas, não é suposta proteger experiências ditadas sabe-se lá de onde. Por estes dias Rui Zink postou no Facebook uma frase que resume na perfeição a situação que vivemos: “Povo, à beira-mar plantado, e bem amestrado, aluga-se para experiências científicas. Sigilo assegurado.”
(Publicado no diário Metro de 28 de Maio)
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