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A DIFICULDADE DA ESCOLHA Na semana passada o secretário-geral do PSD e seu líder parlamentar, Hugo Soares, afirmou numa entrevista que, se fosse eleitor nos Estados Unidos, teria muita dificuldade em escolher entre Trump ou a candidata do Partido Democrata. Apesar de dizer que discorda da forma de estar e de fazer política de Donald Trump este destacado dirigente do PSD deixa implícito que admitiria poder votar nele. Ou seja, o homem que gere o PSD e dirige a sua actuação no Parlamento, admite poder considerar votar num político que fomentou uma tentativa de subverter os resultados eleitorais e de não aceitar a sua derrota nas urnas, um político sem escrúpulos que impulsionou a invasão do Capitólio e que tem acusações graves contra si na vida empresarial e política. Mudemos a linha de observação para a América do Sul, para a Venezuela, dirigida por Nicolas Maduro, um político que, tal como Trump, entende que é seu direito manipular as eleições e destratar os seus opositores políticos. Quando o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, como há poucos dias aconteceu, defende calorosamente Maduro, as pessoas que acreditam que a democracia não deve ser uma farsa, indignam-se com razão. São muitas as vozes a criticar o que se passou nas eleições venezuelanas e a forma como o Maduro actua. Mas não ouvi ninguém do PSD, ou do seu  aliado CDS, indignar-se com a tolerância trumpista de Hugo Soares, que creio não ter sido apenas um lapso, mas resultado da boçalidade e indigência mental que grassa em boa parte da classe política portuguesa. Ficamos assim a saber que há dois secretários-gerais de partidos portugueses, no PCP e no PSD, que toleram políticos que fazem da democracia uma triste farsa e que entendem que fazer batota eleitoral, mentir despudoradamente e insultar quem se lhes opõe, é admissível. No fundo acham que Maduro e Trump são seres politicamente toleráveis. É por estas e por outras que muita gente tem dificuldade em aceitar a bondade das intenções do PSD. Hugo Soares apenas resolveu ser ele o porta estandarte do pior que o actual PSD tem para oferecer. Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és…

 

SEMANADA - Após a insolvência da Inapa o Ministério das Finanças afastou a administração da Parpública invocando falta de prestação de  informação atempada à tutela; em dois anos o peso dos juros na prestação da casa mais que triplicou; este ano, em 2024, até final de Julho, já se registaram 75 mortes por afogamento em Portugal continental, o número mais elevado dos ultimos cinco anos, e a maioria das vítimas são homens entre os 20 e os 24 anos; mais de três mil pessoas mudaram de sexo no registo civil desde 2011; Lisboa é a terceira cidade da Europa que vai abrir mais hotéis, estando previstas 36 novas unidades com um total de 4425 quartos; nas últimas duas semanas houve mais 115 voos nocturnos que o permitido; no mês de Julho registaram-se 13 partos em ambulâncias; nos últimos dois anos e meio a GNR registou mais de 5200 crimes de violência contra idosos; este ano a GNR recebeu 32 queixas e identificou 39 pessoas por agressões a professores, quase o dobro do ano passado; o Estado Central tem 645 entidades: 172 empresas públicas, 223 institutos, fundações e fundos autónomos, 134 comissões e unidades técnicas, 70 órgãos consultivos e equipas de missão e 46 direções gerais; a reforma do sistema eleitoral é considerada por 95% dos jovens, inquiridos num estudo do ISCSP, como a medida fundamental para combater a abstenção entre os mais novos.

 

O ARCO DA VELHA - As listas de espera do SNS para cirurgia tinham, em Julho, mais 16 990 doentes que no mesmo período do ano passado, 74 mil doentes estão à espera de cirurgia acima do tempo previsto por lei e há quase 8000 doentes oncológicos à espera de uma cirurgia.

 

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TRADIÇÕES - Na Travessa do Rosário nº16 fica  o espaço Made In Situ que se tem dedicado a mostrar peças contemporâneas baseadas na tradição portuguesa e em materiais nacionais, interpretadas pelo fundador da galeria, o designer Noé Duchaufour-Lawrance. A arte de talhar madeira para as máscaras dos Caretos transmontanos é a proposta que actualmente pode ser lá vista. As máscaras foram a base de inspiração para que Noé Duchaufour-Lawrance, tenha, em conjunto com artesãos locais, criado sete bancos decorativos que evocam as máscaras dos caretos. Os bancos coexistem no espaço da In Situ com as fotografias feitas por Charles Féger sobre a tradição dos Caretos, inserida na sua série Wilder Mann. Pode também ser visto um curto filme sobre a celebração dos Caretos, uma festividade tradicional de Trás-Os-Montes que tem nas aldeias de Vila Boa de Ousilhão, Lazarim e Podence os locais onde subsistem com maior força. Anteriormente Noé Duchaufour-Lawrance, já criou projectos baseados na tradição do barro negro de Soenga , na cortiça e em azulejos portugueses. A exposição “Caretos” na In Situ  pode ser vista até 28 de Setembro, de segunda a sexta, entre as 10 e as 18H.

