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A POUCA VERGONHA OU UM PODER COBARDE

por falcao, em 10.12.21

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O SILÊNCIO DO ESTADO - Agora que o Ministro Eduardo Cabrita deixou de ser passageiro do Governo viremo-nos para o comportamento do Estado no caso do acidente em que um veículo oficial, a alta velocidade, atropelou um trabalhador que coordenava uma equipa de manutenção numa auto-estrada. Durante algum tempo o Estado  ficou silencioso, na expectativa do que o referido Ministro dissesse. Mas há um ponto em que o silêncio do Estado se revela demasiado ruidoso. Estamos nesse ponto. O acidente ocorreu em meados de Junho passado e quase seis meses depois, e após vários percalços, conhece-se, parcialmente, o conteúdo dos diversos relatórios elaborados. Durante todo este período o Estado não fez nada para avaliar se a família da pessoa que morreu precisava de algum apoio. Esteve ausente do funeral, nem  fez um gesto de simpatia.   Recordo que o Governo é quem, aos olhos dos cidadãos, representa o Estado. O Governo, e o seu Primeiro-Ministro, ficaram mudos e quedos todos estes meses. Pior: a GNR, num súbito acesso de zelo, vem agora pôr em causa que o trabalhador estivesse a trabalhar - sendo que o seu local de trabalho, naquele dia, era aquela auto-estrada onde morreu. O Ministro saíu mal, a confessar-se apenas passageiro, imputando as culpas ao motorista e depois ao corpo de segurança da PSP. Eduardo Cabrita diz que se o carro ía a alta velocidade era porque seguia as instruções do corpo de segurança da PSP. O Corpo de Segurança da PSP, segundo um assessor do Ministro, não estabeleceu qualquer velocidade. A velocidade média escrita na acusação pública - 163 kms/h - peca por defeito. O “Correio da Manhã” fez as contas e diz que o carro do Ministro fez 30 quilómetros em dez minutos, o que sugere uma velocidade média de pelo menos 180 kms/h. O que é certo é que Nuno Santos, chefe de equipa de limpezas que se encontrava na berma da A6 no quilómetro 77 no dia 18 de Junho, morreu atropelado por um carro do Governo, em excesso de velocidade, onde seguia um Ministro.  O que a seguir se passou em termos de ocultação, mentiras e desresponsabilização é uma vergonha. Um nojo. O retrato de um poder cobarde.

 

SEMANADA - Com o primeiro período escolar  quase a chegar ao fim há falta de 388 professores que abrangem um total de mais de 20 mil alunos; as disciplinas de Física, Química, Informática e Português são aquelas onde faltam mais professores e o distrito de Lisboa é o que tem maior falta de docentes; segundo um estudo da Marktest os três municípios portugueses com maior qualidade de vida são Castelo de Vide, Manteigas e Porto Moniz; segundo dados da Segurança Social a zona litoral é a que tem a média de salários brutos mais elevada, com Lisboa a liderar com 1390 euros, e as zonas do interior têm os salários mais baixos com Beja na cauda da lista com 964 euros; um inquérito recente, no âmbito escolar, indica que são os mais novos e as raparigas que têm maiores hábitos de leitura; os trabalhadores da CP Carga esperam há quase seis anos pelos 5% que lhes são devidos no processo de privatização da CP Carga, que o actual Governo fez no início de 2016;  um estudo recente indica que a partir da segunda metade deste século o Algarve e o Alentejo terão uma redução de 50% da água disponível; Portugal tem duas escolas de negócios no Top 30 europeu, Nova SBE na 27ª posição e Católica Business School na 29ª; os balanços trimestrais das empresas públicas não são divulgados desde 2018, o que já motivou críticas da União Europeia. 

 

O ARCO DA VELHA - Um empresário de Penafiel registou em seu nome a autoria das samarras, capas e dos capotes alentejanos, vestuário com mais de um século de existência, e exige receber direitos pela utilização dos nomes dessas peças.

 

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VISTAS DE ALMADA E AZULEJOS REINVENTADOS - Na Casa da Cerca, em Almada, Susanne S.D. Themlitz apresenta até  Fevereiro, duas exposições: “Um berlinde no chão, quase no meio da sala”  e “More Or Less Spots” - folhas e folhas na Sala da Leitura da Biblioteca. Na primeira exposição Themlitz revisita 20 anos de trabalho criando uma intervenção onde incorpora obras pensadas explicitamente para a Casa da Cerca (na imagem) com outras já existentes. Na sala de leitura “More Or Less Spots” apresenta uma exposição dos livros de artista que Susan Themlitz vem fazendo desde 1994, agora apresentada em conjunto pela primeira vez. Outras sugestões: Em Torres Novas, para assinalar os 41 anos da Galeria Neupergama, pode ver a exposição “Estudos e Procedimentos”, de Pedro Calapez, até 6 de Março. No Funchal Teresa Gonçalves Lobo abre o seu atelier a quem o queira visitar dias 9, 10 e 11. Fica na Rua dos Carpinteiros 18-1º com obras de pintura, desenho, gravura e fotografia. Na Fidelidade Arte, no Chiado, pode ver “Reacção em cadeia #9”, uma mostra de desenhos de Ângelo de Sousa dos finais dos anos 80. Na Galeria da Casa A. Molder (Rua 1º de Dezembro 101) João Belga apresenta desenhos e pintura em “I’m Alive - Yet I´m Not Alive”. E na Galeria Ratton, (Rua da Academia das Ciências 2, Lisboa), apresenta-se o resultado da 1ª Residência Artística Ratton: durante vinte dias Bárbara Fonte, Maria Morais, Mónica Pimentel Coelho e Sofia Pinto  trabalharam na Oficina Ratton, em Setúbal.  A Galeria desde 1987 desafia artistas contemporâneos que nunca utilizaram o azulejo, como estas quatro jovens artistas.

