Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



IMG_2460.jpg

A CRISE - O semanário “Nascer do SOL” tinha na sexta-feira da semana passada, como chamada principal de capa, esta afirmação do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Henrique Araújo:”A corrupção está instalada em Portugal”. Na entrevista de onde estas palavras são extraídas, Henrique Araújo afirmava que a corrupção tem uma “expressão muito forte na administração pública. Isto não é uma simples percepção, é uma certeza!”. Para o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça dizer isto, alguma coisa se passava além dos casos e casinhos em que a vida política nacional é farta. O comunicado da Procuradoria Geral da República, emitido terça-feira sobre as investigações que estavam a decorrer, indicava que “no decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto supra referido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente.” Não é preciso ter uma bola de cristal para perceber que a Procuradoria manteve sobre este assunto um diálogo com o Supremo Tribunal de Justiça, a entidade a quem cabe investigar o Primeiro Ministro, se necessário. Recordo que António Costa sabia existir uma investigação sobre os negócios do lítio e hidrogénio desde 2020 e em novembro desse ano disse estar “absolutamente descansado” sobre esse assunto. Foi essa investigação que levou à actual crise. Acredito que Costa esteja inocente,  mas também creio que o seu apoio público a figuras como Vítor Escária,  Diogo Lacerda de Machado e João Galamba tenha proporcionado um clima permissivo. Entre 30 de Março de 2022 e 7 de Novembro de 2023 este Governo do PS registou 14 casos, casinhos e demissões. Quando deu posse a António Costa, a 30 de Março de 2022, o Presidente da República deixou claro que o rosto da maioria absoluta não podia ser substituído a meio do caminho. Resta saber o que o Presidente decidirá, agora que voltou a ganhar novo protagonismo e influência. Seja qual for a decisão, o maior beneficiário de tudo isto é o Chega,  que António Costa insuflou para diminuir o PSD e que agora será o que mais vai clamar contra a corrupção do sistema político. Não me admirava que Costa tivesse aberto a porta para o Chega ter um resultado surpreendente em eventuais legislativas. E se isso acontecer a confusão vai ser gigantesca.


SEMANADA - Portugal passou, em 2022, a ser o sexto país da UE com o mais baixo rendimento médio nacional e só a Bulgária, Eslováquia, Roménia, Hungria e Grécia estão em pior situação; o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, reconheceu que, no negócio da venda da Efacec, existe desproporção de esforço entre o fundo Mutares e o Estado; o anterior Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, tinha afirmado que a venda da Efacec se poderia concretizar em seis meses mas o negócio afinal demorou três anos a ser fechado; no último ano o governo emitiu 2600 vistos a nómadas digitais vindos de fora da Europa, sobretudo brasileiros e norte-americanos; há escolas sem verba para reparar os computadores portáteis usados nas aulas; segundo a associação dos mediadores do imobiliário faltam cerca de 70 mil casas para satisfazer as necessidades da população portuguesa; o tribunal eclesiástico da igreja católica castigou o padre que denunciou 12 colegas suspeitos de abuso sexual a crianças; Portugal, com 4851 rotundas, está em segundo lugar no ranking do número de rotundas rodoviárias por milhão de habitantes; 50% dos veículos automóveis do Estado português, que por lei estão isentos de IUC, têm 16 ou mais anos; os 12 maiores beneficiários do PRR, segundo os dados actuais,são entidades públicas; este ano, até final de setembro, registaram-se 85 vítimas de violência doméstica por dia

 

O ARCO DA VELHA - Em algumas zonas do interior do país, devido ao encerramento das urgências, o transporte de um doente em estado grave para o hospital mais próximo pode demorar duas horas.

 

IMG_2457.PNG

UMA EXPOSIÇÃO SURPREENDENTE  - Por ocasião do centenário do nascimento de Augusto Cabrita é apresentada no Barreiro uma exposição que mostra cerca de cerca de 130 fotografias a preto e branco, da sua autoria, grande parte delas inéditas. Esta é a maior exposição feita até agora da obra do fotógrafo e cineasta Augusto Cabrita, pioneiro do fotojornalismo em Portugal, diretor de fotografia, e autor de numerosas curtas-metragens. A exposição apresenta trabalhos que vão desde a fotografia documental de viagens, que Augusto Cabrita realizou pelos quatro cantos do mundo, à fotografia de personalidades da cultura nacionais e internacionais, à fotografia publicitária, ou ao próprio fotojornalismo. A exposição “100 anos de Augusto Cabrita - Um olhar inédito”, tem curadoria do seu neto, também Augusto Cabrita, é organizada pelo município do Barreiro e está patente no Auditório Municipal Augusto Cabrita até 16 de Março. Para terminar destaco as exposições inaugurais do MAC/CCB, “Objecto, Corpo e Espaço”,  que agrupa obras da Colecção Berardo, obras da colecção Ellipse (que nos últimos anos esteve afastada do olhar público), da colecção Teixeira de Freitas e obras da Colecção de Arte Contemporânea do Estado. Por ocasião da inauguração do MAC a artista belga Berlinde de Bruyckere concebeu uma exposição inédita, “Atravessar Uma Ponte em Chamas”,  inspirada por um conto do escritor chileno Roberto Bolaño, que ficará patente até 14 de Março de 2024. No MAC/CCB  poderá ainda ver a exposição permanente de obras da Colecção Berardo e “O Desenho Contínuo”, com desenhos da Colecção Teixeira de Freitas.

