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CENTENO RUIDOSO, COSTA SILENCIOSO

por falcao, em 08.09.23

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O GRANDE ENGANO - Há dias, por acaso antes da reunião do Conselho de Estado onde se iria debater a situação económica, o Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, abandonou o princípio de independência que devia nortear as suas funções e veio vestir a camisola de ex -governante a mando do PS, clamando que o país registou fortes progressos nos últimos anos. Acontece que não é isso que o país sente. As palavras de Mário Centeno não chegam para esconder que os dados europeus mostram que Portugal está na cauda da Europa e o silêncio de Costa no Conselho de Estado, face às críticas sobre a política do Governo, são o exemplo da auto-suficiência e arrogância que tem caracterizado o comportamento da maioria absoluta. Temos o sexto mais baixo PIB per capita da Zona Euro,  a par da Roménia e da Hungria. Em Portugal faltam professores, juízes, enfermeiros, médicos e militares. Em sectores que vão da contrução à agricultura, passando pela restauração e hotelaria, faltam pessoas. E no país faltam casas para as pessoas que cá vivem. A verdade de que Centeno não fala é que, depois de décadas a recebermos fundos de Bruxelas, os números totais da emigração são superiores aos da década de 60. Conseguimos educar uma geração mas não conseguimos dar-lhe condições para poder trabalhar e realizar-se pessoal e profissionalmente em Portugal. António Costa é Primeiro-Ministro há quase oito anos, período durante o qual se assistiu à progressiva deterioração da classe média e ao aumento da carga fiscal, sem reformas em nenhuma área fundamental. O mais curioso de tudo isto é que os propagandistas do PS, face à revelação das evidências e dos dados reais, vêm dizer que quem afirma que o país está pior é arauto de André Ventura. O Papão Ventura é um balão insuflado pelo PS e pelos seus estrategas, que querem reduzir toda a oposição a aliados do Chega, da mesma forma que Salazar quis fazer crer que todos os que lutavam contra a ditadura eram do PCP. É uma infeliz, mas real coincidência.

 

SEMANADA -  70% da população portuguesa afirma ter o poder de compra fortemente afectado pela inflação; a taxa de juro média dos novos depósitos concedidos em julho fixou-se em 1,66%, uma tímida subida face aos 1,58% registados no mês anterior; de acordo com os mais recentes dados do  Banco Central Europeu (BCE), a fraca taxa de juro dos depósitos em Portugal só é ultrapassada pelas baixas taxas pagas pela Eslovénia, Chipre, Croácia e Grécia; em sentido inverso, França oferece 3,51% em juros aos clientes bancários para aplicarem depósitos a um ano, a Estónia paga 3,39% e Itália 3,29% e em Espanha, país de onde são oriundos os acionistas de grandes bancos portugueses (Santander e BPI), a média é de 2,36%; aumentou o número de famílias em sobrecarga financeira com o crédito da casa e cerca de 70 mil agregados familiares estão em vias de gastar mais de metade do rendimento no empréstimo; em 2022 a Justiça arrecadou mais de 382 milhões de euros em custas judiciais e taxas de registos, um aumento de 22,21% face ao ano anterior; as empresas portuguesas estão a pagar quase 6% para conseguirem obter novos empréstimos junto da banca portuguesa, um valor mais alto que a média europeia; 92,2% das famílias têm acesso a internet de banda larga fixa; mais de metade das medidas anti-fraude ficaram na gaveta e não são aplicadas; Marques Mendes já ganha a Marcelo nas audiências de TV - o espaço de comentário de Luís Marques Mendes na noite de domingo na SIC teve mais 242 mil espectadores do que a entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, que passou ao mesmo tempo.

 

O ARCO DA VELHA - Cerca de  metade da receita do Estado vem dos impostos pagos pelos quase cinco mil grandes contribuintes. 

 

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VER FOTOJORNALISMO - Esta é uma semana cheia de fotografia e começo pela exposição do fotojornalista Fernando Ricardo na Casa da Imprensa, “Momentos”, que pode ser vista até 6 de Outubro. A exposição apresenta cerca de meia centena de imagens feitas desde os anos 70 até agora. Fernando Ricardo tem uma longa carreira, sendo um dos fotojornalistas portugueses com maior actividade a nível internacional. Trabalhou em agências como a Associated Press e a Gamma, fez reportagens em cenário de guerra em África (na imagem) e no médio oriente. Além do “Expresso” e da “Visão”, publicou em jornais e revistas como o International Herald Tribune, New York Times,Washington Post, Boston Globe, Time, Newsweek, Stern, Der Spiegel, Paris Match, L’Express, Figaro, Times of London, Sunday Times e El País, entre outros e realizou várias exposições em Portugal e no estrangeiro. António Sánchez Barriga, o fotógrafo espanhol que escreveu o texto que acompanha esta mostra, afirma que as imagens apresentadas são “o ensino da vida numa só exposição.” Casa da Imprensa,  Lisboa (Rua da Horta Seca 20, ao Largo de Camões). Outra exposição que destaca o papel do fotojornalismo é CASA, uma mostra coletiva de 27 fotógrafos, integrada na MFA – Mostra de Fotografia de Arroios, patente no Quartel do Largo do Cabeço de Bola, Arroios, em Lisboa, até 15 de setembro. São nove exposições colectivas e individuais, de fotojornalistas e fotógrafos documentais portugueses e estrangeiros, que abordam questões sociais e ambientais. A organização é das associações C11 e Largo Residências nas instalações de um antigo quartel da GNR no Largo Cabeço da Bola. Há ainda visitas comentadas às exposições, a projeção de 'slideshows' de autores emergentes e consagrados, a exibição de documentários, a apresentação de livros e revistas, e conferências e debates, "que abordam temas da fotografia e do jornalismo". Além disso, aos fins de semana decorre o Mercado do Autor, com uma larga seleção de livros e fotografias para venda e oficinas "em várias áreas da fotografia e processos fotográficos". Pode consultar a programação completa nas contas da associação CC11 nas redes sociais Instagram e Facebook.

