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A COISA NÃO ESTÁ FÁCIL

por falcao, em 22.11.24

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COISAS DO MANICÓMIO - O julgamento do ex-primeiro-ministro José Sócrates continua sem data para arrancar, quase 10 meses após a pronúncia decidida pela Relação de Lisboa e dez anos depois de ter sido detido. A Operação Marquês deixou de ser considerada urgente e os juízes têm demorado vários meses a apreciar simples reclamações de arguidos. Vários crimes estão em risco de prescrição, como as próprias desembargadoras que retiraram a urgência reconhecem. Talvez com falta de coisas mais urgentes para fazer, como por exemplo dinamizar a reforma da justiça e do Código de Processo Penal, a Assembleia da República está preocupada com o vestuário dos deputados. O dirigente socialista e vice-presidente da Assembleia da República, Marcos Perestrello, manifestou a intenção de regulamentar a indumentária dos deputados para evitar que surjam mensagens políticas em t shirts e outras peças de vestuário ou que sejam utilizados adereços que amplifiquem a transmissão de posições sobre temas em debate. A posição surgiu na sequência da intenção de criar regulamentação sobre a utilização, por parte dos cidadãos que assistem às sessões nas galerias, de fardas profissionais como no caso de bombeiros ou polícias. Para terminar em beleza uma notícia que relata a versatilidade de um magistrado: em Braga um procurador do Ministério Público decidiu acompanhar uma operação policial da GNR e  atingiu a tiro um homem durante o assalto a uma ourivesaria. O homem está internado em estado grave no hospital de Viana do Castelo com dois tiros no corpo e o procurador é agora visado num inquérito crime que vai apurar as circunstâncias que o levaram, não só a participar numa operação  policial, como a utilizar e disparar uma arma de defesa pessoal. Nota final: o magistrado, que é também socorrista dos Bombeiros, prestou os primeiros socorros ao homem que ele próprio tinha baleado.

 

SEMANADA - Num estudo coordenado pela Universidade de Évora em sete universidades de sete países europeus - Espanha, França, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Suécia - Portugal é o país onde mais estudantes relatam ter sofrido  assédio sexual (3,9%) na universidade e o segundo país quando se trata do assédio moral/bullying (14,3%), ultrapassado apenas pela Roménia (15%); a esmagadora maioria dos hospitais do SNS considera as rupturas de medicamentos um problema grave e quase metade (48%) admitem que estas falhas ocorrem diariamente; nos últimos 50 anos. 75.151 pessoas perderam a vida nas estradas nacionais e  dois milhões ficaram feridas; entre 2011 e 2024 o efectivo militar português caíu 33,44% e só este ano, até setembro, entre entradas e saídas, Exército, Marinha e Força Aérea já perderam 345 militares; as várias polícias portuguesas registaram em 2023 371 mil crimes, um aumento de 8% em relação ao ano anterior ; um em cada três incêndios que este ano deflagraram em Portugal foi ateado de forma intencional e criminosa; segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, entre Janeiro e 15 de Outubro, registaram-se 6229 incêndios rurais no País, dos quais 35 por cento tiveram como causas motivações criminais; a segunda causa mais comum (30 por cento) tem a ver com o uso do fogo em queimas e queimadas que se descontrolaram e originaram incêndios; entre 15 e 20 de Setembro registaram-se os 19 maiores incêndios do ano, que destruíram 120 mil hectares de área, provocando nove mortos e 150 feridos; na terceira semana de Setembro, que registou o pico de incêndios deste ano, a Polícia Judiciária abriu 237 investigações e deteve 13 pessoas por suspeitas de fogo posto; este ano, até dia 15 de Outubro, arderam 136 mil hectares, o número de incêndios mais reduzido da década, mas o terceiro mais elevado em termos de área ardida.

 

O ARCO DA VELHA - Um avião da TAP esteve retido cinco  dias no aeroporto de Ponta Delgada até serem capturados todos os 132 hamsters que  fugiram do contentor onde estavam a ser transportados e ficaram à solta no porão do Airbus A320 impedindo a sua utilização por razões de segurança.

 

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A PASSAGEM DO TEMPO -  Até 16 de Fevereiro pode ser vista no Centro Cultural de Cascais uma exposição de um dos grandes fotógrafos norte-americanos, Nicholas Nixon. Trata-se de uma retrospectiva da sua obra, montada a partir da colecção da Fundação MAPFRE e as cerca de 200 fotografias são apresentadas cronologicamente. Nicholas Nixon já tinha exposto em Portugal, em 1990, no Fotoporto, com base numa exposição feita pelo MoMa em 1988. A exposição agora patente em Cascais mostra a série “As Irmãs Brown”, exposta na íntegra com as 48 imagens que a compõem. Esta série, “As Irmãs Brown”,  é considerada uma das mais importantes obras da fotografia contemporânea e contribuíu para o reconhecimento do seu autor. Todos os anos, de 1975 e 2022, Nixon fotografou as irmãs Heather, Mimi, Bebe (com quem Nixon se casou) e Laurie e a fotografia aqui reproduzida é de 1975.  Ano após ano, vemos o correr do tempo nos rostos das irmãs, mudanças físicas, e uma observação atenta permite perceber também a evolução no comportamento das retratadas. O curador da Fundação MAPFRE, que foi o comissário desta exposição, Carlos Gollonet, observa que o “que confunde e fascina nesta série, a meio caminho entre a objetividade documental e a intimidade emocional, é a mudança, o ritmo dentro da repetição”. Nicholas Nixon fotografa com o recurso a câmaras de grande formato, que impõem a proximidade e a cooperação dos  retratados. Toda a obra de Nixon tem por base a sua observação do passar do tempo na paisagem ou nas pessoas. O horário de funcionamento do Centro Cultural de Cascais é de terça-feira a domingo, das 10h às 18h.

