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COLOCAR OS OVOS TODOS NO MESMO CESTO?

por falcao, em 14.01.22

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LIBERDADE DE MOVIMENTOS - Os debates eleitorais têm tido audiências acima do esperado, sobretudo quando comparados com debates de anteriores e recentes campanhas eleitorais. Com a pandemia a impedir uma campanha eleitoral tradicional, de rua, as atenções concentram-se nos debates transmitidos pelas três estações generalistas e por canais de cabo. Alguns candidatos jogam tudo: preparam-se muito bem e conseguem marcar os adversários políticos de forma metódica. Estão neste caso Catarina Martins e Rui Tavares à esquerda e Cotrim de Figueiredo, à direita. Os três não têm dado tréguas e frequentemente entalam quem está do outro lado da mesa. António Costa segue o método da cassete que não muda e fica tudo na maioria absoluta que pretende alcançar. O seu discurso varia pouco, é repetitivo e esgota-se ao fim de pouco tempo. Não muda o registo qualquer que seja o oponente e, surpreendentemente, foi mais agressivo para Jerónimo de Sousa do que para André Ventura. Este último, Ventura, é ainda mais redutor e vazio de conteúdo, fechado num pequeno círculo de ideias, com o único objectivo de provocar os seus adversários. Rui Rio pelo seu lado foi o líder partidário que arrancou pior nos debates, enrolando-se nas palavras e não conseguindo passar uma mensagem coerente. Teve azar, porque a sua pior prestação foi precisamente no debate que teve a maior audiência até agora, quando contracenou com Catarina Martins. E Francisco Rodrigues dos Santos lá se vai queixando, mantendo a linha de patinho feio que anda a seguir na sua comunicação desde meados de Dezembro. Vamos ver como corre a substituição de Jerónimo de Sousa, que, sabe-se agora tinha uma situação clínica que contribuíu para prestações abaixo do que é seu hábito. Estou em crer que a inteligência colectiva faz com que as pessoas numa situação destas não queiram juntar os ovos todos na mesma cesta e prefiram manifestar diferenças. A grande questão é que, como se viu nas autárquicas, já não há seguidores fiéis e talvez por isso as pessoas procuram nos debates alternativas ao que têm votado. Há no ar o sentimento de que os eleitores querem saber se há alternativas, querem ter liberdade de movimentos e têm receio de ficarem restringidos a uma só pessoa, a uma só entidade. A abstenção vai ser decisiva neste jogo. Quanto maior a abstenção, menor a probabilidade de concentração de votos. 

 

SEMANADA - Segundo a OMS a Ómicron pode infectar mais de metade dos europeus nas próximas semanas; desde o início da pandemia a Ordem dos Enfermeiros recebeu mais de dois mil pedidos de declarações para emigração; no Serviço Nacional de Saúde foram feitos 22 milhões de horas extra no ano passado; no início do segundo período escolar ainda há 118 horários por preencher o que afecta entre cinco a seis mil alunos e Lisboa continua a ser a zona onde há mais carência de docentes; em 2021 reformaram-se quase dois mil professores, o valor mais elevado desde desde 2013; os pedidos de vistos gold caíram 31% no ano passado; no primeiro dia de canais abertos para denúncias de abusos sexuais na igreja católica portuguesa foram validados cerca de 50 testemunhos; um estudo recente indica que Portugal é o país que vai ter a população mais envelhecida da Europa em 2050; Portugal é o terceiro país da Europa com maior dívida pública, atrás da Itália e da Grécia e é um dos países da europa com menor produtividade; nas últimas duas décadas o PIB per capita português foi ultrapassado por Malta, República Checa, Eslovénia, Lituânia, Estónia, Polónia e Hungria; o programa mais visto da semana passada foi o debate entre Catarina Martins e Rui Rio, que obteve 1,4 milhões de espectadores, mais que “Isto É Gozar Com Quem Trabalha” ou o “Big Brother”; já o debate entre Catarina Martins e António Costa teve cerca de um milhão de espectadores; em 2021 dos 233 filmes estreados comercialmente em sala, 16 foram de produção portuguesa;  o filme mais visto em Portugal em 2021 foi “007: Sem Tempo Para Morrer”, que conseguiu 435 mil espectadores; O filme português mais visto foi “Bem Bom”, de Patrícia Sequeira, sobre as Doce, com 89 mil espectadores, 

 

O ARCO DA VELHA -  Um estudo da Marktest indica que cerca de um  milhão de mulheres portuguesas diz terem feito dieta nos últimos 12 meses.

 

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VER JORGE PINHEIRO - O destaque desta semana vai para uma retrospectiva da obra de Jorge Pinheiro, agora com 90 anos, que abriu esta semana na Galeria Miguel Nabinho, com o título “Introspectivamente”. A exposição, que ficará na Galeria até 4 de Fevereiro, inclui cerca de três dezenas de obras de Jorge Pinheiro, feitas entre 1961 e 2016. Na imagem está um óleo sobre madeira, sem título, de 1969. Miguel Nabinho, o galerista, sublinha que a exposição percorre o percurso do artista na parte mais abstrata do seu trabalho, permitindo compreender a pertinência e a contemporaneidade da sua obra em cada época da sua criação. A Galeria Miguel Nabinho fica na Rua Tenente Ferreira Durão, 18B. Outras sugestões: no Porto, na Galeria Fernando Santos, até 12 de Março, “Amanhã” é o título de uma exposição, que resulta de uma conversa entre os artistas Pedro Valdez Cardoso e Nuno Sousa Vieira. Na mesma Galeria, Pedro Valdez Cardoso apresenta “Luvas Brancas”, uma exposição que integra obras que vão de 2003 a 2021, a maior parte inéditas ou nunca expostas.  A Galeria Fernando Santos fica na Rua Miguel Bombarda 526-536; e na Galeria Monumental (Campo dos Mártires da Pátria 101) Luis Brilhante apresenta “Ilhas vistas do mar parecem pinturas”, em exposição até 26 de Fevereiro. Finalmente a Ato Abstrato (Rua de São Sebastião da Pedreira) apresenta até 18 de Fevereiro a exposição “Chão”, de João Ferreira, Mário Caeiro e Thierry Ferreira.

