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SOBRE A CULTURA   - Mais importante que o lugar ocupado no Governo, o que interessa é a forma como o poder vê a questão da política cultural. Nesta matéria estou sobretudo interessado em observar o comportamento de quem manda no Governo ou autarquias. De forma umas vezes subreptícia, de outras ostensiva, políticos de vários quadrantes proclamam de maneira destacada, mais do que medidas a tomar, a ideia de que a política cultural não deve privilegiar as elites. A afirmação pode à primeira vista parecer razoável, mas serve apenas para justificar aquilo a que se tem assistido - um ganhar de terreno, não da cultura popular, mas de uma amálgama que é equivalente, no espectáculo e na produção artística, ao populismo conservador e retrógrado, avesso à criatividade e ao talento. A situação cria paradoxos. Por exemplo, algumas destas figuras, como Carlos Moedas, gabam-se de apostar em startups e novas tecnologias, ao mesmo tempo que atribuem medalhas de mérito cultural a plagiadores confessos, desprovidos de talento ou criatividade como Tony Carreira, também por acaso um artista do agrado de Luís Montenegro, outro político ultimamente muito virado para a inovação, pelo menos em palavras. Existe uma clara contradição entre o que dizem na área económica e tecnológica e o que praticam na área das artes e cultura, como se as coisas se pudessem separar e devessem ser antagónicas. As políticas culturais, além da defesa do património, são o alicerce da preservação para as futuras gerações da criatividade artística dos dias de hoje e do testemunho do estado da sociedade. E se é importante em qualquer arte conseguir comunicar e estabelecer ligações com os públicos, também é importante explorar e desbravar novos caminhos, alargando o conhecimento, reforçando a cidadania, estimulando a reflexão e o espírito crítico. O mais paradoxal  nestes cruzados anti elitistas é que, nomeadamente nas autarquias,  subvertem as leis do mercado ao canalizar contratos e apoios para quem tem actividades comerciais rentáveis e promovendo concertos gratuitos que fazem concorrência a produtores privados. O oportunismo, de braço dado com a boçalidade, tornaram-se linhas de pensamento e ação na actividade cultural do governo e autarquias e isso é um péssimo sinal. O papel do Estado, em vários casos, mas também na política cultural, deve ser o de complementar o que os privados não fazem e não concorrer com eles. Uma das tarefas que o Estado cumpre mal é promover o talento português no exterior, não fomentando a internacionalização de artistas das diversas áreas, o mesmo é dizer apostar na presença da língua e cultura portuguesa no mundo, sabendo usar a cultura como uma arma da diplomacia para reforçar a imagem de Portugal e não para a apoucar. Como alguém me dizia no dia em que se conheceu o novo governo, agora o desafio é conseguir manter as coisas, porque melhorar vai ser difícil.

 

SEMANADA - Dois terços dos fundos europeus do PRR estão em risco a um ano do fim do programa; apenas quatro por cento dos lugares previstos no PRR para creches, lares e apoio domiciliário estão concluídos; os 133 mil lugares no programa Creche Feliz só chegam para 53% das cerca de 250 mil crianças até aos três anos com direito a beneficiar da medida; um estudo da OCDE indica que 15% dos jovens portugueses ficam nervosos ou ansiosos quando estão sem telemóvel; o Portal da Queixa revela um aumento expressivo nas reclamações dirigidas à Carris e nos primeiros cinco meses de 2025, o número de queixas contra a empresa subiu mais de 70%, face a 2024;  atrasos e incumprimento de horários representam 38% dos problemas denunciados pelos consumidores; na Área Metropolitana de Lisboa existem atualmente 27 bairros de barracas, vários criados de raiz nos últimos três anos e estima-se que em conjunto albergam cerca de 3 mil famílias;  em 2024 as reservas de ouro do Banco de Portugal valorizaram 8.000.000.000 de euros; mais de um terço dos activos bancários em Portugal são de investidores estrangeiros; desde 3020 foram apreendidas nos aeroportos portugueses  mais de sete toneladas de cocaína proveniente da América do Sul num valor estimado de 175 milhões de euros; Entre 2023 e 2024, registaram-se 2851 casos de violência contra profissionais de saúde, mais cerca de 230 face ao ano anterior.

 

O ARCO DA VELHA -Portugal tornou-se num importante ponto de entrada de cocaína na Europa, tendo sido apreendidas 22 toneladas desta droga em 2023.

 

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UM GUIA PARA  A MUDANÇA - Logo na capa deste livro surge uma frase, como que um subtítulo, que resume o que depois se pode ler lá dentro: “O modelo económico europeu está obsoleto e tem de ser reinventado”. O autor é António Costa Silva, que foi Ministro da Economia e do Mar, depois de uma longa carreira no sector privado. O livro, agora editado, chama-se "Portugal na Europa e com a Europa: que futuro?”. O autor, ao longo de cerca de 180 páginas sublinha a importância de a Europa fazer mudanças futuras sob pena de se transformar num museu, aborda a questão energética e a dependência do gás russo, as crises da defesa e segurança, a perda de competitividade e os desafios que se colocam a Portugal e à Europa,  depois de sublinhar que a rigidez e ortodoxia de alguns responsáveis europeus minam a capacidade de enfrentar problemas e fazer as mudanças necessárias. “O que temos hoje é uma Europa perdida num mundo que viu a geopolítica pura e dura, do confronto de poder, do uso dos recursos, da tecnologia, do comércio, das próprias cadeias logísticas e de abastecimento como armas de competição estratégica entre as grandes potências, em particular entre os Estados Unidos e a China”, sublinha Costa e Silva. Ao longo do livro surgem várias referências ao relatório Draghi, que preconiza mudanças importantes na Europa e defende a necessidade de renovação do projecto político europeu. O autor indica mudanças que Portugal deveria concretizar para aumentar a sua competitividade, num contexto europeu mas também mais global. O livro inclui já os efeitos da política de Trump e a escalada do conflito provocado pela Rússia na Ucrânia e que faz com que estejamos “ a viver o momento mais perigoso da História depois da Segunda Guerra Mundial”. Um livro que dirigentes partidários e membros do Governo deviam ler sem preconceitos Edição Guerra & Paz.

