Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ouvi dizer que o Presidente da República está muito preocupado com o futuro e com o que o país deve fazer no pós-troika. Mas a verdade é que no seu discurso do 10 de Junho só o ouvi falar sobre o passado, como Portugal era maravilhoso e se transformou de forma tão inexcedível quando ele foi Primeiro-Ministro. Foi um discurso cínico, cruel. a justificar opções passadas que, em muito, nos conduziram onde estamos. Foi o elogio disfarçado e hipócrita de uma época em que Cavaco Silva optou pelo betão, pelo princípio do desvario nas obras públicas e se esqueceu de criar bases sustentadas de desenvolvimento. Cavaco, Primeiro-Ministro, entregou o país ao eixo franco-alemão que nos inundou de fundos para pagar o que nos roubava na agricultura e nas pescas. É de um cruel cinismo falar como ele falou. Se existiam dúvidas de que Portugal não merece ter um Presidente da República como ele, desvaneceram-se com o que Cavaco Silva disse neste 10 de Junho.
Quando daqui a uns anos se fizer a história verdadeira - não o embuste habilidoso dos discursos do 10 de Junho - ver-se-à quão nefastas foram as escolhas e opções estratégicas de Cavaco na governação e como foram perniciosas as suas opções no desencadear e evoluir dos momentos críticos da crise - desde Sócrates até agora. Nessa altura poder-se-à perceber como os milhões que a Europa pagou a Portugal se destinaram apenas a iludir e distrair o pagode com estradas, enquanto uns quantos as construíam e outros íam fazendo negociatas à conta dos lugares que tinham ocupado na política. O maior legado de Cavaco, de que ele não fala, é o rol de casos pouco claros que envolvem gente da sua entourage e que continuam a ser o exemplo do pior que o regime tem para mostrar.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.