Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Estamos, como país, a apertar o cinto de uma maneira terrível – melhor dizendo, os cidadãos apertam o cinto muito para além do que há dois ou três ano imaginaram que iria suceder; mas isto não impede que a dívida portuguesa continue a aumentar, que o Estado continue a gastar mais do que devia e que a nossa situação geral não esteja a melhorar – na realidade alguns indicadores mostram que está a piorar. As sucessivas previsões de receita fiscal revelam-se enormes falhanços, porque o consumo é cada vez menor, porque há menos empregados a contribuir, porque há mais empresas a falir.
Ao mesmo tempo que a receita fiscal desce, os custos com o desemprego sobem – uma coisa é consequência da outra. A economia portuguesa, destruída de forma metódica – na pesca, na agricultura e na indústria - graças a incentivos europeus ao longo dos últimos 25 anos, continua a ser o sector mais subalternizado pela acção governativa. O nosso sistema fiscal é uma roleta russa – e os investidores que criam emprego e riqueza geralmente não são fãs de encostar uma pistola à cabeça. A nossa taxa de IRC é por si só um obstáculo à captação de investimento, por mais esforços de diplomacia económica que existam.
O Governo diz que quer captar investimento, mas as medidas que toma são marginais e não atacam o fundo do problema: um sistema fiscal com valores nada competitivos em termos europeus , um sistema fiscal que muda todos os seis meses e que não garante a estabilidade mínima que os investidores procuram, uma justiça lentíssima que é também um obstáculo à actividade das empresas – por si só estes três pontos constituem o maior e mais grave factor de perca de competitividade da economia portuguesa – e são todos da exclusiva responsabilidade do Estado.
(Publicado na edição de dia 4 de Junho do diário METRO)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.