 

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ROTEIRO -  Esta semana proponho algumas exposições que estão nos Museus Nacionais. Começo pelo Porto, no Museu Soares dos Reis onde, até dia 30, ainda pode ver a exposição “Entre a Luz e a Escuridão. A luta pela Liberdade”, com trabalhos fotográficos dos ucranianos Kostiantyn, Vlada Liberov (na imagem) e Yurko Dyachyshyn.  As fotografias foram publicadas em diversos meios, como The New York Times, Los Angeles Times, The Wall Street Journal, The Insider e The Independent. Uma das fotografias da dupla Kostiantyn - Vlada Liberov foi selecionada pela revista Time como uma das 100 melhores fotografias de 2022. Um pouco mais acima, em Lamego, o Museu local, no âmbito da Bienal de fotografia de Lamego e Vale do Varosa, apresenta até 28 de Outubro os trabalhos de José Zagallo Ilharco, nascido em 1860 e falecido em 1910. Com o título “Paisagem”, a mostra apresenta uma selecção dos seus melhores trabalhos que foram reunidos, a título póstumo, pelo filho em dois volumes editados em 1947  com cerca de duas centenas de fotografias. Zilharco dedicou-se especialmente à fotografia de paisagem, com enfoque em Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto, Lamego, Guarda e Penafiel.  E em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Antiga, até 19 de Setembro,  poderá ver a exposição “Camões e os Românticos”. Com curadoria de Alexandra Markl e Raquel Henriques da Silva a exposição agrupa um conjunto de obras que consagram o arranque do romantismo na arte portuguesa e recorda como Vieira Portuense em composições  para uma edição dos Lusíadas,  Domingos Bomtempo na música, Almeida Garrett num poema e Domingos Sequeira em pintura marcaram o arranque do romantismo na arte portuguesa.

 

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A HISTÓRIA DO MARQUÊS - Nesta semana, que se iniciou com com um sismo, trago um romance que começa com a descrição do dia do grande terramoto de Lisboa, que ocorreu a 1 de Novembro de 1755. O livro, cuja acção começa nesse dia, conta a história da vida do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, até à sua morte, “de moléstia e muitos trabalhos”, em Maio de 1782. “El-rei, Nosso Senhor, Sebastião José” é o título deste romance histórico de Ana Cristina Silva e, ao longo das suas páginas, revela as intenções e motivações pessoais e políticas deste homem que, 242 anos após a sua morte, permanece uma figura polémica e rodeada de enigmas. Na realidade, quantas vezes se tem a oportunidade de mudar um país e ao mesmo tempo derrubar os inimigos? Amado por uns, odiado por outros, considerado um visionário que transformou Lisboa e o Reino pelos que admiram a sua obra e um cruel carrasco pelos que perseguiu, o Marquês do Pombal foi protagonista de um jogo político de alto nível numa das mais importantes épocas da história portuguesa. O romance relata as memórias e as humilhações de Sebastião José antes e depois da sua ascensão ao poder, a forma como enfrentou os inimigos e os venceu, mas também o casamento, o nascimento dos seus filhos, sem esquecer os gritos suplicantes dos condenados pela ambição ou capricho do Marquês. Esta é uma história de vontade de vencer, paixão e traição desde a glória da vitória até à decadência do fim, ancorada nos factos históricos estabelecidos. A autora, Ana Cristina Silva é professora universitária no ISPA e já publicou 16 romances e um livro de contos. O novo livro, “El-rei, Nosso Senhor, Sebastião José” foi agora publicado pela Bertrand Editora.

 

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UM QUASE QUARTETO - O novo disco do pianista italiano de jazz Giovanni Guidi tem uma novidade: em quatro das sete faixas surge a presença de um quarto músico que se junta ao trio que há mais de uma década trabalha em conjunto - Guidi no piano, Thomas Gordon no baixo e João Lobo na bateria. O quarto elemento é o saxofonista James Brandon Lewis. O trio de Guidi estreou-se em 2013 com o disco “City Of Broken Dreams” mas não é a primeira vez que Guidi traz mais músicos para o acompanhar. Em 2019, no álbum “Avec Le Temps” convidou o saxofonista Francesco Bearzatti e o guitarrista Roberto Cecchetto. Giovanni Guidi vai assim, com base na formação original, procurando expandir o seu território sonoro e neste disco isso é bem audível. As faixas que têm a participação do saxofone de Lewis mostram um caminho diferente das que o trio interpreta na sua forma mais contida. Dos sete temas apenas um não é um original de Guidi - trata-se de uma versão, irresistível aliás, de “My Funny Valentine”, o clássico da dupla Rodgers & Hart. E o ponto alto da participação de Lewis é em "Luigi (The Boy Who Lost His Name)". "New Day" está disponível nas plataformas de streaming.

 

WEEKEND - Qualquer altura é boa para ir ao Cinema Ideal, perto do Camões, a minha sala preferida, obviamente sem pipocas, com boa distância entre cadeiras e sempre óptimos filmes. O Ideal faz dez anos e para assinalar a data estreia o documentário “Verdade ou Consequência”, de Sofia Marques com Luís Miguel Cintra. Se for a Madrid pode ver até 20 de Outubro, no Centro de Cultura Contemporânea Condeduque, a exposição “Madrid, Chica Almodóvar,” sobre a ligação do cineasta à cidade. E se forem ao Reino Unido e passarem por Liverpool não deixem de ir à Catedral ver um conjunto de trabalhos de Anish Kapoor que ali são mostrados até 15 de Setembro.

 

DIXIT - “Na melhor tradição republicana, o PSD e o PS estão a arranjar lenha para se queimar. Alimentam populismos e protestos. Estão a ajudar a crise em vez de tratar dela” - António Barreto

 

BACK TO BASICS - “A virtude é sufocada pela ambição - William Shakespeare.

 

A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS



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