Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



 

44CC3805-7D05-4D9C-9C5F-F91B93C0DECD.JPG

AS MARCAS, A COMUNICAÇÃO E A PUBLICIDADE - Quando em meados de Março foram decretadas as medidas do Estado de Emergência tudo no mundo dos mídia começou a mudar. A procura de notícias aumentou e, nas primeiras semanas, o consumo de televisão cresceu significativamente, quer nos canais generalistas, quer nos canais de informação do cabo, ao mesmo tempo que o consumo de internet explodiu. Criaram-se novos hábitos. Mas, com o encerramento da actividade económica, os anunciantes retraíram-se e, apesar do consumo dos meios de comunicação ter aumentado o investimento publicitário diminuíu, e muito. Agora a actividade económica está a retomar e as marcas precisam voltar a estar na mente dos consumidores. Nestes meses muitas delas  saíram do dia a dia das pessoas, algumas arriscam o esquecimento. Como infelizmente há empresas que vão fechar, algumas marcas desaparecerão. Será que os consumidores vão perceber logo quais as marcas sobreviventes e dinâmicas? A verdade é que quem não fala desaparece, quem estiver ausente fica esquecido. Quem está à espera de decidir se vale a pena retomar a publicidade agora, pode ficar para trás na corrida de fundo que é a recuperação da economia. A publicidade é parte integrante dos conteúdos consumidos por quem segue televisão, rádio, imprensa, online, por quem anda na rua e vê outdoors. Sem presença regular na mídia nacional as marcas portuguesas comunicam pior, têm menos pontos de contacto com os seus consumidores. Publicidade e conteúdos andam de mãos dadas. As marcas portuguesas precisam dos canais de comunicação proporcionados pelos mídia nacionais e os mídia nacionais precisam da sua publicidade para continuarem a desempenhar o seu papel.

 

SEMANADA - As idas ao multibanco caíram para metade em Abril devido ao confinamento e as compras realizadas com cartões desceram para mínimos desde 2009; os sites de e-commerce mais visitados em Abril foram os da Worten e FNAC, seguidos do Aliexpress, Continente e Amazon, refere um estudo da Marktest; o valor da facturação do sector da restauração na primeira semana de abertura representou 40% do valor médio pré-confinamento; 54% da receita do IRC depende de 0,4% das empresas que existem em Portugal; as contas públicas registaram um défice de 1650 milhões de euros até Abril, mais 341 milhões que no mesmo período do ano anterior; em Portugal houve um aumento de perto de 50% no tráfego em sites marginais da internet que permitem o acesso pirata a canais de televisão de cabo e de streaming; há 400 mil pessoas a necessitar de ajuda alimentar; os 36 drones comprados pelo Estado há dois anos para o Exército, com o objectivo de detectarem fogos em colaboração com a Protecção Civil, nunca foram usados; uma locomotiva de 1924, exemplar único no mundo, está num barracão da estação da Pampilhosa da CP e já foi vandalizada por várias vezes; em Santarém existem 42 lares de idosos “não legais”, o dobro do que se pensava; nos quatro maiores hospitais do país há cerca de cem doentes que não têm para onde ir, à espera de vaga num Lar. 

 

ARCO DA VELHA - Um indivíduo de 20 anos que estava em prisão domiciliária com pulseira electrónica incendiou seis veículos na rua onde vivia, em Lisboa, com o objectivo de ver bombeiros e polícia a actuar.

 

image (3).png

ARTES CONTEMPORÂNEAS -  Iniciada em 2016, a ARCOlisboa, feira internacional de arte contemporânea, decorreu até este ano na Cordoaria Nacional. Este ano, por força das coisas, a ARCOlisboa transformou-se num evento on-line com a duração de quatro semanas e vai estar disponível de 20 de maio a 14 de junho, através do site arcolisboa.com em parceria com a plataforma artsy.net, apresentando e comercializando obras das galerias selecionadas pelo Comité Organizador da feira e pelos comissários das secções Opening e África em Foco. Estamos a falar, nas galerias convidadas, de mais de quatro dezenas de stands virtuais - a maioria, duas dezenas, de galerias espanholas, seguidas por galerias portuguesas e também, galerias do Reino Unido, Japão, Áustria, Itália, Brasil e Uruguai. Na secção Opening, destinada a novas galerias, estão mais de uma dezena de participantes e na África em Foco uma dezena. Centenas de obras de pintura, escultura e fotografia estão disponíveis num circuito virtual, nem sempre com a navegação online mais evidente. Gostaria de destacar a secção África em Foco, coordenada por Paula Nascimento, e que mostra a diversidade das propostas dos artistas de diversos países (África do Sul, Angola, Moçambique, Uganda, Zimbabwe) que ali estão - saliento, pessoalmente, os trabalhos de Ângela Ferreira, Filipe Branquinho, René Tavares, Thó Simões, Keyezua (na imagem) e Musa Nxumalo. Outra sugestão: para sairmos do mundo virtual recomendo uma visita à Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, na Praça das Amoreiras, para descobrir a exposição “Água Pesada” que até 19 de Setembro mostra belíssimos desenhos a grafite de Alexandre Conefrey. Ali ao lado, na CasaAtelier Vieira da Silva, Inez Teixeira apresenta “Phytographia Curiosa”, um conjunto de desenhos a tinta da china sobre papel.

