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Começar o dia com um mail das Finanças, enviado às seis e meia da manhã, com o título “Pague as suas dívidas fiscais sem juros nem custas e com redução de coimas” é mesmo uma coisa desnecessária. Todo o palavreado do email está escrito como se o cidadão fosse devedor de alguma coisa, insinua penalidades e trata-o como se de facto tivesse dívidas. Eu sabia que não tinha dívidas, mas fiquei receoso de algum lapso e fui ver – e de facto não existe, da minha parte, nenhuma dívida ao fisco. Mas mesmo assim o fisco trata-me como se eu fosse um bandido. Pois eu acho que quem comete o crime de falsa acusação é que age como um bandido. O email que recebi – e que com certeza milhares de contribuintes receberam - não vem assinado por ninguém, apenas por um anónimo cargo de Chefe dos Serviços de Finanças. Se quiser responsabilizar alguém pelos incómodos que me causou, quem nomeio? Será legal ameaçar um contribuinte de forma anónima?
Eu acho esta forma de tratar as pessoas um abuso. Um enorme abuso. Pago os meus impostos – que não são pequenos - e vi todos eles, sem excepção, aumentarem. Não sinto que o Estado esteja melhor. Se pago mais e o Estado não está melhor, é ele que me é devedor, não sou eu.
O modo como as Finanças agem através da Autoridade Tributária faz lembrar aqueles polícias de trânsito que numa recta no meio de Alentejo se escondiam atrás de um chaparro a ver se alguém excedia a velocidade num sítio onde o limite era anormalmente baixo. É tudo feito às escondidas, para penalizar o cidadão e não para melhorar o funcionamento das coisas. O país vive de autoridades que ameaçam mais do que deviam e que fazem do abuso o seu modo de vida. Aos políticos interessa este estado de coisas – aumentar os impostos é a única medida que sabem implementar.
(publicado no Metro de 12 de Novembro)
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