 

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AMBIENTES MUSICAIS- Brian Eno, que nos últimos anos se tem dedicado sobretudo à produção e às artes plásticas, surge com um duplo disco, muito ambiental, com baladas em que o músico é acompanhado pela voz de Beatie Wolfe. Os dois conheceram-se primeiro através do trabalho que ambos apresentaram em galerias de arte e a colaboração musical nasceu daí. De facto Eno e Wolfe fizeram dois discos, agora editados:  “Luminal” tem 11 canções e é apresentado como “Dream Music”; já  “Lateral”, apresentado como “Space Music”,  apresenta oito variações sobre um mesmo tema. Estes trabalhos constituem uma surpresa e já estão disponíveis nas plataformas de streaming.

 

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ARTE E VIDA  - Ao longo da vida Julião Sarmento (1948-2021), que foi um dos mais importantes artistas plásticos portugueses e com maior projecção internacional, reuniu uma colecção de obras de outros artistas, portugueses e estrangeiros, umas vezes provenientes de trocas entre pares, outras compradas pelo próprio ou que lhe foram oferecidas. Essa colecção, com cerca de 1500 obras, está agora no Pavilhão Julião Sarmento, inaugurado há poucos dias na zona de Belém. O edifício resulta de uma transformação do anterior Pavilhão Azul, bem projectada pelo arquitecto Carrilho da Graça, para acolher o novo museu que ostenta o nome de Julião Sarmento. Nesta primeira exposição, comissariada por Isabel Carlos, que dirige o equipamento, estão quase uma centena de obras da colecção, numa escolha que permite ter uma visão de proximidade do universo pessoal, estético e afectivo de Julião Sarmento. O objectivo deste equipamento não é expôr obras do próprio Julião Sarmento, mas sim partilhar com o público obras de uma colecção única em Portugal que ele construíu ao longo da vida. “TAKE 1 – A Coleção do Artista Julião Sarmento” é o título desta exposição inaugural, centrada em duas áreas: “Arte e Vida” dedicada à  amizade, amor, partilha e celebração entre artistas, e “Espaço e Arquitetura”, revelando como Julião Sarmento tinha, nas palavras da curadora,  “o fascínio pelo habitar, pela construção do desenho arquitetónico e pela materialidade”. Nesta exposição podem ser vistas até Abril de 2026 obras de Andy Warhol,  Joseph Beuys, Marina Abramovic, Ernesto Neto, Robert Morris, Juan Muñoz, Cristina Iglesias, Rui Chafes, Richard Long, Lawrence Weiner, Ângela Ferreira, John Baldessari e  Rita McBride, entre outros. O Pavilhão Julião Sarmento fica na Avenida da Índia 126.

 

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ROTEIRO -  De 11 de Junho a 30 de Setembro está patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu de S. Roque, em Lisboa, a exposição “Casar!”, que reúne centenas de fotografias do arquivo Ephemera, provenientes de álbuns familiares e espólios diversos e que abarca um arco temporal que percorre todo o século XX (na imagem). A exposição, além das fotografias, inclui quatro vestidos de noiva de épocas e origens bem diversas, ementas de copos de água, um vídeo com numerosas imagens, e uma adaptação original da Marcha Nupcial de Mendelssohn, da autoria de Fast Eddie Nelson. Na exposição é possível observar as diferenças sociais patentes nas cerimónias de casamento realizadas quer nas grandes cidades e vilas, quer no interior do país, em casamentos ricos e pobres, em igrejas ou até em Las Vegas. Outra exposição de fotografia a merecer atenção decorre no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa e revisita o trabalho que António Pedro Ferreira fez em Paris entre 1982 e 1984 com comunidades de emigrantes portugueses na capital francesa. São quatro dezenas de imagens reunidas sob o título “Allez Paris”, numa exposição com curadoria de Sofia Castro Até 20 de Setembro, na Rua da Palma 246. 

 

ALMANAQUE - A Colecção Pinault no edifício da Bourse du Commerce, em Paris, recuperado pelo arquitecto japonês Tadao Ando, apresenta a exposição “Corps et Âmes” com obras, entre outros, de Gideon Appah, Ali Cherri, Deanna Lawson, Philip Guston, Duane Hanson, Marlene Dumas, Miriam Cahn , Latoya Ruby Frazier, Robert Frank, Irving Penn, Michael Armitage e, a finalizar, “Avignon” de Georg Baselitz. 

 

DIXIT - “A preparação, a sensatez e a integridade não têm grandes hipóteses contra o cálculo, a resiliência, a ambição e a desfaçatez.”- Sérgio Sousa Pinto 

 

BACK TO BASICS -  “Os livros, a realidade e a arte são a mesma coisa para mim”- Van Gogh





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