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Constato que foi criado um partido cuja linha programática principal é fazer eleger Rui Tavares para o Parlamento Europeu. Explico melhor – ele já é eurodeputado, mas foi eleito pelo Bloco de Esquerda, de onde saíu há uns meses. Não encontrando quem lhe agrade para se incluir nas listas, para as próximas eleições, resolveu criar um partido. Arranjou outros dissidentes, como Joana Amaral Dias e uns ex-simpatizantes, como José Sá Fernandes, e resolveram montar uma organizaçãozinha que lhes dê voz – melhor dizendo, que lhes proporcione um palco.
Sabe-se pela voz do seu promotor que o novo partido irá posicionar-se a meio da esquerda. Não sei bem o que isto será – se entre o PS e o PC, se entre o PC e o Bloco, se num qualquer ponto geométrico improvável que agora não distingo. Tudo parece demasiado plástico – por exemplo os quatro pontos que o norteiam são a liberdade, a esquerda, a Europa e a ecologia. Acho curioso querer conciliar a europa com a liberdade, olho para as palavras e parece-me um cocktail de circunstância feito num panelão onde irão caindo trânsfugas mais interessados num poiso que numa ideia. A ver vamos o que isto dá – se é que vai dar alguma coisa.
Decidiram chamar “Livre” ao novo partido e escolheram para símbolo uma papoila. Infelizmente a beleza da papoila é efémera – assim como a sua vida – é das flores que mais rapidamente fenece. Quando olho para o que vejo escrito sobre este partido, sobre o que o seu principal promotor diz, não lhe entendo o sentido, nem o objectivo. Será como a papoila,que aparece e desaparece num instante? Olho para a operação montada e parece-me ter sido feita de trás para a frente. Sabe-se nome e símbolo mas não se percebe para quê, nem o quê, nem como. Está o fato pronto, mas ainda não se sabe quem o vai vestir. É o típico caso de colocar o carro á frente dos bois.
(Publicado na edição de dia 19 de Novembro do jornal Metro)
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