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O 25 DE NOVEMBRO  - Vai para aí um grande sururu por causa do 25 de Novembro e o que a data significa. E o seu significado é simples: numa escala diferente, o 25 de Abril e o 25 de Novembro são datas que se complementam e ambas significam liberdade. A primeira porque restituíu a liberdade e abriu caminho à democracia após 48 anos de ditadura; a segunda porque evitou que essa mesma liberdade se perdesse nas mãos de uma pretensa revolução. Sendo ambas importantes têm uma relevância diferente. Se Abril foi uma festa, Novembro foi uma resistência, felizmente vitoriosa, de onde devemos tirar lições. A melhor maneira de evocar o 25 de Novembro é explicar às gerações mais novas o que aconteceu no Verão de 75, a importância do comício da Alameda em que Mário Soares deu os primeiros passos dessa resistência, o papel decisivo dos militares moderados do Grupo dos Nove, a efectiva tentativa de golpe desencadeada pelo sector mais à esquerda das Forças Armadas e que envolveu a ocupação da RTP e de quartéis. Ramalho Eanes, mais tarde Presidente da República, foi um dos militares incumbidos de travar a tentativa de golpe. Saíu vitorioso e são suas estas sensatas palavras:  “Momentos fracturantes não se comemoram, recordam-se”. Por isso, em 2024, no programa das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, faz sentido recordar tudo o que se passou no 25 de Novembro, não numa festa, mas num momento de reflexão, por forma a deixar testemunho para quem não viveu essa época. Um bom exemplo de uma maneira de mostrar o que se passou parte de uma iniciativa do Instituto +Liberdade: a exposição “Memória-Totalitarismo na Europa”, patente na Biblioteca Municipal de Sintra até 6 de Novembro, e que bem podia depois ser mostrada em Lisboa, para recordar a luta contra todo o tipo de extremismos. A exposição é uma homenagem às vítimas do nazismo, comunismo e fascismo. E é a melhor forma de agora recordar o 25 de Novembro e preparar a sua evocação nas comemorações do próximo ano. De preferência sem actos de variedades.


SEMANADA - Em 2016 António Costa anunciou 1400 milhões de euros para resolver a crise da habitação e prometeu construir 7500 casas mas ainda não há nem uma para mostrar; o Estado continua sem saber ao certo quantos imóveis devolutos tem e quantos podiam ser recuperados para habitação; o número de jovens com casa própria caíu para metade nas duas ultimas décadas;  a oferta de casas para venda caíu quase 40% numa década; em 66 concelhos os preços da habitação subiram mais de 50% no espaço de cinco anos; o poder de compra da classe média em Portugal é dos mais baixos da União Europeia e um estudo recente diz que o nível de vida em Portugal é igual ao dos países de leste; um estudo da Faculdade de Economia do Porto lançou esta semana uma questão relevante: a Roménia já terá em 2022 ultrapassado Portugal no PIB per capita, quando há 20 anos era um terço do nosso; segundo a DECO proteste marcar uma colonoscopia na maioria das entidades convencionadas com o SNS pode demorar mais de quatro meses; nove hospitais já fecharam serviços por falta de clínicos; até Agosto os médicos do SNS já tinham feito mais de 4,3 milhões de horas extraordinárias; as tentativas de homicídio subiram 45% em cinco anos; um em cada cinco homicídios acontece entre gangs.

 

O ARCO DA VELHA - Apesar da crise que por aí vai  Portugal será um dos seis co-organizadores do Mundial de Futebol , ao lado da Espanha, Marrocos, Uruguai, Argentina e Paraguai. Como sugeriu Pedro Norton é uma boa altura para ler a auditoria que o Tribunal de Contas fez ao Euro 2004 em Portugal. 

 

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DUAS EXPOSIÇÕES A NÃO PERDER - Há duas razões para ir ao MAAT e à  Central Tejo:  ver a exposição “Álbum de Família”, que mostra a extensa colecção criada por Maria da Graça Carmona e Costa na Fundação com o seu nome; e ver a exposição ”Castelo Surrealista”, que assinala o centenário do nascimento de Mário Cesariny. Estas duas exposições justificam por si só, mais que qualquer outra, uma ida ao edifício da Central Tejo e do MAAT. A exposição “Álbum de Família”, comissariada por Manuel Costa Cabral e João Pinharanda, mostra a enorme colecção de obras  que inclui  grande parte dos artistas contemporâneos portugueses, muitas vezes com trabalhos feitos em diversas épocas das suas carreiras. É de facto um álbum que permite ver a arte portuguesa das últimas décadas num conjunto que dificilmente pode ser comparado com qualquer outro. Há uma predominância do desenho, que a coleccionadora sempre seguiu com atenção e, ao mesmo tempo, um intenso programa editorial paralelo às exposições que foi organizando ao longo dos anos. “Sobre a Transformação das Nuvens” é o grande painel de entrada na exposição, criado por Pedro Calapez  precisamente com base nos catálogos e outras obras publicadas pela Fundação Carmona e Costa. A imagem que acompanha esta nota é precisamente desse painel, com um quadro, ao fundo, de Julião Sarmento, que abre a exposição (a fotografia é de Bruno Lopes, cortesia da Fundação EDP/MAAT). “Álbum de Família” fica exposto até 1 de Abril do próximo ano. No edifício do MAAT, “Castelo Surrealista” assinala simultaneamente o centenário do nascimento de Mário Cesariny e também o centenário da publicação do primeiro “Manifesto do Surrealismo”, de André Breton. “O Castelo Surrealista” nome desta exposição, inspirou-se no título de um livro que Cesariny escreveu entre Lisboa, Paris e Londres em homenagem à vida e obra de Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes. A exposição inclui obras de Cesariny  e daqueles que afectivamente elegeu para companhia ideal, apresentadas numa cenografia muito simples. O percurso recria de certa forma uma galeria imaginada, onde Cesariny expõe a coleção de obras dos que tomou como mestres ou pares, e evoca  também o próprio ambiente em que Cesariny vivia. Até 19 de Fevereiro do próximo ano, 

