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Fez nesta semana 22 anos que o mundo da música mudou. A 23 de Outubro de 2001 a Steve Jobs apresentou o primeiro iPod, um leitor de áudio em ficheiros MP3 com capacidade para mais de mil canções. Seis anos depois apresentava o iPhone, que além de telefone, tinha também um leitor de música. O iPhone era o primeiro smartphone e revolucionou a forma como comunicamos, trabalhamos e nos divertimos. Os novos aparelhos revolucionaram a indústria musical, o audiovisual, a mídia em geral. Na música abriram caminho a plataformas como o Spotify, que tornaram o streaming a forma dominante de consumo de música e, mais importante, pagavam direitos a autores, produtores, editores. A venda de CD’s caíu, o formato LP de vinyl foi ressurgindo mas toda a lógica económica do negócio da música foi alterada. Os discos deixaram de ser a primeira fonte de rendimento dos músicos e as digressões e grandes concertos passaram a ser a base da indústria. As canções, cada vez mais popularizadas em formato digital, auxiliaram uma geração de novos artistas a explodir.

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Um dos exemplos maiores é Taylor Swift que começou como cantora country e muito depressa se tornou num dos maiores fenómenos pop mundiais. O primeiro álbum data de 2006, o mais recente de 2022. Pelo caminho vendeu 200 milhões de discos de vários formatos a nível mundial, fez sete filmes baseados em concertos ao vivo e já ultrapassou os 80 mil milhões de streamings das suas canções. Mas o feito mais surpreendente está a acontecer este ano com a digressão “Eras” - 52 concertos nos Estados Unidos, totalmente esgotados, 2,6 milhões de bilhetes vendidos. No dia em que a bilheteira electrónica Ticket Master abriu houve 3,5 mil milhões de pedidos de bilhetes e o sistema  foi abaixo. Milhões de fãs não puderam comprar bilhetes . A receita total prevista para a digressão é de 1,5 mil milhões de dólares mas havia muita gente que tinha ficado sem poder ver o espectáculo. A equipa que gere a carreira de Taylor Swift pensou imediatamente em fazer um filme que pudesse ser exibido nos cinemas e que pudesse de alguma forma satisfazer a vontade dos fãs - mas Hollywood é uma máquina lenta e só estava disposta a lançar o filme em 2025. Foi aí que surgiu um golpe de génio. A produtora da cantora avançou com o filme, negociou directamente com o maior operador de salas de cinema dos Estados Unidos, a AMC, e garantiu a estreia em Outubro em quatro mil salas de cinema. Com a greve de argumentistas e actores havia falta de filmes para estrear depois dos êxitos de verão, “Barbie” e “Oppenheimer ”. A AMC viu no filme de Taylor Swift uma oportunidade de voltar a encher as salas. O sistema tradicional de distribuição de filmes através dos estúdios de Hollywood foi ultrapassado e ainda por cima a artista recebe uma margem maior que receberia no sistema tradicional. Nem sequer foi necessário uma gigantesca campanha de publicidade como é hábito nas grandes estreias de Hollywood. Taylor Swift fala directamente com os seus fãs nas redes sociais e arrastou-os autenticamente para os cinemas- só no Instagram tem 275 milhões de seguidores. O filme tem a duração de 160 minutos e foi produzido nos concertos que se realizaram em três noites de Agosto no Sofi Stadium de Los Angeles. Nos Estados Unidos, no primeiro dia de exibição, o filme fez quase 100 milhões de dólares de bilheteira, um novo recorde para estreias em Outubro. É a primeira vez que ainda durante a duração da digressão estreia um filme que espelha esses concertos. Os relatos da estreia contam que durante a exibição as pessoas se levantam, dançam e cantam em côr as canções mais conhecidas como se estivessem num concerto - do contrato que Swift fez com a AMC estava aliás explicitamente indicado que as pessoas poderiam agir assim e não tinham que ficar sentadas. O mundo da música mudou o seu modelo de negócio e agora, depois de Swift, é Beyoncé que anuncia um filme baseado na sua digressão “Rennaissance”  e que será também lançado pela AMC em Dezembro. Só por curiosidade “Taylor Swift: The Eras Tour” é já o filme mais rentável de sempre no segmento de gravações de concertos de um único artista, tendo ultrapassado “This Is It”, de Michael Jackson, que fez 103 milhões. Só para termos uma comparação, o filme 3D dos U2 obteve uma receita total de 15 milhões de dólares. 

(TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NO NOVO SEMANÁRIO)

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