 

image (4).png

BEATLEMANIA - Não vou falar de novo da edição de uma nova canção dos Beatles, a partir de um original de John Lennon, mas trago uma outra novidade. “1964: Olhos da Tempestade”, um livro com 275 fotografias inéditas do acervo de Paul McCartney e que mostra como ele viu e fotografou a digressão dos Beatles no auge da Beatlemania, em 1964. É um diário fotográfico que documenta três intensos meses de viagem em seis cidades e  três países diferentes. Nesse período Paul McCartney fez mais de mil imagens, das quais foram selecionadas as que integram o livro, acompanhados das suas próprias  reflexões em forma de texto, que nos revelam como foi viver aquela época e ainda um prólogo onde conta: “nós, quatro tipos de Liverpool, não podíamos de maneira alguma perceber nessa época as implicações do que estávamos a fazer”. O livro inclui também textos de enquadramento da historiadora Jill Lepore, de Nicholas Cullinan e Rosie Broadley, da National Portrait Gallery de Londres, onde estas imagens estiveram expostas, textos que  ajudam a ter  uma visão mais profunda e abrangente da efervescência cultural desta época. Edição Porto Editora, com tradução de Jorge Pereirinha Pires.

 

image (3).png

A BOLA DE CRISTAL - Se o novo livro de Luís Paixão Martins sobre sondagens já gerava muita curiosidade, no novo quadro político que se criou esta semana vai ser um guia para a acção de muito putativo candidato. O calendário eleitoral português que até agora existia - europeias em 24, autárquicas em 25, legislativas e presidenciais em 26 - já dava pano para mangas e agora ainda vai dar mais. Até parece que Luís Paixão Martins adivinhava a efervescência actual quando apresentou o seu novo livro há duas semanas, uma obra com um título provocador: “Como mentem as sondagens”. E no destaque de capa explica: “Os media servem-nos doses cada vez maiores de sondagens. Aquilo que passa por informação transforma-se em conteúdo político. Uma bola de cristal atrevida e avariada”. Serão as sondagens meros palpites? E como são interpretadas? Luís Paixão Martins, que trabalhou nas campanhas eleitorais de Cavaco Silva, José Sócrates e António Costa, sabe bem como utilizar estudos de opinião e como analisar sondagens. Este livro é a sua visão sobre esse universo paralelo às eleições, escrito de forma leve mas precisa e com um saboroso sentido de humor, especialmente em muitas das notas de rodapé. Luís Paixão Martins identifica seis problemas em relação às sondagens e dá a sua visão sobre eles: a amostra, o questionário, a dinâmica, os indecisos, a mediatização e a volatilidade. “O meu objectivo - escreve o autor falando sobre este livro - é facultar a todos aqueles que se interessam pela comunicação e pela política um conjunto de observações que fui construindo no meu ofício e que julgo que os ajudará a ler e interpretar melhor os estudos de opinião e enquadrar as formas demasiado simplistas com que eles são mediatizados”. Edição Zigurate.

 

Ph.11JoseLuisNeto_01.jpeg

OUTRA FORMA DE VER - No texto que escreveu para o livro de José Luís Neto, agora editado pela Imprensa Nacional, Jorge Calado classifica-o como “compositor de luz” e afirma que ele “criou um novo tipo de fotografia”. Para Calado, os dois objetivos de José Luiz Neto, ao fotografar sem sair do estúdio, são investigar as propriedades da luz e os limites da fotografia usando uma folha branca de papel fotográfico e, por fim, ”apropriar-se uma fotografia esquecida para lhe dar um futuro diferente”. José Luís Neto trabalhou toda a vida no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, conhece o seu espólio como poucos. Jorge Calado sublinha que no trabalho de José Luís Neto o seu conhecimento da história da fotografia e do Arquivo onde trabalha têm alimentado as ideias para a sua actividade como fotógrafo. A prática da  apropriação invadiu a fotografia nos anos 80 e, ao longo dos anos, José Luís Neto apropriou-se do trabalho de outros, revisitando-o, muitas vezes a partir de um pequeno pormenor - como aconteceu com o projecto “22474”, baseado em imagens feitas por Joshua Benoliel na Cadeia Penitenciária de Lisboa que ele depois refotografou e manipulou, usando ampliações extremas (na imagem). “Em fotografia “ampliar pode não significar intensificar, mas sim diluir”, sublinha Calado.  Este livro inclui os mais significativos trabalhos de José Luís Neto, feitos entre 1993 e 2023. O fotógrafo participa em exposições desde 1990, está representado em diversas importantes colecções nacionais e internacionais e recebeu o prémio BES Photo em 2005. A colecção Ph., dedicada à fotografia portuguesa, tem direcção editorial de Cláudio Garrudo e é editada pela Imprensa Nacional.

 

DIXIT - “Na prática, o conflito israelo-palestiniano é manipulado pelo Hamas para impor um regime islamista e a sharia. Devemos, no entanto, reconhecer-lhe um mérito: a extraordinária mobilização de "idiotas úteis" que, por histeria ou cálculo político, o apoiam entusiasticamente” - Jorge Almeida Fernandes, no Público 

 

BACK TO BASICS - Levantai as fímbrias de vossos mantos senhoras, que vamos atravessar o inferno” - Jack Kerouac



Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:13



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D
  274. 2003
  275. J
  276. F
  277. M
  278. A
  279. M
  280. J
  281. J
  282. A
  283. S
  284. O
  285. N
  286. D