Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



R0001468.jpg

OS NOVOS HÁBITOS TELEVISIVOS - Nas últimas semanas muito se falou dos canais generalistas de televisão - o público, RTP e os privados, SIC e TVI. Estes canais, em média ao longo do corrente ano, cativam apenas 41,3% dos espectadores de televisão - os outros 58,7% são divididos entre quem prefere ver os canais de cabo (cerca de 41%) e as plataformas de streaming (cerca de 17%). Os hábitos de visionamento de televisão mudaram, e muito, nos últimos anos. Comecemos pelos números da ANACOM. No fim de junho, existia um total de 4,6 milhões de assinantes de serviços de TV paga, mais 86 mil do que no período homólogo do ano anterior e a penetração deste serviço atinge agora 96 por cada 100 famílias, quase todo o universo. Ainda segundo a ANACOM, no final do segundo trimestre de 2024, a fibra ótica (FTTH/B) representava 65,2% do total de assinantes, num total de 3 milhões (cresceu 6,3% face ao período homólogo), seguindo-se a TV por cabo (26,3%), a TV via satélite - DTH (6,8%) e o ADSL (1,7%). Este dado sobre o aumento da penetração da fibra óptica é particularmente relevante porque esta tecnologia permite as melhores condições de visionamento das plataformas de streaming, cuja penetração tem vindo a aumentar. Um outro estudo, o Barómetro de Streaming da Marktest, dá-nos um retrato do país nesta matéria e permite observar melhor as preferências dos espectadores. O estudo incide sobre o período de Janeiro a Abril deste ano e mostra que 51% dos inquiridos utilizam plataformas de streaming. Na área do entretenimento as mais vistas são a Netflix e a Disney+, seguidas da Prime Video, Max, Opto, Apple TV, Globo Play e Sky Showtime. A Netflix chegou a Portugal a 21 de Outubro de 2015. Nestes nove anos tudo mudou na forma de ver TV.

 

SEMANADA - Um estudo do Instituto +Liberdade tem algumas conclusões relevantes sobre a carga fiscal em Portugal, aqui ficam alguma: o sistema fiscal português é o sexto mais complexo da União Europeia e entre os 38 países da OCDE, Portugal é o penúltimo em termos de competitividade fiscal para as empresas; Portugal é o terceiro país europeu onde as empresas necessitam em média de mais horas para cumprir as suas obrigações fiscais - cerca de 63 horas; Portugal é o terceiro país da União Europeia onde são necessários em média mais dias para a resolução de processos administrativos na 1ª instância, 792 dias, quase o dobro da média da UE; Portugal tem a taxa estatutária máxima mais elevada entre os países europeus da OCDE e somando a taxa normal de IRC de 21% às derramas municipais e estadual as empresas podem ficar sujeitas a uma taxa máxima de IRC de 31,5%; a derrama estadual foi introduzida com carácter excepcional e temporário num contexto de debilidade das contas públicas em 2010 mas nunca foi abolida;  em 2022, entre os países europeus da OCDE Portugal era o país que apresentava a maior taxa efectiva de IRC, acima de 28%.


ARCO DA VELHA - Pedro Nuno Santos recomendou que os militantes do PS não se pronunciassem publicamente de forma diferente da sua posição sobre a  votação do Orçamento, uma espécie de lei da rolha para o interior do PS.

 

4f4bbfc6-7805-430a-abf4-6c3cbc0a0d99.jpg

A COMUNICAÇÃO NA ARTE  - Uma das mais importantes exposições que actualmente se podem ver em Lisboa é  “Tributo a Lawrence Weiner: I've Always Loved Jezebel', patente na galeria  Cristina Guerra Contemporary Art (Rua de Santo António à Estrela 33) até 9 de Novembro. Com curadoria de Thiago Tannous são expostas três dezenas de obras de Weiner em diferentes suportes como livros, discos, esculturas textuais, vídeos e outros materiais. O ponto de partida é a colecção moraes barbosa, que tem uma grande diversidade de trabalhos de Lawrence Wiener. Dado interessante, a colecção moraes barbosa tem em curso um projecto com a Universidade de São Paulo dedicado ao estudo da arte e inteligência artificial. Nos trabalhos de Lawrence Weiner as letras, as palavras e os textos são o principal material, que reproduz em diversos suportes, num jogo de formas e cores - esculturas textuais, como sublinha Thiago Tannous, fazendo notar que “a mesma frase, em diferentes contextos, pode ser compreendida de formas distintas”. No fundo a exposição explora o mistério da comunicação humana. Weiner, que morreu em 2021, já teve várias exposições nesta mesma galeria: “Towards the end of the beginning” (2002), “With all due intent”/”Com toda a intenção” (2004), “Poignant Adaptation” (2010), “Crisscrossed” (2014) e  “Around the world”/”Volta ao mundo” (2021). A primeira vez que foi exposto em Lisboa aconteceu em 1999, no Centro Cultural de Belém, em conjunto com Julião Sarmento e John Baldessari.

