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PAISAGEM POLÍTICA - Em 2025 vamos ter as pré-eleições presidenciais e as eleições autárquicas. Ambas vão disputar-se num cenário demográfico, sociológico e mediático bem diverso das anteriores. As eleições para a Presidência da República de Janeiro de 2026, realizam-se uma década depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter sido eleito para o cargo pela primeira vez. Em dez anos muito se modificou no país (e no mundo), os hábitos de consumo de informação alteraram-se completamente e a população portuguesa mudou de forma considerável: a idade média aumentou, a emigração de portugueses em idade activa tem vindo a crescer e anda agora entre 70 a 75 mil que abandonam o país por ano, em seis anos o número de estrangeiros em Portugal duplicou e ultrapassa já o milhão de pessoas. A utilização da internet por pessoas com mais de 64 anos duplicou desde 2019 e, segundo a Pordata, Portugal já tem mais de 2,5 milhões de pessoas acima dos 65 anos, ou seja 25% da população. Tudo isto obriga a repensar o discurso dos políticos e as formas como querem contactar os eleitores. Vejam isto: as pessoas nascidas na segunda metade da década de oitenta viveram sempre com telefones móveis; as pessoas nascidas no início deste século cresceram ao mesmo tempo que as redes sociais e as que nasceram nos últimos dez anos estão a crescer ao mesmo tempo que a utilização de Inteligência Artificial se torna comum. Se acrescentarmos a todos estes indicadores a alteração na paisagem política, com a presença parlamentar do Chega, Livre e Pan, com o crescimento dos extremos à direita e à esquerda e o desaparecimento do centro-esquerda, temos uma situação em que é imprevisível o que poderá acontecer. Sabemos que vai existir um número elevado de candidatos às Presidenciais e a probabilidade de ser necessária uma segunda volta é enorme - a dúvida está em saber quem nessa segunda volta apoia qual dos dois candidatos finais. E tudo isto é baralhado pelo destrambelhamento da classe política. Como João Miguel Tavares bem afirmou, com as presidenciais à vista Gouveia e Melo livrou-se de constrangimentos do cargo que ocupava, mas Centeno e Marques Mendes continuam a usar os lugares que têm, um no Banco de Portugal e outro como comentador numa estação de televisão, para irem fazendo as suas pré-campanhas. Depois admirem-se que muita gente deseje o Almirante - a ética dos outros é invisível e a paisagem é desoladora.
SEMANADA - Em 2024 morreram 261 bebés abaixo de um ano de idade, o maior número desde 2019; um especialista de saúde pública indica que acesso desigual a cuidados de saúde e gravidezes mal vigiadas são razões para este aumento; um estudo recente indica que mais de 13% dos moradores de Lisboa está sujeito a ruído automóvel excessivo; nas autoestradas portuguesas, durante 2024 e até ao final de setembro, circularam em média 22.967 carros por dia, o valor mais elevado de sempre; o Tribunal de Contas chumbou a compra pelo Instituto Português de Oncologia de medicamentos essenciais para doentes com cancro; um terço dos alunos com necessidades específicas não tem acesso a todos os apoios previstos; o dia 23 de dezembro de 2024 registou o maior volume de compras realizado na época natalícia, ultrapassando as 10 milhões de transações e o MB Way teve um crescimento de 43% no número de compras face ao período homólogo de 2023; na recente época natalícia, nas compras realizadas entre 1 e 24 de Dezembro o ano de 2024 terminou com um novo recorde de reclamações no Portal da Queixa, onde os consumidores registaram mais de 220 mil ocorrências, representando um aumento de 10.7%, face a 2023; no terceiro trimestre de 2024, foram participadas às autoridades 8415 casos de violência doméstica; numa década o número de testamentos registados cresceu 44% e só em 2024 foram feitos mais de 32 mil; em treze anos,o número de interessados em ingressar na PSP ou na GNR baixou mais de 70%; um em cada dez carros novos eléctricos comprados em Portugal em 2024 é de origem chinesa.
O ARCO DA VELHA - A produtividade por hora trabalhada em Portugal é quase 30% inferior à média da UE.
170 ANOS DE ARTE PORTUGUESA - No Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (Rua Serpa Pinto 4) a nova exposição de longa duração “Impressões Digitais” apresenta cerca de 200 obras das cinco mil presentes na colecção do MNAC, num percurso ao longo de 170 anos da história da arte portuguesa em pintura, desenho, gravura, fotografia, escultura, instalação e vídeo. Com curadoria de Ana Guimarães, Emília Ferreira (que dirige o MNAC), Maria de Aires Silveira e Tiago Beirão Veiga, a exposição é composta por obras desde o naturalismo do final do século XIX, passando pelo modernismo, até às expressões artísticas atuais. A exposição também inclui obras da coleção Millennium bcp e novas aquisições, doações e legados de artistas contemporâneos. “Impressões Digitais”, que ficará patente durante todo este ano, permite explorar a evolução artística e cultural do país através de um dos mais importantes acervos nacionais. Para a directora do Museu e uma das curadoras da exposição, Emília Ferreira, “a relação que se estabelece entre estes trabalhos, articulando linguagens e épocas, é assumida como um modo de criar interferências”, sublinhando que “essa é outra forma de aumentar o sentido das obras e manter vivo o legado do MNAC”, que “constitui um legado ímpar, histórico e emotivo, de algum modo tão identitário como as nossas impressões digitais”.
