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Há uns anos fez furor na imprensa uma coluna intitulada “A Mão Invisível”, que deu palco a uma série de reputados especialistas em economia e finanças. Miguel Beleza, Jorge Braga de Macedo, António Borges, os irmãos Pinto Barbosa, Diogo Lucena, entre outros então jovens economistas formados nos Estados Unidos, defenderam todas as semanas que o país precisava de flexibilizar, desregular, desregulamentar, liberalizar, privatizar, tudo em prol da ideia de que o papel do Estado devia ser apenas o de um regulador. A coluna era publicada no jornal “O Semanário”, fundado por Marcelo Rebelo de Sousa em 1983, e que contava, para além de Marcelo, com nomes como Vítor Cunha Rego, Daniel Proença de Carvalho, João Amaral e José Miguel Júdice. O “Semanário” foi revolucionário no seu tempo, debatia ideias fora da corrente dominante, tinha uma secção cultural fora dos lobbies habituais de então, o “ Mais Semanário”, e, cereja no topo do bolo, publicava em suplemento uma revista, a “Olá”, que foi beber inspiração à espanhola “Hola”. A “Olá” mostrava uma espécie de jet set nacional, ainda incipiente na altura, e bastante mais elegante que a espécie de “jet oito” que agora transborda. O país era outro - e sobretudo os nomes dessa geração tinham um peso, um saber e um conhecimento que não tem comparação com a maioria dos líderes políticos contemporâneos. “A Mão Invisível” é uma expressão nascida no livro “ A Riqueza das Nações”, publicado por Adam Smith em 1776, onde o autor aborda a natureza das trocas comerciais e financeiras e propõe diretrizes para estimular o desenvolvimento das nações por meio do enriquecimento individual dos cidadãos. Smith é considerado o pai da economia moderna e do liberalismo económico. Da mesma forma que a classe política piorou, também o que hoje muitas vezes se apresenta como liberalismo é apenas uma réplica mal feita da ideia original. Uma versão Tik Tok em cenário “fake”.
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