 

image (1).png

A DANÇA DE NÍDIA  - Quando um disco tem por título uma frase de um poema de Jorge de Sena, nasce de uma etiqueta alternativa de rap e música de dança dos arredores de Lisboa (Princípe Discos), é feito e produzido por uma portuguesa de origem africana que viveu em França e tem lugar de honra na crítica semanal de discos do Guardian londrino, alguma coisa se passa. O álbum é “Não Fales Nela Que A Mentes”, o segundo disco de Nídia que o Guardian descreve como “um novo trabalho mais meditativo, que mostra uma variedade de ritmos de dança com enfoque na emoção e desassossego” . São dez faixas, com destaque para “Raps”, “Capacidades”, “Nik Com”, “Popo” e “Emotions”. Nídia Sukulbembe tem 23 anos e ganhou notoriedade como DJ um pouco por todo o mundo. Este seu segundo disco é fruto de uma experiência de pistas de dança mais amadurecida. Nídia, nascida numa família guineense, cresceu no Barreiro e mais tarde foi viver para Bordéus, onde ganhou contacto com músicos de outras nacionalidades, mas manteve sempre a ligação à Principe Discos. Há um ou outro elemento vocal, mas este é o reino do instrumental, do baixo e da percussão, com uma elegância invulgar na mistura. A Pitchfork diz que a  aproximação de Nídia à música “é eficiente e elementar, criando a complexidade através dos arranjos” - “Emotions” é um perfeito exemplo disso mesmo.

 

image (2).png

E, A SEGUIR? - Desde que a pandemia começou a revista mensal “Monocle” tem alterado radicalmente o conteúdo editorial. A edição de Maio focou-se na casa das pessoas, onde cada um estava a passar o confinamento - com sugestões, ideias, exemplos de coisas para fazer. Agora, na edição de Junho, o tema é “What Happens Next?”. Para responder à pergunta a “Monocle” convidou 50 personalidades de todo o mundo, 50 pensadores “que se atrevem a sonhar”, como a revista os designou. Aqui estão nomes como o filósofo Alain de Botton, o arquitecto Daniel Libeskind, o economista Daniel Kahneman, entre muitos outros incluindo governantes de vários países e responsáveis urbanísticos. Os temas abordados vão desde a resiliência das cidades até ao futuro dos cruzeiros marítimos, o que se pode esperar da aviação, passando por estratégias para manter a funcionar pequenos comércios. Alain de Botton escreve sobre o estoicismo dos romanos, baseado em manter a calma e continuar a fazer o que cada um é suposto fazer - é um bom tiro de partida para toda a edição. Um especialista canadiano em agricultura, Jean-Martin Fortier, acredita que a pandemia levou as pessoas a pensarem mais sobre de onde vem a comida, como se cultiva e como se deve utilizar sem desperdícios; sobre as cidades, urbanistas recomendam que as autoridades de planeamento passem a ter como prioridade a criação de infra estruturas focadas nas necessidades reais das pessoas que nelas vivem permanentemente. Um dos mais curiosos artigos tem a ver com as saudades que ao fim de dois meses em casa muitos sentiram dos seus escritórios - é certo, diz o seu autor, que a pandemia provou que se pode trabalhar de forma remota mas isso não quer dizer o fim dos escritórios e sim a possibilidade de revermos como funcionamos. Um dos artigos de que mais gostei foi aquele em que se defende a importância da rádio - as emissões radiofónicas oferecem aquilo que nenhum outro meio pode oferecer: uma espantosa combinação de actualidade, intimidade e humanidade.



A IDEIA DE UM GRANDE CHEF - Massimo Bottura é o criador de um dos restaurantes mais famosos do mundo, a Osteria Francescana, de Modena. Na edição da “Monocle” acima referida escreve sobre como os restaurantes podem sobreviver - e renascer - no pós covid. Admite que já não tem reservas do estrangeiro como costumava ter, mas está contente porque as marcações de italianos que queriam conhecer o seu restaurante explodiram. Bottura defende que se aproveitem todos os ingredientes e fez mesmo uma série de videos durante o confinamento, “Kitchen Quarantine”, focados em evitar o desperdício. O que se está a passar vai fazer rever a forma como trabalha: admite fazer menus de degustação mais curtos, está a criar uma linha de take away em que os ingredientes serão embalados de forma separada para cada pessoa depois acabar de preparar o prato em casa, como o próprio restaurante faria. E confessa que quando outros chefs lhe perguntam o que devem fazer, responde sempre o mesmo: cada vez mais temos que ter em conta os produtores locais “somos os embaixadores dos melhores produtores de produtos frescos, de queijos, dos pescadores - o dever dos chefs é fazer com que os heróis sejam os produtores”. Em Lisboa, alguns restaurantes, como por exemplo o Salsa & Coentros, em Alvalade, ou o Essencial, junto ao Princípe Real, fizeram menus especiais de take-away durante o confinamento, sugestões fora da carta habitual, com pratos que deviam ser acabados na casa de cada um. Mais informações em www.restaurantesalsaecoentros.pt ou www.essencialrestaurante.pt.

 

DIXIT - “Já pagou as suas notícias de hoje? Ou está à espera que seja o Estado a pagar? Este é o problema dos Media e ninguém parece entender-se sobre o que fazer” - Catarina Carvalho

 

BACK TO BASICS - “Um diplomata é alguém que o pode mandar para o Inferno de tal forma que até lhe apetece lá ir” - Caskie Stinnett

 



Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:07


2 comentários

Perfil Facebook

De Carlos Afonso a 29.05.2020 às 13:32

Isto não é um comentário é simplesmente uma aclaração o endereço da ARCOlisboa é: https://www.artsy.net/arcolisboa-2020-online/
Imagem de perfil

De NE News a 29.05.2020 às 16:46

Agradeço aindicação mas https://www.ifema.es/pt/arco-lisboa parece-me ser o link de entrada que depois eventualmente dirigirá quem quiser para a artsy. agradeço mais uma vez a sua informação

Comentar post



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D
  274. 2003
  275. J
  276. F
  277. M
  278. A
  279. M
  280. J
  281. J
  282. A
  283. S
  284. O
  285. N
  286. D