 

A Escuridão Branca.jpg

UMA AVENTURA GELADA - Gosto de ler relatos das aventuras dos grandes exploradores e tenho um fascínio especial por aqueles que se lançaram à descoberta do Pólo Sul. Um desses homens foi Henry Worsley, admirador de Ernest Shackleton, o explorador do século XIX que tentou ser o primeiro a chegar sozinho ao Polo Sul, e que nunca conseguiu completar a sua viagem. Worsley, que viveu entre 1960 e 2016, sentiu um grande fascínio por essas expedições à Antártida e em 2018 fez a sua primeira viagem, na companhia de mais dois aventureiros, um deles um descendente de Shackleton. Depois disso, quis voltar à Antártida  sem qualquer companhia e é a história dessa aventura que David Grann, um jornalista da revista The New Yorker, escreveu.  O resultado é “A Escuridão Branca”, um livro que parece um thriller no qual o suspense se desenvolve no cenário da Antártida. A aventura começou a 13 de Novembro de 2015, tinha Henry Worsley 55 anos. Sozinho, com foco e dedicação, o então já aposentado oficial do exército britânico deixou o mundo em suspenso enquanto tentava vencer onde os seus antecessores tinham falhado. Andou mais de mil quinhentos e cinquenta quilómetros, durante sessenta e dois dias, em condições adversas,  mas foi obrigado a desistir a duzentos quilómetros do destino final. Esta é uma história de superação que não é obscurecida pela derrota. O livro está editado na bela colecção “Terra Incógnita”, da Quetzal e tem tradução de Vasco Teles de Menezes.

 

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ALÉM DO JAZZ - Sugiro que vão direitos a uma das plataformas de streaming e procurem o disco “Flowers In The Dark”, assinado por Kofi Flexxx, personagem enigmático que tem estabelecido relações criativas com algumas das mais importantes figuras da música britânica contemporânea. O novo disco baseia-se num ensemble que agrupa alguns desses músicos, orientado pela batuta de Shabaka Hutchings, outro nome sonante da cena musical londrina, que percorre à vontade os territórios do jazz e do hip-hop e que é a figura principal do grupo The Sons Of Kemet. O disco foi editado pela Native Rebel, que acolhe as produções e explorações das várias personalidades musicais de Shabaka Hutchings. O seu trabalho anda sempre na fronteira entre sonoridades do jazz improvisado, cruzando-o com outros géneros musicais. No disco colaboram nomes como o poeta Anthony Joseph, o pianista Alex Hawkins, o flautista Ross Harris, o rapper Billy Woods, o baterista Jas Kayser, o baixista Daisy George e mais algumas contribuições - o resultado é um disco que é  mais que a soma das partes ao longo dos seus nove temas.  Disponível nas plataformas de streaming.

 

UMA BOA SURPRESA PERTO DE PALMELA - Na estrada entre Azeitão e Palmela, à saída da Quinta do Anjo, no Espaço Fortuna- Artes e Ofícios, fica o Flavors. É um restaurante inesperado naquele local, que foge da tentação do óbvio regionalista, evitando grelhados de peixe ou choco frito e procurando uma lista alternativa em relação à oferta local. Logo nas entradas somos surpreendidos pela proposta de gyosas, o primeiro indício de elementos da cozinha asiática na lista. Nos pratos principais as propostas têm uma alheira de caça de Mirandela e bochechas de porco estufadas, a coexistirem  com caril verde tailandês ou caril goês, ambos de frango e com arroz basmati. Mais abaixo observa-se uma inesperada alheira de bacalhau, a abrir caminho para um caril goês de lulas e camarão e um caril vermelho tailandês de vieiras e camarão ou ainda umas lulas recheadas. Dos acompanhamentos consta. além do arroz basmati batatas doces fritas aos palitos de se lhes tirar o chapéu. A mesa provou um ceviche peruano de vieiras e o caril goês de camarão e lulas e ambos passaram com distinção. A cerveja de pressão é a alemã Franziskaner e a de garrafa é a belga Stella Artois. Nos vinhos há boas ofertas da região como os vinhos da Quinta do Piloto e de Venâncio da Costa Lima. A cozinha é dirigida por Pedro Castelo Branco, o serviço de sala é irrepreensível, o espaço é confortável e foi um belo jantar- é o que vos tenho a dizer. Para reservas, recomendadas sobretudo ao fim de semana, o telefone é o 917 263 116.

 

DIXIT - “Com uma dívida pública colossal e preconceitos que o PS alimentou, mas que outros países venceram há décadas, a diferença entre o nível de vida em Portugal e na Europa tornou-se impossível de ignorar” - André Abrantes do Amaral.

 

BACK TO BASICS - “Uma lufada de vento é capaz de mover uma árvore, mas não uma pedra” - Robert Walser 




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