 

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PALAVRAS FOTOGRAFADAS - Costumo dizer que Sérgio Godinho é quem melhor escreve canções. Os seus poemas, musicados, são retratos do quotidiano, que eu me habituei a cantarolar enquanto ouço os seus discos. Mas nunca me tinha ocorrido que os podia ver, embora reconheça que a sua escrita é muito visual. “Palavras São Imagens, São Palavras” é um livro que recolhe poemas e fotografias de Sérgio Godinho, agora editado pela Quetzal. As canções de Sérgio Godinho são muito visuais, contam uma história - várias vezes, ao longo dos anos, pensei que algumas delas davam a base para o argumento de um filme. São short-stories musicadas, com um olhar certeiro sobre o que nos rodeia. Neste livro não estão letras de canções, estão poemas que Sérgio foi escrevendo nos intervalos da vida, das suas músicas e concertos, acompanhadas de fotografias, que foi coleccionando e que mostram como o seu olhar se materializa além das palavras. Já agora recordo que  além da sua vida musical, Sérgio Godinho já trabalhou em guiões de cinema e de séries de televisão, em histórias infantis, em peças de teatro, livros de contos, poesia e romance. Como ele escreveu neste livro, “A ausência parte de uma janela aberta/o destino é desconhecido”.

 

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CANÇÕES VADIAS, COM ESPERANÇA - Logo por acaso nesta semana calha.me um livro de Sérgio Godinho e de outro português, de uma geração diferente, que também faz canções exemplares. Se disserem que falo de Miguel Araújo, acertaram. “As Canções da Esperança”, o seu novo disco, inclui temas que compôs para a série “Esperança” do canal de streaming Opto, e outras inspiradas na própria série, escrita por de Pedro Varela e César Mourão - este último faz uma aparição numa das canções do disco, onde aparecem também convidados como António Zambujo, Cláudia Pascoal e Camané. Tirando os já conhecidos méritos de Camané e Zambujo, destaco Cláudia Pascoal, claramente uma das únicas surpresas interessantes da música portuguesa dos últimos tempos. “Estou Por Tudo”, a canção que cantam em dueto tem um vídeo que merece ser visto no YouTube. E ainda por cima é uma das melhores canções do disco, a par com “Canção da Esperança”, “A Procissão da Vida”, “Valsa Sem Tempo” e “O Milagre da Travessa do Funil”.

 

ABÓBORA & VIEIRAS - Gostam de abóbora? Experimentem uma esmagada de abóbora misturada com chutney. Não arregalem os olhos e experimentem. Eu utilizo abóbora congelada aos cubos e funciona muito bem. Uma embalagem de 400 gramas dá uma boa dose de puré. Cozam bem a abóbora, tendo o cuidado de a colocar na água só quando já estiver a ferver. Vão verificando a cozedura. Quando estiver cozida, mas com boa consistência, escorram, coloquem no mesmo tacho, e com a ajuda de um esmagador vão calcando até estar em puré. A abóbora liberta muita água, por isso não é necessário acrescentar nenhum líquido, muito menos leite. Adicionem duas colheres de manteiga, sal e pimenta preta moída na hora a gosto, mexam tudo muito bem e levem a lume brando. Antes de servir coloquem duas colheres de sopa generosas de chutney de manga e voltem a misturar tudo muito bem. É bom para acompanhar vieiras na chapa - hoje já as encontram congeladas em bons supermercados. Deixem-nas descongelar e secar muito bem, coloquem na chapa só quando estiver já muito quente, com um pouco de manteiga. Dois minutos de um lado, minuto e meio do outro. Sal e pimenta a gosto. Experimentem a combinação que vão gostar.

 

DIXIT - ​”Peguem nas listas de deputados da legislatura cessante e façam um teste para ver se alguém sabe quem são e o que fizeram de útil para a sociedade. Salvo raras excepções e, cada vez menos de legislatura a legislatura, o resultado é próximo de zero.” - José Pacheco Pereira

 

BACK TO BASICS - “Conhecer os outros é sinal de inteligência; conhecer-se a si mesmo é sinal de sabedoria” - Lao Tzu.

 




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