 

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ROTEIRO - Começo por sugerir uma visita a “Diafragma”, a nova exposição de Alexandre Farto, aliás Vhils, patente na Galeria Vera Cortês, (Rua João Saraiva 16-1º) até 11 de Janeiro. Ao todo são 9 peças que exploram o potencial da luz e o contraste com a escuridão. Já anteriormente o artista tinha sinalizado esta forma de trabalho, mas agora aprofunda-a e distancia-se da sua mais conhecida faceta da criação de imagens em relevo. Vhils actua sobre tubos de luz onde pinta fragmentos de imagens, que depois se juntam como num puzzle luminoso (na imagem). É uma clara referência à tecnologia, uma transição dos materiais como cimento ou pedra para a utilização criativa da luz eléctrica e da tecnologia. No Porto, na Galeria Fernando Santos, pode-se ver até 23 de Dezembro a exposição de Cristina Massena, “Fundação- Fuga” que combina escultura com pintura, procurando sempre uma reflexão sobre a utilização e divisão do espaço entre o público e o privado. No andar superior da Galeria poderá ver obras de outros artistas, como Avelino Sá, Gerardo Burmester, Jorge Galindo,  José Loureiro, Pedro Calapez, Pedro Cabrita Reis e  Rui Sanches, entre outros.  No átrio da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian há duas novas exposições: uma sobre o espólio de Fernando Lemos e outra sobre livros de artista na obra de mulheres, “Narrativas do Eu”. 

 

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A NOSSA HISTÓRIA - António Ramalho Eanes é um nome incontornável na história recente de Portugal. A entrevista que Fátima Campos Ferreira lhe fez, por ocasião dos 50 anos do 25 de Abril, primeiro filmada para a RTP1 e, agora, publicada no livro “Palavra Que Conta”, é um documento importante. Como escreveu Marcelo Rebelo de Sousa no prefácio, “em boa hora foi possível o encontro entre quem queria ouvir e quem tinha imenso para ensinar”. Ramalho Eanes foi o Presidente da República que assegurou a estabilização da vida democrática após 1974 e 1975, foi o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal directo em 1976, depois de ter integrado o MFA desde o início, de ter sido um dos membros do Grupo dos Nove e de ter dirigido  as operações militares no 25 de Novembro de 1975. Venceu as duas eleições presidenciais a que concorreu, sempre com maioria significativa à primeira volta. Quando tomou posse como Presidente da República, em 1976, tinha 41 anos, foi até agora o mais jovem Presidente da República. Actualmente com 89 anos  continua a seguir de perto a situação em Portugal, mas também no mundo. Na entrevista Eanes fala dos episódios marcantes do seu tempo enquanto Presidente, relembra a importância de Melo Antunes, analisa a situação de instabilidade a nível mundial e, no capítulo final, dá a sua opinião sobre a actuação dos partidos políticos e sobre a crise de representação política, na qual aborda o sistema eleitoral, a colonização partidária da administração pública e afirma que “ a actual situação nacional não é preocupantemente crítica, mas merece séria preocupação”. Edição Porto Editora.

 

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ENTRE O JAZZ E A SOUL - Nos últimos anos têm surgido vários vocalistas de jazz e alguns, como Michael Mayo, conseguem esbater cada vez mais as diferenças entre o jazz vocal e a música soul. O novo disco de Michael Mayo, o segundo da sua carreira, é prova disso e, também, um manual de simplicidade. Em “Fly”, Mayo trabalhou com um trio constituído por Shai Maestro (teclados), Linda May Han Oh (baixo) e Nate Smith (bateria). A produção é do próprio Mayo. O álbum tem 11 faixas, a maior parte originais do próprio Michael Mayo, e destaco o som funky do tema título, “Fly” , “It Could Happen To You” e o inesperado aceno à forma de cantar de Chet Baker na balada “Spring Can Really Hang You Up the Most”, destacando aqui também o trabalho dos três músicos que o acompanham no piano, baixo e bateria. O disco está disponível nas plataformas de streaming.

 

ALMANAQUE  - Se forem a Londres até 16 de Fevereiro podem ver na Royal Academy o trabalho de três mestres da arte da Renascença italiana, Leonardo da Vinci, Rafael e Miguel Ângelo. A terminar a sugestão de um livro fantástico para quem se interessa por temas de comunicação: “Propagandopolis: A Century of Propaganda From Around The World”, com reproduções de muitos cartazes das mais diferentes proveniências. Está disponível na Amazon Espanha. No Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro, está patente “Kioskzine, 15 fotógrafos”, com obras de João Pina, Luísa Ferreira, Pauliana Valente Pimentel, Augusto Brázio e António Júlio Duarte, entre outros.

 

DIXIT - “O PSD não está hoje a olhar para o lado com que nasceu, o lado que lhe dá história e identidade, o lado que lhe dá um papel diferente de todos em Portugal” - José Pacheco Pereira

 

BACK TO BASICS - “O silêncio é dos argumentos mais difíceis de rebater “ - John Billings


A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS



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