 

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O MISTÉRIO DO DIAMANTE- No princípio era um diamante. Um diamante misteriosamente desaparecido, que estava nas mãos da família Dain Legett. O seu desaparecimento coincidiu com um outro desaparecimento, o da bela herdeira da família, Gabrielle, que assim se torna a principal suspeita. Este é o pano de fundo de uma das obras de referência de Hammett, considerado o criador do policial negro e um dos mais importantes autores do género. Nascido em 1894, morreu em 1961 e deixou uma extensa obra que vai desde os romances policiais a numerosos contos publicados em diversas revistas e argumentos para filmes. Publicado originalmente em 1929, “A Maldição dos Dain” coloca em cena um detetive privado da agência Continental, nunca tratado pelo seu nome, sempre por Continental Op, personagem nascida num conto da revista “Black Mask” de 1923. Neste livro há crimes, muitos crimes que se sucedem uns aos outros. Crimes com armas brancas, com armas de fogo, com explosivos. Há suspeitos, muitos também, que vão mudando no decorrer da história. E há o detective, de que nunca sabemos o nome, que escapa sempre a tudo. Por fim há a jovem rapariga em redor de quem tudo se passa, uma daquelas heroínas românticas, viciada em morfina, que acredita estar amaldiçoada e cuja simples existência parece ameaçar a vida de todos os que a rodeiam. Este é um clássico do livro policial - se nunca leram Dashiell Hammett esta é uma boa oportunidade de conhecerem o seu trabalho - e a tradução de Dora Reis, nesta nova reedição da histórica colecção Vampiro, é um bom pretexto para os amantes de enigmas intrincados.

 

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POP RADIO - The Weeknd, aliás Abel Tesfaye, concebeu o seu novo álbum, o quinto, como se fosse uma emissão de uma estação de rádio focada no pop de antigamente, ou retro-pop, se preferirem. “Dawn FM”, o álbum, é bem diferente do trabalho anterior, “After Hours”, editado em 2020. Enquanto este era um disco pensado para levar as pistas de dança a casa de cada ouvinte fechado no confinamento de então, “Dawn FM” tem 16 canções pop, entre ritmos e melodias, marcadas por este tempo em que vivemos, entre a pandemia e o caos que se espalhou pelo mundo. Muito bem produzido e interpretado, Abel Tesfaye fez-se acompanhar por um conjunto de notáveis: desde logo Jim Carrey que faz o papel do locutor da rádio imaginada, falando entre as canções. Mas aparecem também colaborações de nomes como Quincy Jones, o Beach Boy Bruce Johnston, Lyl Wayne ou Tyler, The Creator. Cheio de citações de tempos musicais passados é possível identificar evocações de Barry White, Prince ou Marc Bolan. Só mesmo The Weeknd podia lembrar-se de um cocktail destes. As canções, todas as 16, são boas. Mas vale a pena destacar uma balada como “Out Of Time”, o electro pop de “How Do I Make You Love Me?” ou o disco de “Take My Breath”. Não há muitos discos assim, quase perfeitos nas intenções e no resultado final.



A BELA LAMPREIA - Inesperadamente, um prazer que estava há dois anos confinado, revelou-se esta semana em todo o seu esplendor. Falo da lampreia, esse maravilhoso animal que desencadeia paixões, receios e ódios. O feliz acontecimento deu-se a convite de um bom amigo no restaurante “O Gaveto”, em Matosinhos. O ciclóstomo era de bom porte e pôde ser apreciado vivo no aquário antes de proporcionar prazer a alguns convivas. Escolheu-me a modalidade bordalesa, os pedaços de lampreia cozinhados a preceito, com arroz branco à parte, umas fatias de pão frito de lado. O Gaveto é bem conhecido pela qualidade do seu peixe e mariscos, fresquíssimos e muito bem confeccionados. Mas é também elogiado pelas especialidades sazonais que proporciona, de pratos de caça ao sável frito, passando pela caldeirada e, claro, a lampreia. O petisco começa a aparecer em meados de Janeiro, vindo do Minho e, com sorte, encontra-se até ao final de Março, início de Abril. Em 2020 e 2021 os confinamentos desses meses impediram-me de o provar, mas uma bendita viagem ao Porto levou-me até este templo, em Matosinhos.  O Gaveto fica na Rua Roberto Ivens 826 e o telefone é o 229 378 796. Para quem não gostar de lampreia há um elogiado arroz de lavagante que é também um dos ex-libris da casa. Este ano a lampreia já ninguém me tira.


DIXIT - “O Ministério da Cultura preocupa-se com o que dá nas vistas, mais do que com o que faz falta” - António Barreto.

 

BACK TO BASICS - “Dois tigres não podem partilhar a mesma montanha” - provérbio chinês.







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