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O discurso do Presidente da República do passado Domingo baseou-se em traduzir o discurso anterior que, nas singelas palavras de alguns observadores, lançou o caos na situação política. Do que percebi, o Presidente acha que fala claro, que não faz confusões nem complica, e sublinhou que, se não o percebem, a culpa não é dele, que, por acaso, só tem boas ideias e as melhores intenções. Clinicamente, como se classifica quem confunde a realidade com os seus desejos?
A coisa não está fácil para Portugal. A revista “The Economist”, na sua mais recente edição, escreve que “o Presidente Aníbal Cavaco Silva interveio de forma inepta para pedir aos dois partidos da coligação e aos socialistas de centro-esquerda, para forjarem um pacto de salvação nacional”. Para que não surgissem dúvidas fui ao dicionário ver o que queria dizer “inepto”. Aí está: “Que significa ou demonstra ausência de inteligência: argumento inepto - sem coerência; que não possui ou faz sentido; confuso.” Fiquei esclarecido, afinal a dificuldade de compreensão não é só minha.
Aquilo que vejo é que andámos duas semanas a perder tempo, numa tentativa de acordo que, como era expectável, trouxe os históricos do PS à ribalta, dando~lhes palco e a possibilidade de transmitirem instruções claras, ao mesmo tempo que se evidenciou que António José Seguro tem, no interior e no exterior do seu partido, o carisma de um caracol.
Se há coisa que saíu desta crise é que António Costa está agora mais próximo de ser o futuro líder do Partido Socialista. Quem, nas autárquicas, vota em Lisboa pode ir contando que Costa muito provavelmente não cumprirá o próximo mandato camarário - portanto quem nele votar irá desperdiçar o voto porque não o irá ver por muito tempo na Praça do Município.
(Publicado no diário Metro de 23 de Julho)
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