 

IMG_0643.jpg

ROTEIRO - O destaque desta semana vai para “Telúricos”, de Manuel Aja Espil, na Galeria Balcony (Rua Coronel Bento Roma12A) até meados de Novembro. Manuel Aja Espil é um pintor argentino e esta exposição (na imagem) é a primeira apresentação da sua obra em Portugal. Na Balcony apresenta imagens do seu país, oito quadros a óleo, que mostram paisagens da Patagónia e das pampas perto de Buenos Aires. A desolação e a força transmitida por estas imagens  são a razão do título “Telúricos”. Ainda em Lisboa, na galeria White Cube (Rua da Emenda 72) António Faria apresenta uma série de obras intitulada “Flores Delicadas Que Não Têm Medo da Morte” e que inclui  mais de 30 trabalhos inéditos de desenho, escultura e vídeo-instalação. Passando à fotografia destaque para “Tudo Acontece Por Uma Razão”, de Augusto Brázio, exposição integrada nos Encontros da Imagem, em Braga, na Casa Rolão. E na Chamusca, dias 19 e 20 de Outubro, decorre o Analógica- Festival de Fotografia, com exposições na Biblioteca e Galerias Municipais e actividades em diversos locais. Pode consultar o programa em analogica.pt . A terminar regista-se a chegada a Lisboa, depois de S. Paulo e Porto, da Kubikgallery, pela mão do seu fundador  João Azinheiro. A exposição inaugural é a colectiva  “Ação à Distância”, com curadoria de Luísa Duarte e Bernardo José de Souza com obras de 17 artistas. A Kubikgallery fica na Calçada de D. Gastão 4, Porta 45.

 

image-10.png

APRENDER COM AS RUÍNAS - Escritor, editor  e jornalista, Paul Cooper criou em 2019 o podcast “Fall Of Civilizations”, que já ultrapassou 100 milhões de downloads. A partir do material que foi investigando e escrevendo para o seu podcast (disponível nas várias plataformas de streaming), Paul Cooper escreveu o livro “A Queda das Civilizações: Histórias de Grandeza e Declínio”, originalmente publicado em abril deste ano e agora editado em Portugal. Com base numa minuciosa investigação, Paul Cooper criou uma narrativa que parte do mundo antigo dos Sumérios ou Cartago, passa depois por civilizações como os Maias ou Bizâncio e termina nos Astecas e Incas e termina na Ilha da Páscoa e seus mistérios. O autor  leva o leitor a viajar por séculos e lugares onde ocorreu um abandono significativo de centros populacionais, em que o tecido social se desintegrou, cidades inteiras foram deixadas vazias e edifícios caíram em desuso e degradação. Ao longo de 460 páginas visita civilizações e mostra o dia a dia dos impérios que tiveram o seu apogeu e depois colapsaram. Com a ajuda de mapas, ilustrações, fotografias  e outros documentos, Cooper combina a sua observação enquanto historiador com a criatividade de um romancista. Cooper termina esta sua obra num epílogo que ficciona  o destino que na sua imaginação nos aguarda: os nossos automóveis obsoletos à beira da estrada, paisagens sem fim de prédios colossais. Ao mesmo tempo sublinha que nem tudo acaba de forma apocalíptica e que é possível aprender com os erros do passado e ensinar às gerações presentes como reedificar as nossas sociedades. Não deixa de ser curioso que a tese de doutoramento de Paul Cooper tenha sido sobre o significado cultural e literário das ruínas e talvez por isso ele deixa este recado: «Todas as ruínas presentes neste livro deveriam ser entendidas como um alerta e um desafio: não tomem nada como certo.». Edição Ideias de Ler.

 

image-9.png

MÚSICA DESTE TEMPO - O trompetista israelita Avishai Cohen voltou a reunir o seu quarteto para um novo disco, “Ashes To Gold”, o 13º da sua carreira. Considerado um dos mais importantes músicos de jazz contemporâneos, Cohen é acompanhado por Yonathan Avishai no piano, Barak Mori no baixo e Ziv Ravitz na bateria. O disco foi escrito, ensaiado e gravado a seguir ao ataque do Hamas a Israel em 7 de Outubro de 2023 e a nova música que surge neste álbum reflecte o espírito do tempo. Concebido como uma suite em cinco partes este novo trabalho de Cohen explora menos a improvisação do que em trabalhos anteriores e mostra como os quatro músicos estabelecem um diálogo musicalmente muito criativo, por vezes muito emocional, expressando sentimentos que vão da raiva ao terror e ao desapontamento e, como sublinha Avishai Cohen, “um profundo desejo de paz”. Um pouco em contraste com a carga emocional das cinco partes da suite, Cohen inclui dois temas finais, um deles a sua interpretação do concerto para piano em sol maior de Ravel e o outro, “The Seventh” uma melódica e envolvente composição da filha do trompetista, Amalia, e que proporciona um fim  tranquilo a um disco que tem alguns momentos intensos. A crítica tem referido que este é talvez o melhor disco de Avishai Cohen. Disponível em streaming.

 

WEEKEND - Esta semana três sugestões noutras tantas cidades e países. Comecemos por Nova Iorque, se lá fôr nos próximos tempos não perca no Metropolitan Museum of Art da quinta avenida a exposição “Sienna - The Rising of Painting 1300-1350” que até 26 de janeiro apresenta 100 obras de pintores que marcaram o início do Renascimento italiano, todos da região de Siena. Em Londres o destaque vai para a exposição “Human Presence”, que na National Portrait Gallery apresenta até 19 de janeiro 50 trabalhos de Francis Bacon, posteriores a 1940 e que mostram como criou outra forma de pintar retratos. Por fim, em Paris, na Fondation Louis Vuitton está patente  até 24 de Fevereiro a exposição “Pop Forever, Tom Wesselman &...”, uma mostra dedicada à Pop Art, centrada em torno da obra de Tom Wesselmann (1931-2004) e que mostra 150 obras suas e outras 70 de 35 artistas de diferentes gerações e nacionalidades.

 

DIXIT - “A política e os assuntos de Estado não podem ser governados por estados de espírito” - Carlos Rodrigues, Correio da Manhã.

 

BACK TO BASICS - “Quando pedimos conselhos, estamos muitas vezes à procura de cumplicidade” - Marquis de La Grange

 

A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS




 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:00



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D
  274. 2003
  275. J
  276. F
  277. M
  278. A
  279. M
  280. J
  281. J
  282. A
  283. S
  284. O
  285. N
  286. D