 

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O ENCANTO DO PIANO  - Tenho para mim que Carlos Maria Trindade é, além de músico, um escultor de sons e um arquitecto de discos. É longo o seu percurso enquanto músico e produtor.  Tocou órgão e teclas em grupos como Corpo Diplomático, Heróis do Mar, Madredeus e No Data. Foi produtor de nomes como Delfins, Rádio Macau, Xutos e Pontapés, António Variações e Santos e Pecadores, entre outros. Trabalhou com Nuno Canavarro, foi responsável pelo catálogo nacional da Polygram/Universal, onde lançou artistas como Paulo Bragança, Pedro Abrunhosa, Quinta do Bill ou Repórter Estrábico, além de ter feito vários discos a solo. Começou por estudar piano clássico e as teclas marcam todo o seu percurso. Agora regressa às origens com “Vitral Submerso”, trabalho que vem desenvolvendo em piano solo desde 2018, quando recuperou para o seu estúdio o piano Grotrian-Steinweg quarto de cauda, fabricado em 1920 e comprado para ele pelo pai quando tinha apenas 5 anos. Carlos Maria Trindade recorda que desde o dia em que recuperou o seu piano, começou a compor para ele, depois de décadas de teclados electrónicos e sintetizadores, numa espécie de regresso às origens. “O resultado dessa aventura solitária - afirma o músico - está no som destas peças, que vagueiam numa espécie de neoclassicismo assumido, fruto de sentimentos variados e de uma vida musical já bastante longa.” O disco, disponível em CD, LP e em streaming, tem nove composições de Carlos Maria Trindade, todas em piano solo e é uma boa surpresa. Dia 21 de Novembro vai apresentá-lo, ao vivo, no Teatro de S. Luiz, no Misty Festival. 

 

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O AMOR - Todas as estações do ano são boas para amar mas cá para mim o outono é bom para fazer crescer uma paixão. Há muitos livros sobre o Amor e o seu mistério mas um dos mais arrebatadores  é a “Arte de Amar”, de Ovídio, nascido 43 anos antes de Cristo, em Itália. Uma nova edição deste clássico foi agora lançada, em versão bilingue, latim e português, traduzida e preparada por Carlos Ascenso André,um professor de línguas e literaturas clássicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Na introdução que escreveu para esta edição, Carlos Ascenso André sublinha que para os poetas do Amor dos anos finais da República, em Roma, o amor era a “incarnação verdadeira da espontaneidade mais genuína”. Ovídio, contemporâneo de Virgílio e Horácio, foi um dos fundadores da tradição poética ocidental. Assume-se como  mestre experimentado no amor e, por isso mesmo, senhor de especiais competências para industriar nas suas lides. “Arte de Amar” é um conjunto de poemas (três livros, os dois primeiros dirigidos aos homens e o terceiro às mulheres) sobre como seduzir e manter a amada ou como conquistar e atrair os homens, tratando também do amor extraconjugal, da beleza, da dominação e da liberdade do prazer e do pudor, da lascívia e da obscenidade do amor. E Ovídio deixa uma advertência: «Não existe uma receita universal nem um só método serve para todas.» Edição Quetzal.

 

OVAS - “Ó senhor Fonseca, então como estavam as lulas? “ pergunta a dona de casa ao patrão do marido, convidado para jantar em sua casa. E ele responde: ”um Pitéu!”. Este diálogo é saído de uma das mais divertidas campanhas de publicidade portuguesa no início da televisão e, claro , propagandeava a qualidade das lulas recheadas da marca Pitéu, que ainda hoje existem. Mas não é de lulas que vou aqui falar hoje e sim de conservas algo diferentes do habitual. Conservas de ovas. Não confundam por favor com patés e outros derivados. Estou a falar mesmo de conservas de ovas de várias espécies de peixe, cozidas e depois enlatadas em azeite de qualidade. A Nevis é uma marca algarvia que trabalha bem este segmento da indústria conserveira. As suas latas de ovas de bacalhau e de ovas de cavala são produtos de muito boa qualidade. As de bacalhau são uma boa base para uma salada, já as de cavala puxam uma fatia de pão  suculento num lanche. E deixo para o fim as melhores de todas, ovas de sardinha. Experimentem-nas em torradas de bom pão, em fatias finas, e acompanhem-nas por um espumante bruto. Não se vão arrepender. E não se surpreendam que o preço de cada lata seja bem acima das conservas vulgares: já imaginaram o trabalho que dá encher uma lata com ovas de cavala ou de sardinha? Bom apetite.

 

DIXIT - “O que os socialistas estão fazendo é inaceitável. Eles querem separar o que sabem ser contínuo. O 25 de Abril iniciou, o 25 de Novembro salvou e as eleições fundaram” - António Barreto

 

BACK TO BASICS - “Não abandone as suas ilusões. Quando elas desaparecerem pode ainda existir, mas na realidade deixou de viver” - Mark Twain.




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