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ALOJAMENTOS LOCAIS - José Luis Sanz é o alcaide de Sevilha, eleito pelo Partido Popular. Recentemente ameaçou cortar a água aos alojamentos locais que pisem o risco e não obedeçam às estritas regulamentações da autarquia. Este alcaide do Partido Popular, politicamente próximo do PSD, bem podia ter servido de exemplo a Luís Montenegro: o Primeiro Ministro, em vez de tentar minorar os problemas dos alojamentos locais, decidiu dificultar a vida aos condomínios e residentes habituais cuja vida é perturbada por eles. Se os planos do Governo forem avante, os alojamentos locais em prédios residenciais ficam fora da alçada dos moradores, que ficam sem possibilidade de solicitar o seu encerramento sem percorrerem um calvário burocrático. Os protestos contra os inconvenientes da massificação do turismo surgem num número cada vez maior de cidades. Todos percebemos já que os alojamentos locais e plataformas como o Airbnb tiraram turistas dos hotéis e trouxeram-nos para áreas residenciais. Este movimento causou um aumento do preço da habitação, gentrificação de zonas das cidades, excesso de ruído nocturno e comportamentos anti-sociais que incomodam o descanso dos habitantes habituais. O equilíbrio entre os fluxos turísticos e a vida regular das cidades é difícil e é justo reconhecer que nalguns casos as reconversões promoveram uma reabilitação de edifícios. Mas os problemas que estão agora a surgir são enormes e mexem com a vida das pessoas que vivem todo o ano no centro das cidades. Se não existir bom senso a situação vai ficar explosiva, as cidades perdem os seus encantos naturais e transformam-se num mero parque de diversões. Daí a perderem o encanto que os turistas procuram vai apenas um pequeno passo. E acaba-se a galinha dos ovos de ouro.

 

SEMANADA - Segundo o INE Lisboa recebe 12 hóspedes por habitante, o que compara com dez hóspedes por habitante em Amsterdão e nove por habitante em Barcelona; os municípios que cobram taxa turística mais que duplicaram no espaço de um ano; um estudo do Eurobarómetro revela que, para 78% dos portugueses, os últimos três anos tiveram um aumento do nível de corrupção e 96% da população considera que a corrupção  é comum no país; no final de Junho o Estado empregava 749.678 pessoas, o número mais alto desde 2011; Portugal é o 5.º pior país em matéria de desemprego jovem dentro da UE; segundo o INE nos últimos 30 anos, o número de crianças e jovens até aos 24 anos diminuiu na generalidade dos concelhos do país; no total, o país perdeu desde 1991 cerca de 990 mil crianças e jovens até aos 24 anos; a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) está a receber 55 pedidos de ajuda por dia, mais que no ano passado; o número de condenados por violência doméstica triplicou numa década e totaliza agora 1011 pessoas que estão a cumprir pena, o que significa 11% da população prisional; os portugueses pediram emprestados cerca de sete milhões de euros por dia, nos primeiros seis meses do ano, para comprar carro, num montante total superior a mil milhões de euros e mais de 80% dos ligeiros de passageiros financiados eram usados.

 

O ARCO DA VELHA - Quase metade dos doentes referenciados no ano passado para unidades de cuidados paliativos contratualizadas com o setor privado ou social morreram antes de ter vaga.

 

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SANTO ANTÓNIO E O BRASIL -  O nosso Santo António de Lisboa tem uma grande devoção em terras do Brasil, onde é considerado um dos santos mais amados e seguidos, venerado em diversos estados. Para comprovar esta devoção, o Museu de Santo António, em Lisboa, junto à Sé, apresenta uma exposição sobre a universalidade do culto a Santo António, “Diálogos de fogo: Exu, Ogun e Xangô. Santo António na mitologia afro-brasileira”,  que explora a relação entre três orixás e o santo. Organizada em parceria com a Ayô - Associação de Arte e Cultura Brasileira, a exposição decorre até 30 de Setembro e assinala também o aniversário do nascimento do Santo. A equipa do Museu de Lisboa, um equipamento da EGEAC, fomentou o diálogo entre os representantes do candomblé, incluindo Pais de Santo, e os frades da igreja de Santo António: em Setembro haverá um encontro em que estarão Pais de Santo e  Frei Jorge na mesma mesa de debate.  Aline Silva, que faz parte da Ayô sublinha que Santo António é um dos santos mais amados e cultivados no Brasil, independentemente da sua origem ou status social, venerado em diversos estados. O museu de Santo António inaugurado em 2014, resulta da transformação do anterior Museu Antoniano (criado em 1962),  e existe em duas tipologias de edifícios: o espaço original, que se pensa ter sido parte integrante da Real-Casa de Santo António, e o novo espaço, inserido num típico edifício de rendimento pombalino.  A Igreja-Casa de Santo António foi, de 1326 a 1741, a Casa Consistorial, onde se celebravam os atos de governo da cidade, onde se reunia o Senado e onde estavam guardados os cofres da Câmara. Fica no Largo de Santo António da Sé, 22 e está aberto de terça a domingo, das 10 às 18.