ROTEIRO - Sábado dia 11 inaugura pelas 16h00 na Galeria Narrativa ( Rua Dr. Gama Barros 60, Lisboa) a exposição de fotografia “Viagens na Minha Terra”, de Augusto Brázio, um dos mais importantes fotógrafos portugueses contemporâneos (na imagem). Esta exposição remete para a obra homónima de Almeida Garrett e, tal como o livro, as imagens destas viagens de Augusto Brázio surgem como uma leitura dos locais e pessoas que o Brázio foi encontrando e têm estado a ser publicadas desde 2015 em fascículos de edição de autor. Na Galeria Monumental (Campo dos Mártires da Pátria 101) inaugura no mesmo dia uma exposição de trabalhos da escritora Luísa Costa Gomes intitulada “A Outra Coisa”, que fica patente até 8 de Fevereiro, com cerca de duas dezenas de obras de pintura em pastel de óleo sobre papel. Na Casa da Cultura de Setúbal, a partir de dia 11 e até 3 de Março, Miguel Navas apresenta uma série de pinturas sob o título “Paredes Meias”. Na Galeria Diferença (Rua São Filipe Neri 42) duas novas exposições que ficam patentes até 5 de Fevereiro:”Day In, Day Out” de João Campolargo Teixeira e “Enrolar Alguém no Dedo Mindinho”, de Diana Barbosa Gil. E na galeria braçoperna44 (rua das Fontainhas 44), Luís Nobre apresenta uma série de novas pinturas sob o título “do outro lado”.
O MISTÉRIO DO MACHADO - Pode a hipnose ajudar a resolver um crime e auxiliar a investigação policial? A questão já tinha surgido num dos romances assinados por Lars Kepler. Joona Linna, o polícia que é a figura central destes mistérios suecos, tinha recorrido anteriormente a Erik Barke, um médico que praticava hipnose nos seus doentes, logo no primeiro livro que protagoniza, “O Hipnotista”. Agora, confrontado com um misterioso assassino que despacha as suas vítimas à machadada, Joona recorre de novo a Erik em “O Sonâmbulo”, o décimo livro sobre este detective, assinado por Lars Kepler, pseudónimo de uma dupla de marido e mulher, Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril . Tudo começa quando a meio da noite é emitido um alerta sobre um assalto em curso no parque de campismo de Bredäng, nos arredores de Estocolmo. Apesar de o parque estar encerrado durante o inverno, há luz numa das autocaravanas e ao abrirem a porta os agentes descobrem uma pessoa brutalmente assassinada e esquartejada com um machado. No chão de um dos quartos, um jovem dorme, usando um braço decepado como almofada, Hugo Sand, de dezassete anos, filho de um conhecido escritor. Mas Hugo sofre de uma forma rara de sonambulismo e, por isso, tanto pode ser o criminoso como uma testemunha e alega não ter qualquer recordação daquela noite. Joona Linna, a quem cabe investigar o caso, contacta Erik Bark para, com recurso à hipnose, tentar descobrir o que aconteceu no interior da autocaravana. Este torna-se o tiro de partida para uma complicada perseguição a um temível assassino em série, com muitos suspeitos investigados e um final inesperado. Mais não digo - descubram a solução lendo “O Sonâmbulo”, edição Porto Editora.
BEETHOVEN VERSÃO BLUES - Este disco vai dar muita polémica: os ortodoxos de Beethoven vão juntar-se com os ortodoxos do jazz para, juntos, arrasarem o novo disco de Jon Batiste, pianista, compositor e cantor norte-americano que tem feito a sua carreira no jazz, depois de ter estudado música clássica e piano desde muito novo. Quando começou a tocar em alguns bares de Nova Orleans, Jon Batiste fazia frequentemente uma fusão de obras de Chopin e Bach com as suas próprias composições, inspiradas no jazz que o cercava também desde miúdo. “Beethoven Blues”, o novo disco, é um regresso às suas raízes clássicas e, entre as onze faixas incluídas, encontramos improvisações sobre composições de Beethoven como “Fur Elise”, a Quinta Sinfonia ou o “Hino da Alegria” e também temas compostos por Batiste, como “Dusklight Movement” e “Life of Ludwig.” O disco, "Beethoven Blues", foi gravado em dia e meio na casa do músico em Brooklin e, numa entrevista recente ao New York Times, Jon Batiste defendeu que a música de Beethoven tem pontos de contato com ritmos africanos e atacou aqueles que pretendem colocar a música clássica “numa redoma elitista”. “Beethoven Blues” foi editado pela Verve e está disponível nas plataformas de streaming.
ASSIM É QUE É! - Em Barcelona quem fôr apanhado, a partir de 1 de fevereiro, a conduzir uma trotinete eléctrica no passeio ou sem capacete terá uma multa de 500 euros, uma medida das autoridades locais para combater comportamentos impróprios relacionados com a crescente utilização de trotinetas de aluguer naquela cidade.
DIXIT - “Esta situação de degradação dos serviços públicos e de desprotecção dos cidadãos deve-se aos dois partidos que asseguraram o Governo durante as últimas três décadas. PS com 22 anos de Governo e PSD com oito (...) desperdiçaram tempo e dinheiro” - António Barreto
BACK TO BASICS - “À medida que fico mais velho ligo menos atenção ao que as pessoas dizem e mais ao que elas fazem” - Andrew Carnegie
A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE NEGÓCIOS
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