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Hesitei muito em escrever esta coluna sobre este tema – a autêntica novela protagonizada por Manuel Maria Carrilho. Não gosto de falar da vida das outras pessoas e creio que cada um tem direito a viver como quer, desde que não prejudique os outros. Fui ensinado a ter sempre presente que a liberdade de cada um de nós acaba onde começa a liberdade do próximo. Mas, quando são as pessoas envolvidas que se colocam a posar para fotografias, a fazer relatos e se desdobram em entrevistas sobre questões da sua vida pessoal e familiar, então essas pessoas optam por deixar de ter privacidade e perdem o respeito por tudo – por si próprias em primeiro lugar e pelos outros, que lhe são próximos, e que assim envolvem no turbilhão que desencadeiam à sua volta.
Não vou falar de culpas nem de averiguações, que não me interessam especialmente – apenas de uma evidência que nos últimos dias tem sido incontornável. Basta passar por uma banca de jornais para perceber que Carrilho todos os dias adiciona um novo episódio à narrativa que começou a construir para se colocar no papel de vítima. Não faço ideia se ele é vítima de alguma coisa – mas tenho a certeza absoluta que é pelo menos culpado de se expor, de expor os seus filhos e a mulher com quem tem vivido de uma forma que é, no mínimo, brutal. Não sou dado a moralismos, mas choca-me como pode alguém tão friamente maltratar em público uma pessoa com quem manteve uma relação e de quem tem filhos. O que se passa não abona a favor do carácter do sujeito.
Quando um filósofo decide fazer na praça pública um reality show mais sórdido e cruel que aquele que foi imaginado por qualquer estação de televisão estamos conversados. Como vão os alunos olhar para este Professor?
(Publicado no diário METRO de 29 de Outubro)
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