 

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ROTEIRO - No Porto, no Centro Português de Fotografia, pode ver a exposição “Despojos de Guerra”, de Leonel de Castro, até 20 de Outubro (na imagem). Apresentado como um ensaio de fotografia documental, este ensaio fotográfico resulta do trabalho que o fotojornalista desenvolveu com a Associação dos Deficientes das Forças Armadas e com militares portugueses e africanos que combateram em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique  nos três teatros da guerra colonial, entre 1961 e 1974. São imagens duras apresentadas de uma forma que acentua o dramatismo. Uma das melhores exposições de fotografia portuguesa do ano. Também no Porto, mas em Serralves, a exposição “Pré/Pós - Declinações Visuais do 25 de Abril” . Com curadoria de Miguel Von Hafe Pérez, a exposição apresenta cerca de 300 trabalhos de meios tão variados como a pintura, a escultura, a fotografia, o filme, a gravura, a instalação, o cartaz e a edição de livros e revistas criados entre 1970 e 1977, mostrando a obra de um conjunto de artistas que marcam a época: Francisco Relógio,  José Escada,  Eduardo Batarda, Gracinda Candeias,  Mário Botas,  Luísa Correia Pereira, João Vieira, Sérgio Pombo e Jasmim, entre outros. Em Coimbra, no antigo refeitório do Museu de Santa Cruz, decorre até 26 de Outubro uma exposição organizada pela Underdogs, que apresenta obras de onze artistas convidados que apresentam trabalhos em torno da comida e das refeições. Finalmente em Faro, na antiga Fábrica da Cerveja decorre até final de Agosto uma mostra de fotografia que inclui dezena e meia de exposições, numa iniciativa da Associação CC11 todos os dias das seis da tarde até à meia noite.

 

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UM ROMANCE  DESAFIANTE - “Eles não sabem, mas estou bem aqui, com a horta e os cães, os atalhos e as minhas pernas. A cancela está sempre aberta. Não tenho medo deles. Cochicham. Sabem que escondo uma espingarda na tulha, uma velha Sarasqueta de calibre 12. Acham que sou louca porque frequento o cemitério, falo em voz alta diante da campa da minha mãe, bebo, rio sozinha e quase não me dou com ninguém. Também não corto o cabelo desde que a minha velha morreu. Estou mal da cabeça, dizem. No máximo estou louca de sanidade. Conheço a minha sombra e a minha verdade” . Estas são as primeiras linhas de “A Forasteira”, de Olga Merino, uma das escritoras mais relevantes do panorama literário espanhol. Distinguida com o Prémio Vargas Llosa, Olga Merino conta a história de Angie, que  vive retirada numa remota aldeia do Sul de Espanha, na antiga casa da família, numa encruzilhada entre o presente e o passado, dividida entre os seus fantasmas e a memória de um amor vivido com um artista inglês na Londres de há décadas. A descoberta do corpo do mais poderoso proprietário de terras da região leva Angie a desenterrar velhos segredos de família e a descobrir as ligações, cumplicidade e silêncios que unem todos os habitantes da aldeia. Mais não conto, mas deixo a ideia de que esta é uma história tensa e emocionante sobre a liberdade e a capacidade de os seres humanos resistirem ao tempo. Edição Quetzal, tradução de  Margarida Amado Acosta.



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MAIS UM PIANO NÓRDICO - Soren Bebe é um pianista dinamarquês que nos últimos anos tem ganho destaque através das actuações e gravações com o seu trio, que integra o baixista Kasper Tagel e o baterista Anders Mogensen nalgumas faixas e Knut Finsrud noutras.  Com sete álbuns já na carteira, este ano  o trio adicionou-lhe mais um, “First Song”. Na realidade trata-se de uma compilação de 10 temas publicados como singles digitais ao longo dos últimos nove anos, a maioria da autoria de Soren Bebe, um composto por todos os elementos do trio, outro, a faixa-título, que é uma versão de “First Song” de Charlie Haden e outro ainda baseado numa composição de Maurice Ravel, “Pavane for a Dead Princess”. Na realidade os temas agora reunidos num álbum são provenientes das sessões de gravação dos últimos quatro álbuns de originais. A forma de tocar de Bebe é frequentemente associada a outro músico nórdico, Tord Gustavsen, mas quando se pergunta a Soren quais são as suas maiores influências ele responde que são Oscar Peterson, Keith Jarrett e Aaron Parks. A sua forma de tocar associa a simplicidade com um grande sentido de melodia, por vezes quase melancólico. Vale bem a pena procurar a música de Soren Bebe - está disponível nas plataformas de streaming.


SUGESTÕES FORA DE PORTAS - Hoje falo de exposições de fotografia. Em, Londres, na Photographer 's Gallery, pode ver o trabalho do sul-africano Ernest Cole e da mexicana Graciela Iturbide. A Galeria fica no nº18 de Ramillies Street, junto a Oxford Street. Em Paris não perca a Fondation Henri Cartier-Bresson onde poderá descobrir o trabalho de um dos mestres da fotografia do século XX. É o número 79 da Rue des Archives. Em Madrid decorre até 29 de Setembro a Photo España com um programa aliciante de 84 exposições espalhadas pela cidade sob o tema “Perpetuum Mobile” -   todas as informações em phe.es . E em Amsterdão vale a pena conhecer o FOAM, uma instituição dedicada à fotografia que, até 11 de Setembro dedica a sua exposição principal às implicações da Inteligência Artificial na fotografia - fica na Keizersgracht 609.

 

DIXIT - “O que nos interessa é um mercado de turismo que dê valor à nossa identidade e não de low cost” - Augusto Mateus

 

BACK TO BASICS - “A forma de criar algo de novo é deixar de falar e começar a fazer coisas” - Walt Disney



A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS



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