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Este romance dos candidatos autárquicos salta-pocinhas, que se apresentam como autarcas profissionais e querem passar de uma Câmara para outra independentemente do número de mandatos que levam no cartório, é um dos mais tristes episódios do nosso sistema político.
Mas não é só a situação em si que é caricata – quando o problema começou a surgir, aqui há uns meses, a Assembleia da República tinha tido oportunidade e tempo de corrigir ou esclarecer aquilo que houvesse a fazer em matéria legislativa, o que teria evitado o lavar de roupa suja entre tribunais e candidatos a que temos assistido. Deve aliás sublinhar-se que as maiores culpas de não se ter esclarecido esta situação no local competente, que era o Parlamento, vieram do PSD e do PS, que na altura sacudiram a água do capote e não quiseram pronunciar-se. O PS, previdentemente, tem evitado apresentar candidatos salta-pocinhas mas o PSD não resistiu e, portanto, está cheio de problemas ainda por cima nas duas Câmaras politicamente mais significativas – Lisboa e Porto.
Eu, por princípio, sou contra a perpetuação de responsáveis de cargos políticos nos mesmos cargos e por isso até achei razoável que houvesse um limite de três mandatos. Acho uma cobardia política que, na altura devida, os deputados tenham fugido a pôr esta situação em pratos limpos – tanto mais que deixaram campo aberto para o que agora está a acontecer: face à mesma situação, vários tribunais decidem de maneira diferente e, nuns casos autorizam a candidatura de quem já tem três mandatos, noutros, não. Tudo isto contribui para desacreditar a política e os políticos, para confundir os eleitores – com eleições já marcadas não se saberá, de certeza certa, quem serão os candidatos em várias autarquias. Um triste espectáculo.
(Publicado no diário Metro de 25 de Junho)
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